20/08/2010 - 22h10

El País: O segundo grande debate da campanha foi transmitido ao vivo só pela internet

Francho Baron
Do El País
No Rio de Janeiro

Visto em 127 países, debate Folha/UOL ganha repercussão nacional e internacional

A campanha eleitoral brasileira, que na medida em que os dias passam perde emoção diante da incontível ascensão da candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, acaba de irromper na internet.

Rousseff, o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), José Serra, e a líder do Partido Verde (PV), Marina Silva, os três principais aspirantes a substituir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, escolheram anteontem a plataforma virtual para se enfrentar no segundo grande debate desta campanha. Promovido pelo jornal "Folha de S.Paulo" e o portal UOL, o encontro foi transmitido ao vivo só pela internet, com uma produção muito semelhante à dos grandes canais de televisão.

Veja a cobertura completa do debate entre os candidatos


Segundo os organizadores, que qualificaram a experiência de "histórica" no Brasil, a transmissão registrou 1,4 milhão de acessos de 127 países durante as três horas de duração do debate. Paralelamente, no Twitter o evento chegou a liderar por alguns momentos a lista dos temas mais comentados em todo o mundo, e enquanto se desenrolava ficou entre os quatro primeiros lugares. "Foi um sucesso total porque os candidatos puderam interagir mais e se estenderam sem tantas limitações quanto na televisão. Essa experiência pioneira nos situou na vanguarda e com ela abrimos um novo caminho", comentou o moderador do debate, Fernando Rodrigues.

Segundo vários analistas, as grandes contribuições do debate online foram a participação dos internautas, cujas perguntas foram respondidas pelos candidatos, e o fato de não ter as limitações de tempo próprias da televisão. Os comentaristas políticos concordam que esse contexto propiciou um confronto mais direto entre os três presidenciáveis, que se traduziu em um debate mais tenso e esclarecedor do que o anterior. Tudo indica que a campanha de luvas brancas chegou ao fim para dar lugar a uma nova etapa de recrudescimento. Os dois protagonistas principais na disputa eleitoral, Serra e Rousseff, viram uma oportunidade de ouro para lançar vários elogios à importância da internet no Brasil de hoje.

"Tivemos um acompanhamento maciço no Twitter, mas devemos admitir que o Brasil ainda está muito atrasado na implantação da banda larga, algo fundamental para as novas gerações", comentou o candidato social-democrata. "No Brasil o acesso à internet continua sendo muito caro. Vamos tentar baixar o preço", acrescentou Rousseff.

Enquanto o debate prosseguia, o carismático e ousado candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Plínio de Arruda Sampaio, recorria à ferramenta Twitcam, que permite a transmissão de vídeo em tempo real, para anunciar a seus milhares de seguidores: "Se não me convidam para os debates, apareço através do Twitter. Não fui embora!"

O político octogenário também convocou seu eleitorado para um debate semanal por videoconferência no Twitter. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), atualmente 67,5 milhões de brasileiros maiores de 16 anos (35% da população) contam com acesso à internet. Desse total, 31,7 milhões frequentam redes sociais como Twitter, Facebook ou Orkut, muito difundido no Brasil.

As equipes de campanha dos candidatos à sucessão de Lula têm muito presente o poder mobilizador da rede em um país de mais de 190 milhões de habitantes, mas também são realistas quanto às limitações decorrentes da falta de recursos em algumas áreas geográficas.

"No Brasil a internet está se transformando em uma ferramenta importante, embora ainda estejamos longe de viver o que aconteceu na última campanha eleitoral dos EUA", comenta para "El País" uma fonte da campanha de Dilma Rousseff. "O debate transmitido na internet não teve tanta importância por seu acompanhamento ao vivo, mas pela maneira como penetrou em sites como YouTube ou Twitter", acrescenta. "Para nós, o uso da internet é muito importante para mobilizar nossos militantes em outros âmbitos não virtuais, para levá-los à rua", explica Sônia Francine, responsável pelo site da campanha do social-democrata José Serra, que é pioneiro no uso do Twitter e conta com um microblog pessoal no qual congrega desde o ano passado mais de 240 mil seguidores.

Um caso rocambolesco que está tendo uma repercussão inusitada nesta campanha eleitoral é o do candidato a deputado Jeferson Camillo, do minoritário Partido Progressista (PP). Diante da perspectiva pouco esperançosa de conseguir um assento na Câmara dos Deputados, Camillo decidiu romper padrões divulgando na internet nove vídeos de pouco menos de um minuto, nos quais aparecem atrizes e atores em trajes menores. As diversas cenas de conteúdo erótico-festivo são filmadas com poucos recursos em quartos de motel e terminam com mensagens como: "Olá querido, não estou sozinha, estou com Jeferson Camillo", ou "Experimente algo novo, com certeza você vai gostar". A estratégia, segundo Camillo, é infalível para chamar a atenção. Razão não lhe falta: alguns de seus vídeos já registraram mais de 150 mil acessos.

 

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