21/08/2010 - 16h24

Após bronca de Lula, petistas remodelam discurso em São Paulo

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em Mauá (SP)

Não que o balançar de cabeça e os resmungos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Osasco, 15 horas antes, tenham se transformado em aprovação total no comício pró-Dilma Rousseff (PT) deste sábado (21), em Mauá. Mas, ao menos no tom, diminuiu o clima de desânimo entre os candidatos petistas e aliados para as eleições em São Paulo após os conselhos – alguns deles ríspidos – dados pelo ex-líder sindical nas últimas horas.

No evento de campanha em Osasco ontem, na região metropolitana de São Paulo, Lula se irritou e censurou publicamente declarações do candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, Aloizio Mercadante, e de seu coordenador de campanha, o prefeito Emídio de Souza. No comício realizado hoje na cidade que fica encravada no ABC paulista, a ideia de disputar o segundo turno no Estado contra o favorito Geraldo Alckmin (PSDB) deu lugar ao otimismo nas falas.

O próprio Mercadante falou apenas em vencer as eleições, em um tom bastante diferente do usado na noite anterior. Esforçou-se para adotar um tom mais emotivo, em meio a críticas a gestões tucanas. Não chegou a empolgar uma multidão de cerca de 6 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, mas usou, como pedido por Lula, recursos de linguagem para se aproximar da população. Citou uma moradora local, declamou um poema e dançou.

Pouco antes, o candidato do PCdoB ao Senado, Netinho de Paula, foi o primeiro a acusar a bronca geral do presidente. “Nada de falar em segundo turno, vamos ganhar é agora. Tendo um professor que nem o mano Lula, não tem como não aprender”. Também postulante a senadora, Marta Suplicy (PT) repetiu o tom do presidente na véspera: “Não vamos ficar nos apequenando em São Paulo. Não temos que ficar achando que o lado de lá já ganhou”.

Por pouco, foi Lula quem não ganhou uma bronca neste sábado. Quando ele encerrava seu discurso e desejava boa tarde, recebeu um toque de Mercadante nas costas: até ali, o presidente só tinha pedido votos para Dilma, Marta e Netinho. Desfilou elogios ao candidato do PT ao governo paulista e deu sugestões à imprensa sobre reportagens para produzir sobre repasses federais à gestão tucana, instalada desde 1994 no Estado.

Além da campanha para Dilma, a viagem de Lula visa aplacar as tensões no PT paulista, uma vez que a candidatura de Mercadante não decolou até agora e tem chance de ser derrotada por Alckmin já no primeiro turno, segundo as pesquisas. Aliados do petista postulante ao governo têm reclamado de falta de empenho de Marta, que lidera as pesquisas para o Senado e conta também com votos de apoiadores de Alckmin.

Na madrugada de segunda-feira (23), Lula e Dilma encerram sua etapa paulista de campanha nesta semana com uma panfletagem diante de uma fábrica de São Bernardo do Campo, onde o presidente começou sua trajetória política.
 

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