15/07/2010 - 18h55

Serra: sozinho, Brasil pode avançar mais junto à UE do que com países do Mercosul

André Naddeo
Do UOL Eleições
No Rio de Janeiro

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se encontrou na tarde desta quinta-feira (15) com o presidente atual da Comissão Européia, o português José Manuel Durão Barroso, e defendeu o que chama de “flexibilização de regras” no Mercosul numa forma de o Brasil, ao contrário dos outros parceiros da América do Sul, estar mais próximo de um acordo de livre comércio com a União Européia.

“Tem que haver essa flexibilização na negociação com terceiros para que possamos comportar velocidades diferentes. O Brasil tem condição de avançar muito mais sozinho nas negociações com a União Européia, do que com outros parceiros do Mercosul. O Brasil pode fazer isso de maneira mais rápida”, afirmou Serra.

A declaração do ex-governador de São Paulo acontece um dia depois de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que ocupa a presidência do bloco comercial sul-americano neste segundo semestre, ter se reunido com Durão Barroso na 4ª Cúpula Brasil-União Européia, em Brasília, na qual admitiu dificuldades na tarefa de romper resistências de alguns setores da economia dos dois blocos, principalmente o agrícola.

“Não precisa mexer no tratado do Mercosul, isso pode ser feito por decisões de ministros dos diferentes países dessa união econômica nossa que é o mercosul”, disse Serra. O presidente da Comissão Européia, que já havia se encontrado no mês passado com a candidata petista Dilma Rousseff em Bruxelas (Bélgica), concordou.

“Temos que ter a coragem de ambos os lados para dizer aos setores que resistem que temos o bem comum acima dos interesses particulares. A Europa tem interesse num acordo com o Mercosul. O crescimento na Europa não vai vir de investimento público. O comércio nessa hora é o maior amigo do crescimento, a maneira de crescer não é fazer os contribuintes pagarem mais”, afirmou Durão.

O candidato tucano criticou a política externa do atual governo, dizendo que o Brasil atualmente investe mais em negociações políticas preterindo o avanço na área econômica. “Gastamos muito tempo de aproximação com países sem muito significado. Um esforço que sem dúvida nenhuma tem o seu resultado político, mas sem ganho econômico. Temos que ter uma abertura maior com o mundo inteiro. Todo acordo de livre-comércio só será assinado se for em benefício do Brasil. Tivemos estratégias equivocadas. O reconhecimento da China como economia de mercado, por exemplo, impede mecanismos de defesa contra práticas desleais dos chineses. Não tivemos contra-partida. Temos que nos atentar a esta questão”, afirmou o candidato.

“No mundo, de 2003 para cá, aconteceram 100 tratados de livre comércio. O Brasil firmou apenas um, com Israel, um país pequeno do ponto de visto do comércio exterior. É preciso ter uma política comercial brasileira mais agressiva”, disse.

Questão do Irã

Serra criticou a postura do Brasil no diálogo com o Irã. Junto da Turquia, o presidente Lula conseguiu um tratado para que uma carga de urânio fosse enriquecida em solo turco, mas as sanções posteriores da ONU, lideradas pelos Estados Unidos, acabaram derrubando as pretensões brasileiras nesta questão.

“Foi uma intervenção que não deu certo. É evidente que somos a favor do desarmamento. EUA e Rússia estão controlando e desativando suas ogivas, tem havido uma redução sistemática no estoque. O ideal para o mundo é que não haja mais países ingressando no ‘mundo das bombas’. E eu considero o Irã uma região problema nessa matéria. Isso não ajuda o desenvolvimento e o encontro da paz”, disse

Crise global

O candidato do PSDB disse ainda que é preciso um “aumento de controle sobre certas movimentações sobre situações de crise” na economia global. “Temos que estabelecer no contexto internacional mais mecanismos que previnam crises futuras. Isso pressupõe também um entendimento entre os principais centros econômicos do mundo com vista ao entendimento que em última análise é de interesse de todos”, afirmou.

 

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