16/08/2010 - 17h45

Com "desafio", Serra questiona proposta de Dilma sobre distribuição de medicamentos

Alexandre de Santi
Especial para o UOL Eleições
Em Porto Alegre

Serra faz desafio a Dilma na área da saúde

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, visitou Porto Alegre nesta segunda-feira (16) disposto a neutralizar o crescimento da principal adversária, Dilma Rousseff (PT). Após participar de um ato suprapartidário de apoio à sua candidatura, em que recebeu afagos de deputados do PMDB, Serra lançou um “desafio” a Dilma na área da saúde: comparar as realizações do atual governo com a sua gestão frente ao Ministério da Saúde.

“Estamos vendo a candidata do PT fazendo propostas a respeito de medicamentos, isso e a aquilo, de maneira curiosa. Porque é algo que ela não fez em praticamente oito anos de governo. E agora está anunciando para o próximo governo. Eu não entendo porque levou oito anos sem fazer e, agora, por questões eleitorais, aparece propondo”, disse Serra, logo após churrasco com representantes do PSDB, PTB, PP, PSC e DEM.

A afirmação de Serra foi feita poucas horas depois de Dilma anunciar sua política de distribuição de remédios, caso seja eleita. A petista disse que vai distribuir gratuitamente de medicamentos ligados ao tratamento de hipertensão e diabetes. Hoje, o governo paga 90% do valor destes remédios, um gasto de R$ 400 milhões por ano à União. Serra reagiu citando as suas realizações na área da saúde enquanto ministro, prefeito e governador e pediu que Dilma mostrasse os avanços do governo Lula para fins de comparação.

“Eu faço um desafio. Eu tripliquei a distribuição gratuita de medicamentos no Brasil enquanto fui ministro. Em quatro anos, eu tripliquei. Fiz, como prefeito, uma cesta de medicamentos gratuitos de cerca de 170 medicamento. Como governador, fiz o Dose Certa, que chega perto de 70 medicamentos gratuitos. Então, vou fazer um desafio aqui: o que ela fez na vida em matéria de medicamentos? O seu governo, que supostamente ela mandava, não fez”, afirmou o tucano.

Apoio peemedebista

Serra chegou ao churrasco acompanhado de apoiadores e de três deputados do PMDB: Darcísio Perondi, Osmar Terra e Marco Alba. O evento foi lançado para contrabalançar o ato realizado em favor de Dilma na última segunda-feira, quando a candidata veio a Porto Alegre receber apoio de prefeitos do PMDB, que ocupa a vaga de vice na nominata nacional, com Michel Temer. No RS, a sigla está dividida entre o apoio ao tucano e à petista por conta da posição de imparcialidade lançada pelo candidato do partido ao governo estadual, José Fogaça.

Dilma, segundo a pesquisa Ibope divulgada na semana passada, ultrapassou Serra no Rio Grande do Sul, um Estado onde os tucanos ganharam as duas últimas eleições para presidente. De acordo com o levantamento, Dilma tem 42%, contra 40% de Serra (a margem de erro é de três pontos percentuais para cima ou para baixo).

O evento contou com a presença da governadora Yeda Crusius, candidata à reeleição, o que acabou afastando o apoio de setores do PDMB. O deputado estadual Luiz Fernando Záchia deixou claro o motivo da ausência no seu twitter. “Não vou ao ato pró Serra, pois o mesmo perdeu o carater suprapartidário, pela presença da candidata ao governo do RS pelo PSDB”, afirmou.

"Aparelhamento"

Em seu discurso, Serra criticou suposto aparelhamento da máquina pública pelo PT. O candidato disse que pretende “estatizar” órgãos públicos.

“O que aconteceu com os Correios? Foram privatizados. A sua diretoria não serve aos Correios. Serve a partidos ou a setores de partidos. Nunca o patrimonialismo, a fisiologia, avançou tanto no nosso país. Nunca o governo foi tão usado para fins privados como é hoje no Brasil. O que eu quero fazer é estatizar os órgãos públicos. Estatizar em que sentido? Para eles servirem ao público e não a um partido, a um interesse, a um grupo”, afirmou Serra.

O candidato também criticou Lula, lembrando uma frase do presidente, feita anos antes de ser eleito, na qual dizia que o Congresso tinha “300 picaretas”. “Eu não sou daqueles que dizem que o Congresso tem 300 vigaristas ou picaretas. Teve alguém que disse isso. Hoje, estão todos com a outra candidata. Eu não nunca disse isso. Tem gente muito boa no Congresso”, disse o tucano, argumentando que, apesar de conhecer bons parlamentares, não vai ceder às pressões de políticos para nomear integrantes do governo.

Serra seguiu para Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre, onde teria um encontro com calçadistas. No final do dia, o candidato será recebido na sede da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).

Sites relacionados

Siga UOL Eleições

Hospedagem: UOL Host