25/08/2010 - 16h22

Marina defende "olhar cuidadoso" sobre investimentos estrangeiros no Brasil

Alexandre de Santi
Do UOL Eleições
Em Porto Alegre

A candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, defendeu nesta quarta-feira (25) restrições a investimentos estrangeiros no Brasil. Embora não tenha se aprofundado no alcance dos limites, Marina disse que é preciso um “olhar cuidadoso” na legislaçao, citando a suposta “privatização” do litoral brasileiro como exemplo de legislação permissiva em favor de investidores.

A senadora, que fez roteiro em Porto Alegre nesta quarta-feira e discursou para empresários em almoço na Federasul (Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul), evitou comentar diretamente o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) publicado na segunda-feira (23) que restabelece restrições à compra de terras por empresas controladas por estrangeiros.

Veja a fala de Marina Silva

Além disso, a AGU pretende enviar um projeto de lei ao Congresso que restringiria também a compra de terras por estrangeiros pessoa física residentes no país. Marina se limitou a dizer que concorda com o princípio das restrições.

“Eu disse que nós somos um país de economia aberta. E, num país de economia aberta, nós temos que ter regras com relação a compra de terras e isso não acontece só no Brasil. Isso acontece nos Estados Unidos. Experimente o que é comprar terras nos Estados Unidos, no Japão e na Europa. Eu não conheço a proposta do governo e, portanto, não tenho como defendê-la”, comentou Marina antes do discurso na Federasul.

No Rio Grande do Sul, a polêmica da compra de terras por estrangeiros desde a instalação de plantio e fábricas de celulose. Por conta das restrições, empresas como Stora Enso e Celulose Riograndense suspenderam novos investimentos.

De acordo com o parecer da AGU, compras de terras feitas no passado não seriam atingidas, mas novas aquisições estariam limitadas a um total de 5 mil hectares. Como exemplo negativo, Marina citou os investimentos estrangeiros no litoral brasileiro.

“Temos que ter os regramentos para não prejudicar os interesses nacionais. Hoje, boa parte do nosso litoral está sendo privatizado. O argumento é de que isto geraria emprego, melhoria a vida das pessoas. Só que estes pacotes são pacotes fechados. O que acontence? A mão-de-obra praticamente vem de fora, o dinheiro vai totalmente para fora do Brasil”, completou.

Críticas aos adversários e às alianças

Evitando citar diretamente o nome dos adversários da corrida pelo Planalto, a candidata não deixou de fazer críticas a Serra, Dilma e Lula. Segundo Marina, a polarização da disputa prejudica o país, uma vez que adversários não reconhecem os avanços dos governos passados. Marina elogiou Fernando Henrique e Lula pelas conquistas, mas criticou a busca por alianças.

“Tem aqueles que querem dizer que está tudo certo e aqueles que dizem que está tudo errado. Não é uma coisa nem outra. Tem coisas boas que serão mantidas, como o Bolsa Família, como a política econômica no seu tripé. E, ao mesmo tempo, tem coisas que o Brasil não pode mais se conformar com elas, como uma educação que não cria oportunidade de vida digna para os nossos jovens, um problema grave de violência, só aqui no Rio de Janeiro (a candidata se referia ao Rio Grande do Sul) tem 52 mil viciados em crack. É um absurdo”, disse Marina.

A candidata afirmou que, se eleita, vai chamar os melhores integrantes de todos os principais partidos para sua equipe. “Essa visão nenhum partido foi capaz de ter. Não está no PT, não estão no PSDB, no PMDB muito menos. Mas isso não significa que você não encontre pessoas em todos os partidos que fazem a crítica desta visão. Se ganhar, vou fazer a minha base de sustentação e criar as bases da governabilidade com o apoio destes dois partidos e o apoio dos demais partidos. Isso é um realinhamento histórico", defendeu.

 

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