15/07/2010 - 16h51

"Arrimo de família", Marina diz que optou por não ter patrimônio

Andreia Martins e Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em São Paulo

Detentora de um patrimônio pessoal de R$ 149,2 mil, a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, disse nesta quinta-feira (15) que "fez uma opção de não juntar patrimônio" ao longo de sua vida para poder ajudar aos seus familiares.

"Posso me considerar arrimo de família. Tenho 8 irmãos e, infelizmente, dentre eles eu fui a única que estudou", contou Marina, ao ser indagada sobre a declaração patrimonial entregue por ela ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A declaração foi dada durante a participação da ex-ministra do Meio Ambiente em uma sabatina promovida pela rede Record News e pelo portal R7. A cifra é a menor dentre a dos três principais presidenciáveis: Dilma Rousseff (PT) declarou R$ 1,06 milhão, ao passo em que José Serra (PSDB) disse ter R$ 1,4 milhão à Justiça.

Marina disse ainda que não se sente constrangida com o patrimônio de seu vice, o empresário Guilherme Leal, tido como um dos homens mais ricos do Brasil. Um dos sócios da Natura, Leal declarou patrimônio de R$ 1,19 bilhão.

"Ele construiu uma fortuna que é motivo de orgulho para o nosso país", afirmou a senadora. "Eu tenho imenso orgulho de ver uma pessoa que tinha tudo para se acomodar dando um passo como esse", disse.

Reformas

Questionada sobre a tributação sobre grandes fortunas, Marina discordou da ideia de tratar do assunto sem uma reforma tributária completa. "Nós não podemos relevar a questão da reforma tributária apenas para um item. Vamos discutir a reforma tributária de forma mais abrangente", disse a senadora.

A discussão da reforma da previdência também está na pauta do programa de governo da candidata verde. Mas sobre o assunto, Marina preferiu não prometer realizações. "As grandes reformas no Brasil são necessárias e precisam ser feitas. Eu não vou dizer que eu vou fazer [a reforma previdenciária], porque isso também depende do Congresso".

A senadora afirmou que irá investir no trabalho formal e num programa de recuperação do poder aquisitivo dos aposentados, e relembrou que foi favorável ao aumento de 7,7% para os aposentados e ao veto do fator previdenciário. "Escolhas precisam ser feitas sem populismo", disse.

Se eleita, Marina diz que vetará novo Código Florestal

"Nem merece o nome de código ambiental. Isso é um nome fantasia. Uma espécie de estelionato ambiental", disse Marina sobre as mudanças propostas pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B) para o novo Código Florestal.

"Estão tentando mudar o teste ao invés de passar no teste. Estão fazendo um perdão de desmatamento", disse a senadora, que chamou o novo código de "retrocesso" e afirmou que, se eleita, "vetaria [o novo código] nos termos em que está proposto".

Sobre o relacionamento com a bancada ruralista, Marina disse estar tranquila. "Não tenho controle da forma como as pessoas vão me tratar, mas tenho controle da forma como eu quero tratar as pessoas", disse a verde. Para ela "os pecuaristas são tratados como vilões, mas podem ser a solução para uma produção diferente".

Passado no governo Lula

Marina falou sobre os motivos que a fizeram deixar o governo Lula, em 2008, e o PT, no ano seguinte. Ela atribuiu sua saída às diferentes visões de desenvolvimento dentro do administração federal. "No governo você tem as mesmas dicotomias que você tem na sociedade", afirmou.

A candidata se esquivou de críticas diretas ao presidente Lula e à então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, com quem teve divergências. "O presidente é muito importante, mas ele é fruto também das contradições da sociedade", afirmou.

"Blairo (Maggi, governador do Mato Grosso), (Reinhold) Stephanes (ex-ministro da Agricultura) e Mangabeira (Unger, ex-ministro de Assuntos Estratégicos) estavam induzido o presidente ao erro", disse, em referência à discussão travada entre o Ministério do Meio Ambiente e o Estado do Mato Grosso envolvendo indicadores distintos de desmatamento.

Educação e salário mínimo

Para a educação, área de destaque em seu programa, Marina disse que é preciso investir mais na formação de professores, uma remuneração justa, um sistema nacional de educação integrada e estender a banda larga. Questionada sobre quantos mandatos serão necessários para realizar todas as suas proposta na área, Marina disse que "tantos quantos forem necessários, não necessariamente para a mesma pessoa. Basta que isso seja um valor".

A candidata do PV disse que, se eleita, poderá conceder aumentos do salário mínimo acima da inflação mesmo que a economia não cresça. "Isso não é um dogma fechado", afirmou. "É possivel que se tenha ganho real de salario (em anos sem crescimento economico). Tem que ser visto no contexto, se as contas públicas suportam", disse.

Biotônico

"Quero governar, em cima de programa, com os melhores do PT, do PSDB e com isso chamar também os melhores do PMDB e dos partidos democráticos de esquerda", disse a acriana, ao ser indagada sobre como um eventual governo seu garantiria apoio político. "Temos de acabar essa história de distribuir cargos para compor maioria no Congresso", afirmou.

Nesta quinta-feira, a Argentina aprovou a realização do casamento gay em seu território. Marina reafirmou ser contrária à proposta e disse não ter "pensamento claro" sobre a adoção de crianças por casais homossexuais, ao mesmo tempo em que apoiou a união civil entre pessoas do mesmo sexo. "Os direitos civis das pessoas, todas elas, devem ser respeitados", afirmou.

Contrária à descriminalização da maconha, Marina disse que nunca fumou, nunca tomou chá de Santo Daime, bebida alucinógena comum no Acre, seu Estado de origem, e que nunca bebeu. "Só biotônico Fontoura", brincou a ex-ministra do Meio Ambiente.

Para questões polêmicas como a legalização da maconha, o uso do chá do Daime fora do contexto religioso e o aborto, Marina defendeu a realização de plebiscitos, "por serem temas que envolvem aspectos éticos e religiosos". "Pessoalmente eu sou contra (à legalização do aborto)", afirmou.

2º turno

"Está mais do que na hora de termos a primeira mulher presidente do Brasil",disse Marina, citando que ela e a adversária, a petista Dilma Rousseff, têm diferentes visões de país, trajetórias e propostas.

Com relação a quem vai apoioar em um eventual segundo turno entre Dilma e Serra, Marina voltou a dar a resposta que já se tornou praxe. "O segundo turno a gente discute no segundo turno. Quem vai decidir quem vai ao segundo turno comigo, é o povo".


 

 

 

 

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