30/06/2010 - 16h46

Indicação de Indio da Costa é "vitória do DEM", mas não trará votos para Serra, dizem especialistas

Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em São Paulo

A escolha do deputado Indio da Costa (DEM-RJ) para ser o vice na chapa de José Serra (PSDB) à Presidência da República não terá "nenhum efeito eleitoral" no pleito deste ano e mostra que a indicação, "uma vitória do DEM", foi "burocrática e meramente protocolar", avaliam especialistas ouvidos por UOL Eleições.

"É obvio que a mudança do Alvaro Dias para o Indio da Costa não vai ter nenhum efeito eleitoral no plano nacional, mas vai ter um efeito político grande na medida em que agrega mais à coligação do Serra", pondera o cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Cepac (Centro de Pesquisas e Analises de Comunicação). "É uma vitória do DEM, mas não é um dos quadros mais expressivos do partido", diz o especialista em marketing eleitoral Gaudêncio Torquato.

As desavenças entre DEM e PSDB começaram quando a cúpula tucana indicou o nome do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) para ser vice na chapa tucana ao Palácio do Planalto. Os democratas sentiram-se desprestigiados por não terem sequer sido consultados sobre a indicação.  O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), chegou a dizer que "casamento" entre os dois partidos, aliados históricos, estava "em crise". Nesta quarta-feira (30), a sigla deu início à sua convenção nacional, no Hotel Gran Bittar, em Brasília, na tentativa de superar o problema.

"Essa crise terminou muito mal. O Indio, sem querer abusar do nome, é pouco conhecido na tribo (do DEM)", diz Torquato. "Trata-se de um deputado que teve desempenho bastante interessante nos últimos tempos por ter sido relator do projeto Ficha Limpa [que impede a candidatura de políticos condenados por órgão colegiado], isso lhe confere um posicionamento interessante", avalia.

"A impressão que dá é de que foi uma indicação burocrática e meramente protocolar", afirma Torquato. "Depois de uma luta inglória, de vários embates, no 12º segundo round aparece o... Indio da Costa", diverte-se o analista. "No Rio de Janeiro, pode ter um bom desempenho, mas não tem o peso do nome de outros próceres do próprio DEM, como José Carlos Aleluia (BA), ACM Neto (BA) ou Rodrigo Maia (RJ)".

Para os analistas, a questão do vice é secundária para o resultado das urnas. "Do ponto de vista global, é irrelevante [a quantidade de votos que a indicação de Indio pode trazer]", afirma Figueiredo. "O eleitor analisa a cabeça de chapa. Ninguém deixou de votar no Lula porque o José Alencar é empresário, ou coisa desse tipo; é muito difícil um vice ser tão ruim que inviabilize a campanha do titular", diz.

"Vices não trazem voto", concorda Torquato, para quem Indio terá "visibilidade forte" na chapa. "Serra é centralizador, então a pergunta é: ele vai dar espaço para a participação de Indio [na campanha]?", questiona o especialista. "Indio está muito aquém, se você comparar com o deputado Michel Temer (PMDB-SP), vice na chapa de Dilma Rousseff [candidata do PT à Presidência]. Na balança, Temer [ é um peso pesado e Dilma está ganhando disparado", finaliza.

 

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