Atualizada às 20h11
Os advogados da coligação “O Brasil Pode Mais” (PSDB, DEM, PPS, PTB, PMN e PT do B), do presidenciável José Serra (PSDB), protocolaram na noite desta quarta-feira (1º), no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), uma ação de investigação judicial-eleitoral para apurar o envolvimento da coligação “Para o Brasil Seguir Mudando”, da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT), no vazamento de dados sigilosos da Receita Federal de aliados do tucano.
Além de Dilma, a coligação pede a investigação dos jornalistas Amaury Ribeiro Júnior e Luiz Lanzetta, que estariam envolvidos na elaboração de um suposto dossiê contra os tucanos, além do secretário-geral da Receita, Otacílio Cartaxo, e do corregedor do órgão, Antonio Carlos Costa D'Ávila.
Na ação, a coligação de Serra pede ainda cópia das investigações de Receita Federal e da Polícia Federal, novas perícias nos registros da Receita e os depoimentos de Dilma e das outras quatro pessoas citadas.
O advogado do PSDB, Ricardo Penteado, afirma que a divulgação de dados do Fisco tem o objetivo de prejudicar a campanha do tucano à Presidência. Já o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que por trás da quebra de sigilo há “interesse eleitoral”.
“Há uma série de indícios que as pessoas são diretamente ligadas ao presidente da República”, afirmou. Sobre a quebra de sigilo de Verônica Serra, filha do presidenciável tucano, Dias afirmou que não há dúvidas de que houve falsificação na procuração. “O próprio procurador tem a prova da falsificação grosseira, e o cartório confirmou."
O parlamentar acompanhou os advogados na entrega da representação ao TSE. Questionando se o vazamento das informações teria alguma relação com a queda nos índices de intenção de voto de Serra, Dias desconversou e afirmou que a estratégia do PT foi frustrada, uma vez que as informações vazaram antes do crime [criação dos dossiês] ser, de fato, cometido.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que exigirá da Receita Federal e da Polícia Federal que façam uma investigação “24 horas por dia” para identificar os responsáveis pelo suposto vazamento de dados sigilosos.
Candidatos se manifestam
O candidato tucano, José Serra, afirmou nesta quarta-feira que foram cometidos dois crimes distintos no acesso aos dados fiscais sigilosos de sua filha: um contra a Constituição e outro de falsidade. "(Querem) colocar a minha filha no centro de um jogo sujo, fraudulento. São dois crimes aí: o crime contra a Constituição, que é quebrar o sigilo; o segundo, crime de falsidade, inclusive se montaram documentos forjados", disse.
Já Dilma Rousseff afirmou hoje, em entrevista ao Jornal do SBT, que é a maior interessada na apuração da quebra de sigilo e classificou as acusações contra ela e sua campanha de "levianas". "Eu não entendo as razões que levam o candidato da oposição a levar contra a minha campanha uma acusação tão leviana, que não tem nem provas nem fundamento. Temos que ter clareza. Esse vazamento aconteceu em setembro de 2009. A minha campanha nem existia e nem candidata eu era", disse a petista.
A candidata Marina Silva (PV) condenou o vazamento e disse que a Receita Federal vive uma situação de descontrole. Ela cobrou uma explicação pública do ministro Guido Mantega (Fazenda) sobre o assunto.
Receita reconhece fraude
A Receita Federal admitiu na tarde desta quarta-feira que "houve falsificação" do documento com a assinatura da filha de Serra. Otacílio Cartaxo leu comunicado no qual informou que o documento original foi entregue ao Ministério Público Federal para investigar o caso.
Em junho deste ano, a Folha de S. Paulo revelou que o ex-secretário-geral da Presidência no governo FHC e atual vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, teve o sigilo fiscal quebrado.
Nas últimas semanas, mais três tucanos --Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Marin Preciado--, além de Verônica Serra, também tiveram os dados sigilosos vazados.
A Polícia Federal investiga a compra e venda de informações na Receita. Ao menos quatro servidores do orgão estão sendo investigados.
A procuração para a quebra de sigilo da filha de Serra já foi recebida pelo Ministério Público Federal em Brasília.