22/07/2010 - 16h38

Dilma diz que promessa de Serra de dobrar o Bolsa Família é "impossível"

Andréia Martins e Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em São Paulo
  • Dilma participa da sabatina nesta quinta-feira (21)

    Dilma participa da sabatina nesta quinta-feira (21)

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse que "será impossível" o seu adversário, José Serra (PSDB), cumprir a promessa de dobrar o Bolsa Família. Segundo a petista, quando "pôde fazer mais" o tucano "fez menos", reduzindo os programas sociais na época em que foi governador de São Paulo.

A declaração foi dada durante a participação da candidata em uma sabatina promovida pelo portal R7 e pela Record News em Brasília (DF), nesta quinta-feira (22). “No período em que ele foi governador [de São Paulo], o Renda Cidadã foi reduzido e ele não foi capaz de fazer o cadastro de 300 mil famílias no Bolsa Família”, disse a petista, que questionada sobre qual seria a qualidade do tucano, disse que "ao longo da vida pública ele foi uma pessoa bem intencionada. E só”.

Dilma voltou a negar qualquer relação com a quebra de sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e defendeu a apuração do vazamento, mas disse ver no episódio uma “tentativa de usar isso contra mim no processo eleitoral”.

A ex-ministra-chefe da Casa Civil aproveitou ainda para alfinetar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Quem sentou na cadeira antes da hora, perdeu a eleição", afirmou, ao ser indagada sobre qual cargo o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT) viria a ocupar no governo se vencesse as eleições.

Em 1985, durante a disputa pela prefeitura de São Paulo, FHC chegou a posar para fotos na cadeira do prefeito antes da contagem dos votos. Líder nas pesquisas, o sociólogo acabou perdendo para Jânio Quadros. "Eu não acho adequado ficar discutindo governo e colocar a carroça na frente dos bois", disse Dilma. Quanto a José Dirceu, Dilma descartou qualquer participação do ex-ministro em um eventual governo seu.

Alianças

A presidenciável também foi perguntada sobre os apoios políticos recebidos em sua campanha pela Presidência da República - mais especificamente o de Fernando Collor, candidato ao governo de Alagoas pelo PTB. "Eu sou do PT, mas não vou governar só com o PT.

Nós precisamos de um arco de forças sociais que permita que nós tenhamos condições da dar governabilidade ao Brasil", afirmou. "A questão fundamental para o eleitor é: o que nós fizemos. Quem é que segue quem, e quem é que lidera quem", disse.

Em 1992, Collor, à época presidente da República, foi destituído cargo por um processo de impeachment apoiado com entusiasmo pelo PT. "Ele não era inimigo, era adversário. Ele é um ex-adversário. Tinha posições completamente diferentes das nossas, se mudou de posição seja bem vindo", defendeu Dilma. "O que não pode é ter dubiedade a respeito de quem servimos. Nós servimos a 190 milhões de brasileiro", afirmou.

Educação

Dilma afirmou que a educação é a "questão mais séria do Brasil" e defendeu as iniciativas do governo Lula no setor, como a criação de um piso nacional para o magistério. "Nós voltamos a pagar de forma decente professor universitário e professor técnico nosso (da rede federal)", disse.

Para ela, é preciso investir em primeiro lugar na capacitação de bons professores. "Se o professor não recebe formação adequada e formação continuada, se você não atrai pessoas capacitadas, você não terá educação de qualidade no Brasil. Quem forma o professor é a universidade", afirmou."O que nós podemos legar para os jovens e crianças é dar a eles a melhor educação possível".

Bancos

A petista desconverou sobre o tratamento que dará aos bancos em uma eventual gestão sua como presidente, mas sugeriu que as instituições financeiras deveriam reduzir seu spread bancário [diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam ao captar dinheiro e a que cobram de seus clientes] e, consequentemente, os juros. "Nós não podemos praticar spread tão elevados porque nem inadimplência nós temos tanto. A inadimplência tem caído, e o spread tem que acompanhar", afirmou.

"Estamos saindo dessa fase em que o setor produtivo e industrial tinha uma baixíssima lucratividade e o setor financeiro crescia há taxas muito maiores. Hoje você vê as taxas de retorno de todos os investimentos privados, são taxas mais adequadas, não são estratosféricas, estão na média", disse Dilma.

Com relação à política econômica, Dilma destacou a estabilidade no país, com ampliação de investimento e redução do endividamento público. "O governo anterior deixava o Brasil de joelhos para o FMI. Hoje não fazem isso conosco, pelo contrário".

Aborto e união civil entre gays

A petista voltou a dizer que considera o aborto uma questão de saúde pública. O comentário da candidata sobre o assunto levou o bispo de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, a pedir que as pessoas não votem em Dilma e em nenhum candidato petista. “Quando se fala que é uma questão de saúde pública, eu digo que o Estado tem de prover tratamento para essas pessoas sempre que elas correrem risco de vida ou dentro dos temas previstos pela legislação vigente”.

Questionada se seria madrinha de casamento de um casal de amigos gays, Dilma reforçou ser favorável à união civil e não ao casamento enquanto instituição religiosa. “Temos que garantir os direitos civis, e nesse sentido a Justiça está indo bem”.

MST

Para Dilma, os investimentos sociais do governo no campo - como o programa Luz para todos e o aumento do financiamento de maquinário agrícola -  devem reduzir os conflitos por terra e as ocupações promovidas pelo MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

"Eu acho que a reforma agrária tem de continuar, não porque o MST quer, (mas) porque é bom para o Brasil", disse. "Eu não vou ter nenhuma complacência com ilegalidade, mas também não sou favorável a uma política de não diálogo. Agora, com ilegalidade eu não negocio", afirmou.

Copa 2014

“É um absurdo São Paulo ficar fora da abertura da Copa”, declarou Dilma sobre o impasse na decisão de qual estádio sediará a abertura da Copa de 2014 em São Paulo. Para a ex-ministra, a capital paulista deve abrir ou encerrar o torneio.
 

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