18/08/2010 - 14h34

Serra parte para o ataque em debate, consulta filha sobre papel mais agressivo e enfrenta protesto

Rodrigo Bertolotto
Do UOL Notícias
Em São Paulo
  • José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República

    José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República

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O candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, cumprimentou com beijo a candidata do PT Dilma Rousseff na entrada do palco para o debate Folha/UOL dos presidenciáveis. Os afagos do tucano para a petista acabaram por aí. O evento marcou a subida de tom da campanha do PSDB. Tanto foi assim que a terceira candidata, Marina Silva (PV), classificou como “pugilato” o que estava vendo entre os outros dois oponentes.

Veja trechos do desempenho de Serra

Nos intervalos do debate, Serra se distanciava de Dilma e, entre cochichos, recebia as instruções de seus assessores.

No fim do terceiro bloco até ligou para Verônica, sua filha, para saber como estava se saindo em um papel mais ríspido do que sua linha anterior na corrida presidencial. Ele fez esse mesmo questionamento a uma de suas assessoras, Paula de Santa Maria. “Ele sempre me pergunta como está”, disse ela.

Serra chamou Dilma de “ingrata” em relação ao governo de Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, que iniciaram o Plano Real. Ainda acusou a petista de copiar suas propostas. E também ironizou: “Algum assessor seu te passou isso”, querendo reforçar a imagem de que a candidata foi forjada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Quando introduziu o tema dos impostos em uma pergunta sua, aproveitou a réplica para dizer que Dilma só olha para trás. “Seu espelho retrovisor é tão grande. Maior que seu para-brisa”, sentenciou depois de acusações mútuas sobre aumento de tributos. Dois blocos mais tarde, ele voltou ao tema e acusou a rival de “não responder” e “fingir que não ouviu” suas críticas.


Em outra passagem, replicou “é falso, isso é mentira” após resposta de Dilma sobre a falta de construção de escolas técnicas pela União estar vinculada a uma lei. Em seguida, associou o vazamento da prova do Enem e depois dos dados cadastrais dos estudantes com o vazamento de sigilo bancário de Eduardo Jorge, vice-presidente nacional do PSDB, em uma clara mudança de tom.

Dilma evita olhar para Serra e abusa do "nós fizemos"

Ato falho
Serra só se atrapalhou em sua nova postura quando queria rotular o PT como “campeão do quanto pior melhor”. “Em matéria de quanto pior é melhor, o DEM...o PT é o campeão”, se confundiu, colocando na frase o partido que o apoia e indicou seu vice na chapa, Indio da Costa.

Marina ataca Serra e critica "farofa de números"

Para o estrategista Felipe Soutello já era hora de partir para o ataque. “A temperatura da campanha está aumentando. Já era tempo”, sintetizou o principal instrutor do candidato no debate.

Quanto, como e quando atacar o governo é um dilema na campanha de oposição. Os marqueteiros preferem não colar em Serra a imagem de antilula, enquanto os serristas preferem uma atitude mais aguerrida. A mudança de postura do candidato tucano observada durante todo o debate pode ter sido reflexo das últimas pesquisas que colocam Dilma na liderança da disputa presidencial.

O clima quente começou antes do evento. Na entrada do teatro Tuca, estudantes da PUC-SP chamaram o ex-governador paulista de"sem-vergonha, hipocondríaco e safado". Dilma e Marina foram ironizadas pelos estudantes, mas nada que chegasse a uma ofensa.

Após ouvir os xingamentos dos estudantes, Serra entrou claramente de mau-humor no teatro do evento. Na saída, encontrou um clima ainda mais hostil. Servidores do Judiciário paulista, em greve há mais de 100 dias, engrossavam o protesto dos estudantes contra o tucano. Serra saiu por uma porta lateral, mesmo assim foi perseguido por estudantes e funcionários públicos, que se postaram diante do carro em que ele estava.

Na entrevista pós-debate, Serra preferiu não falar sobre sua nova postura “belicosa”. “Não”, “Não creio” e “isso é discutível” foram suas respostas sobre sua mudança na campanha, evitando comentar o que sua equipe já assumiu como verdade.

Ele procurou se desvencilhar dos jornalistas e não respondeu também a perguntas sobre aborto e sobre usar uma favela cenográfica em propaganda eleitoral na televisão. Saiu tão apressadamente do palco, que o grupo de assessores, seguranças e jornalistas atrapalharam a entrevista que Marina dava por ali.

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