18/08/2010 - 13h48

Dilma evita olhar para Serra e abusa do "nós fizemos"

Arthur Guimarães
Do UOL Eleições
Em São Paulo
  • Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão presidencial

    Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão presidencial

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Líder isolada nas pesquisas eleitorais e fugindo de polêmicas desgastantes, a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) evitou confrontos diretos com os adversários no primeiro debate online da internet brasileira, organizado nesta quarta-feira (18) no teatro Tuca, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em São Paulo, pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo portal UOL.

Veja trechos do desempenho de Dilma

A estratégia incluiu não cruzar o olhar com o candidato José Serra (PSDB), posicionado a não mais do que um metro do púlpito de Dilma no palco. Nas duas horas de evento, a petista praticamente não virou para o lado do ex-governador de São Paulo.

O tucano, disposto a provocar a ex-ministra chefe da Casa Civil, bem que tentou atrair a atenção, chamando a oponente para discussões mais acaloradas. Gesticulava, apontava o dedo em riste e fazia críticas ao governo do PT, esquecendo o posicionamento para as câmeras e inclinando o corpo para Dilma.

Ela seguia imóvel, apesar de prestar atenção a cada palavra dita pelo adversário. Quando Serra a chamou de "ingrata" por não reconhecer avanços do governo Fernando Henrique Cardoso, a petista chegou a sorrir, mas nem sequer ensaiou olhar para quem a estava acusando. Mais tarde, ela foi chamada de "mentirosa" -e repetiu o comportamento de ignorar o vizinho.

A candidata, visivelmente mais segura que no último debate da Rede Bandeirantes, também abusou em seu discurso da primeira pessoa do plural. "Nós lançamos o programa Minha Casa, Minha Vida", "nós discutimos a reforma política", "nós começamos a investigar o vazamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)" foram algumas frases ditas pela petista, que tentava colar sua imagem a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal cabo-eleitoral nessa campanha.

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Logo no início do debate, Dilma mostrava tranqüilidade. Enquanto os adversários estavam alheios à apresentação do evento -empenhados em dar uma última olhada em suas anotações com estratégias para o debate-, a petista olhava para o público e até acenava para conhecidos.

De blusa vermelho vivo, calça preta e cabelo arrumado como de costume nesta campanha, a ex-ministra estava com as mãos inquietas -ora as colocava para trás, ora sobre o púlpito.

Dilma começou o debate respondendo a uma pergunta da candidata Marina Silva (PV). A questão, focada na necessidade da reforma política no Brasil, dava as primeiras mostras de que a as duas estavam mais interessadas em evitar temas polêmicos, estratégia para usar as réplicas e tréplicas como gancho para mostrar suas idéias aos internautas.

Ambas defenderam a urgência do assunto. "Acho importante um processo democrático de discussão para a reforma", disse Dilma, que continuou a dobradinha "da paz" ao longo de todo o evento.

O clima esquentou quando a petista foi solicitada a fazer uma pergunta ao candidato José Serra (PSDB). Sempre olhando para frente, ela arriscou criticar o oponente - foi a única pergunta provocativa que fez. Questionou o fato de o DEM, aliado do tucano, ter entrado na Justiça contra o Prouni, prejudicando "704 mil estudantes".

Aparentemente irritado, o ex-governador usou um antigo chavão que lança mão quando fala sobre o PT. "Em termos de quanto pior, melhor, o PT ganha de goleada", repetiu ele, citando vários projetos que tiveram parecer negativo do PT, como o Plano Real, o Fundef e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Chegou então a vez de Serra questionar Dilma. O tucano preferiu falar sobre o vazamento de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), classificado de "incrível" e apontado pelo ex-governador de São Paulo como culpado por "deixar a juventude sem vontade participar" e por "desmoralizar" a prova.

Novamente, o tucano falava olhando para a rival, com o corpo de lado para as câmeras, apontando para Dilma ao citar trechos apimentados de sua crítica.

A petista, sem sequer virar o pescoço, culpou a gráfica que rodou os exames pelo problema e disse que "costumamos investigar, processar e punir", complementando que os culpados serão encontrados e que o fato não se repetirá.

"Você foi quem sobrou?"

Logo na primeira pergunta de internautas, já no quarto bloco do debate, Dilma se viu na situação mais delicada do evento. Um rapaz perguntou à candidata se ela, assim como o vice de Serra (Índio da Costa, do DEM, nomeado após tumultuado processo de escolha), não seria "improvisada", já que foi definida como postulante do PT após outros políticos de maior renome no partido terem sido afastados por conta de envolvimento em denúncias de corrupção. "Você não foi quem sobrou?", questionou o eleitor.

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A provocação arrancou risos e aplausos na claque tucana. Dilma, no entanto, mostrou calma e fez um histórico de sua carreira, tentando mostrar que tinha um passado na administração pública -o discurso lembrou os primeiros programas do horário político eleitoral da petista.

"Fui a primeira secretária de Fazenda de Porto Alegre. Virei ministra, comandando todos os programas governamentais. O PT me indicou e, com muita honra, vou representar esse governo que tirou o país da estagnação", respondeu.

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