11/08/2010 - 20h48

Serra fala em "origem modesta" e insinua que Dilma governaria "na garupa" de Lula

Do UOL Eleições
Em São Paulo

O candidato do PSDB a Presidência da República, José Serra, disse nesta quarta-feira (11) que "não há presidente que possa governar na garupa", em uma crítica indireta a sua rival, Dilma Rousseff (PT), indicada à disputa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Lula não é candidato a presidente", disse o tucano ao ser questionado sobre se teria medo de enfrentar a alta popularidade do petista. "Não há presidente que possa governar na garupa, ouvindo e sendo monitorado por terceiros. Por isso que eu tenho enfatizado sempre que o Brasil pode mais", afirmou.

Serra participou da terceira de uma série de entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional da Rede Globo com os presidenciáveis. Na segunda-feira (9), a candidata do PT, Dilma Rousseff, inaugurou a sequência; ontem, foi a vez de Marina Silva, do PV.

Ao final da entrevista, durante mensagem aos telespectadores, o tucano disse ser filho de pais de "origem modesta". "Acho que eles nunca sonharam que um dia eu estaria aqui no Jornal Nacional, que eles assistiam todo dia", afirmou, antes de ser interrompido pelo jornalista William Bonner por exceder o tempo previsto para sua fala.

Alianças

Serra esquivou-se ao ser questionado sobre um eventual "constrangimento" por ter se aliado ao PTB de Roberto Jefferson, cassado em 2005 após ter sido um dos personagens centrais da crise do mensalão que abalou o governo Lula. "Os partidos, você sabe, são muito heterogêneos", defendeu. "Os personagens principais do mensalão nem são do PTB, são do PT", criticou.

"O Roberto Jefferson não é candidato, conhece muito bem nosso estilo de governar. Eu nunca tive compromisso com o erro", afirmou Serra. "Agora, quem está comigo, sabe o jeito que eu trabalho. Eu não faço loteamento de cargos", disse.

Pedágio

Durante a conversa, o ex-governador de São Paulo foi perguntado sobre o modelo de pedágio paulista. Serra evitou se comprometer com a disseminação do modelo para o restante do país. "O governo federal fez um tipo de concessão que não está funcionado", afirmou. "O governo federal fez estradas pedagiadas, mas a Régis Bittencourt, em São Paulo, continua sendo a estrada da morte. Nunca o Brasil teve estradas tão ruins", criticou.

No Estado, a licitação de pedágios privilegia o valor pago pelas concessionárias ao governo, enquanto que no modelo implementado pelo governo Lula a empresa vencedora é aquela que oferece a tarifa mais barata aos motoristas. A questão do pedágio vem sendo um dos temas centrais na campanha pelo governo de São Paulo.

Comparação de governos e vice

Para Serra, a comparação entre os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) não é boa para a campanha. "Nós não estamos fazendo uma disputa no passado", afirmou. A comparação é uma das principais estratégias da campanha petista ao Palácio do Planalto. "É como se o Mano Menezes fosse discutir quem foi melhor, Felipão ou Parreira, para ganhar a Copa do Mundo", disse.

Serra também foi confrontado com a demora na escolha de seu vice, o deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ). "Ele disputou quatro eleições e foi um dos relatores do Ficha Limpa. Se você pegar outros vices, cada um tem suas limitações", respondeu, ao ser indagado sobre uma suposta "falta de experiência" do parlamentar.

"A questão do vice estava orientada numa direção e, por circunstâncias políticas, acabou não acontecendo", afirmou, em referência à tentativa mal sucedida de seu partido indicar o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, ao posto.

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