01/07/2010 - 07h00

'Quedas-de-braço' nos Estados marcaram pré-campanha eleitoral

Andréia Martins
Cintia Baio
Do UOL Eleições

Brigas entre partidos políticos, disputas por alianças que se arrastaram, em alguns casos, por meses nos Estados, multas aplicadas pelo TSE, gafes e mal entendidos foram alguns dos principais fatos que marcaram os 96 dias que antecederam o ínicio oficial da corrida eleitoral de 2010 (que começa em 06/07).

O período, chamado de pré-campanha, começou para alguns candidatos a partir da data em que eles deixaram seus postos (no final de março de 2010), para iniciarem os preparativos para a disputa de um novo cargo para os próximos quatro anos. No período, outros nomes também manifestaram interesse em concorrer às vagas. Na agenda, negociações para apoio político, convenções, entrevistas, viagens e sabatinas.

Segundo a legislação eleitoral a oficialização das candidaturas só ocorre com as convenções partidárias. Até ocorrer isso, os postulantes a cargos públicos não podem ser considerados candidatos. Assim, no período da pré-campanha, se convencionou chamá-los de "pré-candidatos". Além disso, a lei proibe qualquer tipo de propaganda eleitoral antecipada —algo não muito respeitado pelos políticos.

Pré-campanha em números

  • 96 dias

    foi o tempo que durou a pré-campanha eleitoral

     

  • 71 cidades

    foram visitadas pelos presidenciáveis

     

  • 20 multas

    foram aplicadas aos candidatos pelo TSE por propaganda antecipada

     

  • 11 ministros

    deixaram o cargo para concorrer às eleições

     

  • 8 governadores

    deixaram o cargo para concorrer às eleições

     

Para Cláudio Couto, cientista político da FGV, a pré-campanha de 2010 foi marcada por desrespeito às leis eleitorais e uma inversão de desempenho entre os dois presidenciáveis mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais, Serra e Dilma. “Por conta da atual legislação, os meses entre o início oficial da campanha e a saída dos políticos de seus atuais cargos cria um cenário onde os candidatos fingem que não são candidatos. Assim, o que se vê é um total desrespeito às leis”, diz o cientista se referindo ao número de multas por propagandas antecipadas no período ( 20 foram aplicadas pelo TSE, 6 delas para o presidente Lula, o mais multado por fazer suposta propaganda para sua candidata, Dilma Rousseff).

Segundo Couto, entre os presidenciáveis o que se viu foi o candidato José Serra começando bem em um momento onde a adversária petista ganhava destaque no cenário eleitoral, mas deslizando no final da pré-campanha, com o impasse na escolha do vice. “O tucano soube trabalhar temas que ainda deixam a desejar no governo de Lula, como política externa e saúde e preferiu fugir de um confronto em temas mais bem avaliados, como economia interna. Já o episódio do vice foi desastroso”, avalia.

Enquanto isso, Dilma Rousseff começava sua estratégia com algumas trapalhadas. “A candidata fez declarações ruins e tropeçou na comunicação, como a divulgação equivocada de fotos e vídeos em seu blog”, exemplifica o cientista indicando a publicação de uma fotomontagem de Dilma ao lado da atriz Norma Bengell em uma passeata contra a ditadura. A postagem gerou críticas à candidata. “No entanto, ao longo da campanha Dilma fez um bom uso do tempo na TV e teve grande apoio, embora ilegal, do presidente Lula. A candidata parece ir mais robusta para a campanha”, avalia o cientista.

Já Marina Silva destacou a adesão de figuras importantes para a campanha como a escolha de um vice do ramo empresarial (Guilherme Leal, presidente da Natura) e do economista Eduardo Gianetti da Fonseca, “o que mostra uma amplitude na campanha e na questão ambiental”, segundo Couto. O desafio da candidata do PV será aumentar sua preferência entre o eleitorado. Hoje, ela representa 8% das intenções de voto, segundo pesquisa Vox Populi divulgada na última quarta-feira (28).

"Quedas-de-braço" nos Estado

Nos Estados, a pré-campanha foi marcada por disputas entre partidos e impasses para definir alianças que se estenderam por meses e renderam até greve de fome. O deputado petista Domingos Dutra e o líder camponês Manoel da Conceição passaram sete dias sem comer em protesto à decisão do PT nacional em apoiar a reeleição de Roseana Sarney (PMDB) para governadora do Maranhão. Antes, o diretório havia indicado apoio a Flávio Dino, do PC do B.

Outros 7 Estados também protagonizaram uma verdadeira “ novela” no quesito alianças. No Paraná, Osmar Dias (PDT) decidiu na última hora, no final do dia 29, sair candidato ao governo. Antes, o político estava indeciso entre o governo do PR ou se reeleger ao Senado. Em Minas Gerais, a indefinição do candidato se arrastava desde 2009. Confira no mapa abaixo os principais acontecimentos:

 

 

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