20/08/2010 - 09h11

Folha e UOL rechaçam acusação de blog sobre pergunta de internauta

Do UOL Eleições
Em São Paulo

O UOL e a Folha rechaçam a acusação feita pelo blog "Os Amigos do Presidente Lula" de que houve uma "armação" na escolha de uma das perguntas enviadas por internautas para o debate realizado ontem (18) com os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV). O blog publicou nesta quinta-feira (19) um texto em que insinua que uma pergunta direcionada a Serra foi feita "sob encomenda". A acusação foi também replicada no Twitter por Marcelo Branco, responsável pela campanha de Dilma em redes sociais.

A pergunta em questão era de autoria de Kleber Maciel Lage, que trabalha como assessor técnico da liderança do PSDB na Câmara dos Deputados desde 2001.

O UOL e a Folha consideram normal aceitar perguntas de qualquer pessoa, mesmo as que já estejam com o voto decidido ou que tenham atuação política. A Folha e o UOL não veem problema nisso. A seleção das perguntas se deu por critérios jornalísticos, pela relevância do assunto perguntado e não pelo currículo de quem fazia a pergunta.
 

O público e todos os candidatos tiveram a oportunidade de ver as perguntas com antecedência, pois todas elas estavam disponíveis no UOL para quem quisesse ver. Nenhum partido apresentou objeção prévia a nenhuma pergunta publicada pelo UOL. Os candidatos só não sabiam previamente quais perguntas seriam escolhidas para a hora do debate.

A pergunta de Lage, enviada por vídeo por meio da ferramenta que o UOL disponibilizou desde julho para que o público pudesse participar do debate, era a seguinte: "A sua candidatura faz críticas ao aparelhamento do Estado e ao uso de cargos por parte do atual governo. É público e notório que as alianças políticas no passado recente da, aspas, democracia, são feitas na base do 'toma lá da cá' de cargos. Como mudar esse cenário?"

A resposta de Serra foi: "Eu acho que tem que mudar esse cenário, esse 'toma lá,dá cá', hoje chegou ao ponto extremo, no caso da administração federal, o loteamento chegou praticamente em todas as suas esferas, veja o caso do Ministério da Saúde, por exemplo, onde a Fundação Nacional de Saúde, que é tão importante para atender os casos de endemia, de epidemia no Brasil, foi praticamente jogada no chão pelo loteamento político, pela divisão, gente que não tem nada a ver, corrupção, enfim, um descalabro. E como a Funasa, nós poderíamos mostrar muitos outros setores. Veja agora o que aconteceu com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, tudo loteado entre partidos, entre setores de partidos, entre grupos de deputados e tudo mais, da maneira mais clara possível, criando, baixando muito o nível daquilo que deveria ser a política brasileira, e, na verdade, desmoralizando a administração pública. Eu não vou fazer isso. Eu não fiz isso no Ministério da Saúde. Uma das primeiras coisas que eu fiz foi começar a limpar a Funasa, inclusive, fizemos um decreto impedindo que os coordenadores da Funasa fossem nomeados sem um currículo mínimo, o que já limitou dramaticamente as chamadas indicações políticas. Não fiz loteamento na Prefeitura de São Paulo, não fiz loteamento no governo do Estado de São Paulo, nem com secretários, nem com diretores de empresa. É preciso dar um choque no Brasil nessa matéria, por um fim a esse troca-troca desavergonhado."

O UOL Eleições conversou com Lage ontem à noite (20), por telefone. Ele confirmou que é assessor técnico da liderança do PSDB. "Sou assessor técnico, não tenho padrinho dentro do PSDB", disse. Ele trabalha na Câmara há 24 anos (desde os 17 anos de idade). Começou trabalhando em gabinete parlamentar. Depois, passou oito anos trabalhando na primeira-secretaria e, em 2001, foi para a liderança do PSDB, num cargo em comissão para fazer o acompanhamento de matérias técnicas de orçamento.

Ele disse que fez a pergunta "como cidadão", e que ninguém do seu trabalho nem do PSDB estava sabendo. Lage gravou a pergunta no seu computador de casa. "Nem sabia que era para o debate, eu publiquei para a sabatina da Folha, não sabia que poderia ser usada também no debate. Foi uma surpresa ver a minha pergunta no debate, mas foi motivo de alegria para mim", disse.

"Uso internet todo santo dia, acompanhar notícias é parte do meu trabalho, pois tenho que acompanhar tudo que envolve orçamento. Vi uma chamada no UOL para a sabatina e fiz de casa o vídeo, queria fazer a pergunta mais para ter essa informação. Podia valer até para qualquer candidato, a pergunta nem é exclusiva para ele. Só participei porque gosto do UOL, é um site idôneo, e a pergunta era no mínimo razoável. Antes de mandar a pergunta, eu até pensei: 'será que isso pode ser usado contra mim?', depois concluí que era um ato de democracia e que não haveria nenhuma possibilidade disso. Aliás, eu defendo o UOL, a idoneidade, não me procuraram, escolheram minha pergunta dentro das regras, foi uma grata surpresa para mim."

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