06/08/2010 - 01h26

Debate: baixa audiência e baixa temperatura

Fernando Rodrigues
UOL Eleições
Em Brasília

O primeiro debate entre quatro candidatos a presidente neste ano de 2010 acabou saindo sem surpresas, com baixa temperatura e um já esperado baixo número de telespectadores.

Segundo a TV Bandeirantes, a organizadora, a audiência do debate teria sido de 5,5 pontos. Já o jogo de futebol no mesmo horário (a partir das 22h) entre São Paulo e Internacional, na TV Globo, teria chagado a 36,9 pontos. Esses números precisam ser confirmados. Nos primeiros 20 minutos do encontro entre os presidenciáveis, a audiência da Band caiu de 6 pontos para 3 pontos, em média.

Mas debates eleitorais têm mesmo baixa audiência. Repercutem quando trazem novidades, gafes e bate-bocas. Não foi o que se viu no debate da Band. Menos por causa das regras rígidas e mais por causa dos candidatos principais, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Ambos jogaram na retranca, ousaram pouco –e erraram quase nada.

Dilma estava bem vestida para um programa de TV –embora pessoalmente repórteres no estúdio tenham considerado sua maquiagem muito carregada. Mas, na TV, o que vale a é imagem na tela. A petista não é loquaz e essa dificuldade foi compensada pelos treinos dos últimos meses. Alguém a ensinou a usar o verbo “considerar”, evitando o “achar”. Várias vezes saiu “eu considero” e nunca “eu acho”. Soa menos arrogante.

José Serra falou em números, reclamou do tratamento que o governo Lula deu às Apaes e do estado de portos, aeroportos e de empresas estatais como os Correios. O tucano não é um candidato que provoca emoção. Ao final, instado pela filha presente ao estúdio, disse que estava feliz por estar ali. Sorriu. Comportou-se como sempre nessas situações. Sua capacidade de raciocínio em público é superior à dos demais, mas possivelmente esse predicado não tenha sido suficiente para considerá-lo um vencedor.

O mesmo pode ser dito a respeito de Marina Silva (PV). Ela repetiu seu discurso da transversalidade e foi comedida. Não chamou mais a atenção do que em outras oportunidades. Era sua chance de se sobressair. Não conseguiu. Aliás, provocou menos emoção do que o usual em suas aparições.

Por fim, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), sempre com 0% ou 1% nas pesquisas, foi o candidato que saiu lucrando. Ele foi pouco perguntado, mas não se fez de rogado. À vontade, disparou para a direção em que estava virado. Para ele, Dilma virou “Dona Dilma”. Marina passou a ser uma “ecocapitalista”. E Serra um “hipocondríaco”.

Se todos saíram empatados do debate, Plínio pelo menos conseguiu aparecer em rede nacional por pouco mais de 2 horas. Apesar da baixa audiência desse debate de 5.ago.2010, ele se apresentou a uma grande parte do eleitorado.

Foi, então, um debate inútil? Longe disso. Tratou-se de um encontro importante entre candidatos a presidente da República. Se o confronto mais acirrado não houve, a responsabilidade deve ser colocada na conta dos políticos. Eles querem apenas ganhar a eleição, mas sem riscos.

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