23/08/2010 - 17h32

Para analistas, eleição ainda não está ganha; senador critica "confusão" de Serra

Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em São Paulo

A divulgação da pesquisa Datafolha no último sábado (21) aguçou por todo o país as especulações sobre a possibilidade de Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República, vencer já no primeiro turno a disputa contra seu rival, o tucano José Serra.

Segundo a pesquisa, a petista consolidou a vantagem sobre seu principal adversário, obtendo 47% das intenções de voto, contra 30% do candidato do PSDB. Considerados apenas os votos válidos, Dilma teria 54% - o que encerraria a disputa na primeira rodada das eleições.

Ainda de acordo com o levantamento, 57% dos entrevistados acredita em vitória da petista, contra 22% que atribuem o mesmo desempenho ao ex-governador de São Paulo. Diante disso, impõe-se à pergunta: Dilma já ganhou?

Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ainda não é possível dar como certa a vitória de Dilma. "Campanha ganha existe só depois das urnas apuradas", diz.

"Não se sabe se ele é alternativa ao Lula ou continuidade. A Dilma escolheu, é continuidade; Plinío de Arruda Sampaio (PSOL) escolheu, é alternativa. Ele (Serra) confunde, mas essa confusão não vai trazer benefícios para ele", afirma o parlamentar, que disputou a corrida presidencial contra Lula em 2006.

Enquanto isso, especialistas ouvidos pelo UOL Eleições concordam: é cedo para dar como certa a eleição da sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. .

"Ganha não está. Mas há uma tendência histórica de crescimento da Dilma e de queda do Serra que é muito consistente, em diferentes regiões do Brasil e em várias faixas do eleitorado, inclusive entre as mulheres que eram resistentes a Dilma", afirma o cientista político Francisco Fonseca, da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas de São Paulo).

Já a cientista política Maria do Socorro Braga, da UFScar (Universidade Federal de São Carlos), acredita que a petista deve levar a faixa presidencial já no primeiro turno.

"Principalmente por conta da ausência de um programa mais consistente da oposição", afirma. "Hoje o eleitorado não vota só em boas intenções. Não vejo como grande parte do eleitorado vai querer mudar (a intenção de voto) se não vê uma proposta realmente consistente do outro lado", diz.

"Sem rumo"

"A oposição não tem discurso", vaticina Fonseca. "Em um país que está crescendo como o Brasil, é difícil explicar ao eleitor por que mudar", afirma. O senador pedetista tem avaliação semelhante. "A sensação que a gente tem é que a campanha do Serra está perdida, não no sentido de derrota, mas no sentido de estar sem rumo", diz.

Na tentativa de contornar o problema, a campanha do presidenciável tucano resolveu tentar associá-lo à imagem do presidente Lula: na última quinta-feira (19), a propaganda eleitoral de Serra na TV mostrou pela primeira vez imagens de Lula, cuja popularidade hoje é de 77%, segundo o Datafolha.

"Grande parte do eleitorado percebe que Dilma é candidata do governo, do presidente. Segundo, de fato a oposição não tem discurso", concorda Fonseca. "Ainda mais com a Dilma mostrando que é capaz, ela está se constituindo enquanto candidatura", completa Maria do Socorro, da UFScar.

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