18/08/2010 - 21h41

Leia a íntegra do quinto bloco do debate entre presidenciáveis promovido pela Folha e UOL

Bloco 5

[Fernando Rodrigues – Folha de São Paulo - UOL]: E neste quinto bloco do debate Online entre candidatos à Presidência da República, mais perguntas enviadas pelos internautas. As regras neste bloco são as seguintes: no quinto bloco, os candidatos responderão cada um, duas perguntas de internautas. As questões foram selecionadas pela Folha e pelo UOL, dando prioridade a grandes temas de relevância nacional. Cada candidato terá dois minutos para responder a cada uma das duas perguntas. A ordem neste quinto bloco decidida por sorteio é a seguinte: José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva.

E quem começa respondendo é o candidato José Serra, que terá dois minutos para responder a pergunta enviada pelo internauta Josafá Caldas.

[Josefá Caldas – Internauta]: Meu nome é Josafá, eu sou de São Paulo, a minha pergunta vai para o Candidato José Serra.
São Paulo tem a maior taxa de pedágio do Brasil, e o seu partido, o PSDB, já governa São Paulo há quase 20 anos. A minha pergunta é: se eleito, o senhor adotará a mesma política para o resto do país?

[José Serra Candidato PSDB]: Olha, primeiro parece que todo mundo já está dando a eleição do Alckmin de barato, porque, na verdade, são 16 anos, mas fala se sempre em 20 anos, e, além do mais, prevendo o que acontecerá nos próximos quatro anos.

Mas com relação à questão de pedágios, eu quero dizer o seguinte: São Paulo tem, hoje, as melhores estradas do Brasil, disparadamente, disparadamente. Das dez melhores estradas, dez estão em São Paulo. É onde os acidentes mais diminuíram no Brasil. Pode se dizer que de 1999 até hoje foram poupadas mais de 11 mil vidas, fosse mantida a taxa de acidentes que havia na época depois das concessões serem feitas, que foram depois dessa época, a melhora das estradas levou a uma queda importantíssima na mortalidade.

Nós vemos em estradas federais, por exemplo, o índice de mortalidade aumentando a cada ano, como aumentou do ano passado para cá, do ano retrasado, enfim, uma situação bastante dramática. A Confederação Nacional dos Transportes, que é uma entidade isenta, cujo presidente, aliás, até apoia a Dilma, ela fez um levantamento que mostra que 75% dos usuários de estradas consideram as de São Paulo ótimas e boas. No caso das estradas federais é uma proporção inferior a 30%.

Portanto, nós temos aí um quadro que não pode ser separado do assunto “pedágio” de forma nenhuma, tem que ser avaliado no seu conjunto.

[Fernando Rodrigues – Folha de São Paulo - UOL]: Obrigado Candidato Serra. Agora é a vez da candidata Dilma Rousseff responder, em dois minutos, a pergunta enviada pelo internauta Pedro Marte Dias.

[Pedro Marte Dias – Internauta]: Dilma, quando falam que foi o Serra quem criou os genéricos, você diz que não foi, porque as coisas no Brasil não acontecem do dia para a noite, mas quando se trata da estabilidade do país, da melhora do país, você atribui tudo ao Governo Lula. Por que você faz isso, já que de acordo com você mesma as coisas no Brasil não acontecem do dia para a noite?

[Dilma Rousseff Candidata PT]: Você tem toda razão, não acontecem mesmo do dia para a noite. Acho que, sem sombra de dúvida, a estabilidade do Real foi uma conquista do Governo Fernando Henrique, em parte, por quê? Porque nós recebemos o Governo com a taxa de inflação em descontrole, com uma dívida externa elevadíssima, nós devíamos tanto aos credores internacionais e tínhamos feito empréstimo ao Fundo Monetário.

Este empréstimo ao Fundo Monetário fazia com que eles controlassem todos os nossos investimentos. Sabe por que nós não investíamos em saneamento? Porque eles aceitaram os dispositivos do Fundo Monetário que impediam investimento em saneamento, em transportes, em ferrovias, rodovias.

Além disso, tinham algo como 21 bilhões de reais de reservas, e, além disso, uma parte da nossa dívida estava indexada ao Dólar, e, além disso, tinham feito uma manobra que até hoje eu não entendi, que eles elevaram os impostos, a carga tributária, conseguiram vender 100 bilhões do patrimônio público e ainda passaram a dívida de 30 para 60%.

Ora, nós tivemos de ter todo o trabalho de estabilizar o Brasil, como? Nós reduzimos a participação da dívida, nós reduzimos de 60, aqueles 60 que eles tinham levado, para 42. Nós elevamos as nossas reservas dos 21 para 255 bilhões de dólares, acabamos com a indexação e hoje emprestamos para o Fundo Monetário, e controlamos a inflação em 4,5.

Então, esse momento de estabilidade com crescimento econômico é conquista nossa. O processo pelo qual é fato, o processo pelo qual criaram a estabilidade do Real, aconteceu, mas nos entregaram um pouquinho quebrado.

[Fernando Rodrigues – Folha de São Paulo - UOL]: Candidata, obrigado. Candidata Marina Silva, a sua pergunta foi encaminhada pelo internauta Guilherme Canela.

[Guilherme Canela – Internauta]: Nós gostaríamos de saber dos candidatos e candidatas se eles se comprometem, uma vez eleitos, a terem uma política de acesso a informação pública na qual a regra é o acesso e não o segredo.

[Marina Silva Candidata do PV]: Eu me comprometo de que tenhamos uma gestão transparente, e, Guilherme, você faz uma pergunta que em função dos constantes escândalos que acontecem na gestão pública, as pessoas vão ficando cada vez mais desconfiadas de que os mecanismos de controle legítimos já providos pela sociedade, se eles são suficientes para controlar todo o descaso que acontece na gestão pública.

Eu tenho dito que é fundamental que se tenha uma atitude de transparência; transparência na gestão pública para evitar o desperdício, o desperdício de recursos públicos, o desperdício de recursos humanos e o desperdício da energia do cidadão e da cidadã que não têm mais como suportar uma saúde em que muitas vezes fica horas e horas na fila ou meses para fazer um exame; uma educação em que 40% das crianças não chegam à oitava série.

Ter uma atitude de transparência, colocando os dados na Internet para que a sociedade crie novos aplicativos, esse é o meu compromisso, uma gestão transparente ajuda a melhorar a eficiência da gestão, combate a corrupção e faz com que o governante não ache que ele está protegido pela invisibilidade e que, portanto, pode contar com a impunidade. A transparência é fundamental para que se tenha o controle, a participação e o aperfeiçoamento das políticas públicas.

[Fernando Rodrigues – Folha de São Paulo - UOL]: Obrigado, candidata Marina Silva. Candidato José Serra, pergunta que o senhor responderá agora veio do internauta Sérgio Marassini.

[Sérgio Marassini– Internauta]: Candidato José Serra, gostaria de saber o que você pretende fazer em relação aos impostos. Você pretende aumentar, abaixar impostos, ou você pretende dar políticas de incentivos fiscais, que nem o PT fez quando viu a crise financeira e abaixou?

[José Serra Candidato PSDB]: Olha, em primeiro lugar, nós demos sim incentivos fiscais em São Paulo durante a crise, e incentivos fortíssimos, e ao mesmo tempo aumentamos o investimento público que ficou no nível mais alto da história e a combinação desse investimento com os incentivos que nós demos, nós demos incentivos fortes do ICMS, permitiram criar, na época, garantir um milhão de empregos, essa foi uma contribuição que o Estado fez na época da crise que, naturalmente, não se espera que os nossos adversários vão reconhecer, embora isso seja realidade.

Agora, eu chegando no governo, uma coisa que eu vou fazer direto é abaixar o imposto sobre saneamento, que eu disse aqui, a candidata Dilma não respondeu, não disse por que, fez de conta que eu não tinha perguntado, e que é fundamental, porque o governo mais do que duplicou o imposto federal sobre saneamento, retirando do setor cerca de dois bilhões de reais por ano, e o Governo Federal, durante alguns anos, investiu quatro, cinco bilhões, seis, dinheiro do tesouro, porque financiamento, empréstimo não é investimento, é como comprar uma geladeira a crédito e o dono que te financia dizer "não, eu estou investindo na sua geladeira".

Isso não existe, só no Brasil, com o atual governo que se mede empréstimo como gasto do Governo Federal. Nós temos que ver o que realmente saiu do orçamento. E o imposto sobre energia elétrica, o imposto federal sobre energia elétrica subiu de 3% para 7,3%, isso foi na gestão da Dilma, é uma das causas pelas quais a tarifa de energia elétrica do Brasil hoje é das mais elevadas do mundo, a luz que a gente acende, nós pagamos o dobro, mais do que o dobro de imposto federal que pagávamos, e eu vou mudar essa situação logo de cara.

[Fernando Rodrigues – Folha de São Paulo - UOL]: Obrigado Candidato Serra, agora a candidata Dilma Rousseff, sua pergunta veio do internauta Marcelo Alexandre.

[Marcelo Alexandre – Internauta]: Com o fim do DAC, Departamento de Aviação Civil, que era técnico e militar, foram colocados diversos cargos políticos e não técnicos na agência, fora os problemas de falta de aeroportos, hoje não existe fiscalização como antes, o que será feito para aumentar a segurança aérea? Devemos esperar que novas aeronaves se choquem no espaço aéreo brasileiro como foi o caso da Gol?

[Dilma Rousseff Candidata PT]: Primeiro eu quero esclarecer que as aeronaves não se chocaram no espaço aéreo por falta de fiscalização, por falha dos, houve falha humana nesse choque, no caso da Gol.
Agora, eu queria dizer que a ANAC tem todos os instrumentos legais institucionais e operacionais para fazer a fiscalização, que ela deve, inclusive, multar a empresa que deixa passageiros esperando. Eu também acredito que deve ser aberto o capital da Infraero para permitir maiores investimentos.

Agora, eu queria também destacar uma questão. Nós podemos acender a luz hoje, no passado havia racionamento de oito meses no Brasil, e aí, de fato, a luz não podia ser acendida nem nos aeroportos. Tinha-se que usar sistemas especiais para garantir a segurança nos aeroportos durante o período que vai de 2001 a 2002, oito meses nessa situação. Mas, voltando, acredito - eu também não estou satisfeita com os investimentos realizados nos aeroportos - acredito que a gente vai ter, viu, Marcelo, de tomar uma atitude muito forte logo no início do governo no sentido de ampliar investimentos, mas você pode ter certeza de que eu sei como fazer e que nós vamos ter uma Copa do Mundo e Olimpíadas bastante segura no que se refere aos aeroportos.

Agora, não há nenhum risco de que desastres como o da Gol ocorram por falha da ANAC ou de qualquer órgão do controle, ela decorreu, mais uma vez, de falha dos pilotos.

[Fernando Rodrigues – Folha de São Paulo - UOL]: A candidata Marina Silva vai responder a pergunta do internauta Marcelo Silva.
[Marcelo Silva – Internauta]: Senadora Marina Silva, qual o seu projeto de governo na educação para enfrentar o problema do apagão tecnológico e a falta de mão de obra qualificada? A senhora manterá a atual política de investimento no ensino superior?

[Marina Silva Candidata do PV]: Os bons investimentos e boas propostas dos últimos 16 anos eu vou manter e acho que em política a gente tem que ter uma visão também mais generosa para nem... a política não é exercida daquela forma que os fins justificam os meios.
Para mim os meios têm que estar muito bem associados aos fins, é por isso que eu tenho dito que os ganhos da política econômica, a estabilidade econômica, nós vamos manter, porque não faremos nenhum tipo de aventura com as vantagens e conquistas que tivemos.
Na política social, a mesma coisa, no que confere a educação, com certeza temos ampliado as vagas de 600 mil para mais de um milhão, foi um grande feito.

Mas nós precisamos de uma educação de qualidade, de buscar parceria com a iniciativa privada. Cerca de 70% dos professores são formados em escolas particulares, essas escolas, uma boa parte têm uma qualidade respeitável, mas a maioria ainda não têm, e se estão formando mal os nossos professores, eles vão formar mal também os nossos alunos.

De sorte que o meu compromisso é de que possamos ampliar cada vez mais as políticas que favoreçam uma educação que seja atualizada pela reforma do ensino, que se tenha a formação continuada do professor, que esses professores possam ser valorizados tanto economicamente como simbolicamente, e que o ensino seja um processo prazeroso, aonde a gente goste de aprender e a gente goste de ensinar, porque isso os nossos alunos estão perdendo e os nossos professores estão perdendo, em função do descaso histórico que temos com a educação.
Nós vamos priorizar a educação de qualidade, nós vamos fazer no Brasil, em cinco anos, o que o Juscelino fez em 50 para...

[Fernando Rodrigues – Folha de São Paulo - UOL]: O debate está chegando a reta final, agora o último intervalo de cinco minutos antes das perguntas dos jornalistas e as considerações finais de cada candidato, até já.

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