03/07/2010 - 07h00

'Novela' da escolha de vice de Serra durou toda a pré-campanha

Andréia Martins e Cintia Baio
Do UOL Eleições
  • Indio da Costa (DEM-RJ) e José Serra (PSDB) confirmam a chapa para a corrida presidencial na convenção do DEM, nesta quarta-feira (30), no último dia para oficializar candidaturas

    Indio da Costa (DEM-RJ) e José Serra (PSDB) confirmam a chapa para a corrida presidencial na convenção do DEM, nesta quarta-feira (30), no último dia para oficializar candidaturas

A definição do nome para compor a chapa como vice do candidato tucano à Presidência, José Serra, foi uma das mais longas novelas da pré-campanha.

Estou absolutamente convencido que a melhor forma para ajudar a dar uma vitória ao governador Anastasia em Minas Gerais e ao companheiro José Serra e estando em Minas Gerais candidato ao Senado. Não houve nenhuma modificação no cenário e preciso que essas ansiedades sejam contidas

Aécio Neves acaba de vez com as expectativas tucanas pela chapa Serra-Aécio

A indefinição começou ainda em 2009, quando o ex-governador mineiro Aécio Neves disse que não aceitaria a vaga de vice. O partido, convencido de que o mineiro poderia mudar de ideia, decidiu esperar. Em maio de 2010, ao voltar da Europa, Aécio reafirmou a decisão e disse que seria candidato ao Senado. A partir daí, começava a pressão do DEM para escolher o vice, já que o único nome tucano apoiado pelos democratas era o de Aécio.

Serra foi o único candidato a deixar a convenção nacional do partido sem um vice, ao contrário de Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT), que oficializaram suas candidaturas ao lado dos respectivos vices, Guilherme Leal (PV) e Michel Temer (PMDB).

Depois de Aécio, ganharam força os nomes dos senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Sérgio Guerra (PSDB-PE), também presidente do PSDB. Todos encontraram resistência do DEM. “Não há ameaças e o DEM indicará o vice”, disse o presidente do DEM, Rodrigo Maia.

O furo de Jefferson

Falei agora com o Sergio Guerra. O vice será o Alvaro Dias. Fui.. Abs

Roberto Jefferson, presidente do PTB, publica em seu Twitter a notícia da escolha de um nome para vice de Serra

Uma semana depois, DEM e PSDB eram surpreendidos por Roberto Jefferson, que no dia 25 de junho, em seu Twitter, revelou que os tucanos tinham escolhido o senador Alvaro Dias como vice de Serra, faltando apenas cinco dias para a realização da convenção nacional do DEM.

A escolha de Alvaro, no entanto, dependia de uma condição: que seu irmão, Osmar Dias (PDT-PR), desistisse de se candidatar ao governo do Paraná em aliança com PT e PMDB. O que não aconteceu. Na noite de terça-feira (29), Osmar anunciou que sairia candidato a governador e daria palanque à candidata Dilma Rousseff (PT).

A decisão

Com a notícia, a indicação de Alvaro Dias enfraqueceu. Marcada para a manhã do dia 30, a convenção do DEM foi interrompida. Reuniões foram realizadas envolvendo as lideranças dos partidos e, no final da tarde, foi anunciado o nome do deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ).

É com muito orgulho que eu aceito esta tarefa em nome da bancada. Foi uma enorme surpresa, foi surpresa para vocês e para mim também

O deputado federal Indio da Costa, ao saber que era o indicado para vice de Serra

A escolha selou a aliança entre PSDB e DEM na corrida presidencial, contrariando a ideia inicial do PSDB de optar por um vice do Nordeste, onde Serra é menos popular, ou de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, e rendeu muitos comentários irônicos da oposição.

"Pelo menos, agora ninguém mais poderá dizer que a campanha do Serra só tem cacique", postou o o presidente do PT, José Eduardo Dutra, em seu Twitter.

 Ciro Gomes: sem apoio, candidatura foi retirada

Passei três dias lambendo as feridas, pensando que a vida era ingrata. Mas aqueles que decidiram, pensaram no melhor para o País

Ciro Gomes ao comentar a decisão do PSB em retirar a sua candidatura à Presidência

Ciro Gomes também protagonizou uma novela durante a pré-campanha. O ex-ministro esperava, desde 2008, a chance de sair candidato à Presidência em 2010. Em entrevistas, já dizia estar pronto, pois tinha aprendido com os erros de 2002. “Sou candidato à presidência, e não a vice”, declarou ele, descartando qualquer evnetual convite para ser vice de outro candidato.

O que ele não esperava era que em 2010 encontraria entraves dentro do próprio partido, o PSB. Em abril, a Executiva Nacional da legenda decidiu por fim à candidatura de Ciro, por 20 votos a 7, dos 27 diretórios estaduais. O partido optou por apoiar a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência. A Ciro restou seguir a orientação do partido.

Michel Temer venceu a preferência de Lula por Henrique Meirelles

O PT também não foi rápido na escolha do vice. A decisão por Michel Temer, presidente do PMDB e da Câmara, saiu "quase em cima da hora", em maio deste ano, e representou a vitória dos peemebistas sobre a vontade do presidente Lula.

A preferência dos petistas por uma chapa com Dilma e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, era clara. Mas pesou mesmo a aliança entre PT e PMDB. Diante da resistência das maiores lideranças do PMDB, da dependência que o governo tem do aliado no Congresso e dos preciosos minutos – quase 6 - que o PMDB dará a Dilma no horário eleitoral no rádio e na televisão, a chapa Dilma-Temer foi definida.

Na convenção nacional do PMDB, Temer fez questão de enfatizar que o posto de vice não coloca o seu partido como coadjuvante na política nacional e sim como “ator principal”. "O PMDB não será coadjuvante, será protagonista, ator principal. o PMDB não vai chegar apenas com a vice-presidência, porque atrás do PMDB está o maior exército político eleitoral do país", disse.

 


 

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