28/06/2010 - 20h07

Dilma diz que participação de Lula em seu eventual governo será de ex-presidente

Do UOL Eleições
São Paulo
  • Candidata do PT à Presidência participa do programa 'Roda Viva', da TV Cultura

    Candidata do PT à Presidência participa do programa 'Roda Viva', da TV Cultura

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, destacou nesta segunda-feira (28), em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, figura que, segundo ela, se eleita, estará presente em seu governo. “Tenho uma relação muito forte com ele. Vou querer muito que o presidente me aconselhe. Vou querer que o presidente participe com seus conselhos. Mas tenho certeza de que o presidente participará como ex-presidente” ,afirmou.

A candidata voltou a negar a responsabilidade pelo suposto dossiê contra o seu adversário José Serra (PSDB) e disse que até hoje não viu “nenhum papel do referido documento”.

"Se há dossiê - que até hoje eu não vi papel nenhum - não foi feito pela minha campanha. A Folha de S.Paulo chegou a noticiar, até, que isso que se chamava dossiê era uma reportagem investigativa patrocinada pelo jornal O Estado de Minas e foi contratado um jornalista para isso", declarou a petista. O programa, que teve sua gravação transmitida pela internet, vai ao ar hoje, a partir das 22h.

Questionada sobre a suposta quebra de sigilo fiscal e bancário do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, a petista disse não ter conhecimento de nenhuma prova. "Não foram [as provas] mostradas em nenhum momento. (...) Enquanto vocês [jornalistas] não mostrarem a prova, do nosso ponto de vista, é uma acusação infundada", disse.

Dilma nega ser "poste"

Na entrevista ao "Roda Viva", a petista discordou da afirmação de que seria um "poste" a ser eleito com a ajuda de Lula. "Coordenei todos os programas do governo Lula nos últimos cinco anos e meio. Concordo que não tenho experiência eleitoral. Compreendo que alguns queiram dizer que sou um poste, mas isso não me transforma num poste", disse.

Sobre os investimentos em infraestrutura do Brasil, Dilma rebateou as críticas ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Dizem que o PAC não tá andando. Como não tá andando?”, questionou. Segundo ela, até agora, o PAC já teria desenbolsado mais de 70% da verba prevista para ser gasta ate 2010.

Na gravação, Dilma defendeu ainda a autonomia operacional do Banco Central, elogiou o técnico Dunga pela vitória da Seleção por 3 a 0 sobre o Chile, defendeu a governabilidade com todos os partidos e se disse favorável ao financiamento público de campanhas eleitorais e à reforma política.

Assim como Serra e Marina Silva (PV), a petista se manifestou favorável à união civil entre casais do mesmo sexo. "Quanto ao casamento, é uma questão religiosa. Tem que pensar no que a religião considera. Agora, a união, os direitos civis, esses têm que ser reconhecidos", afirmou.

Ao responder a pergunta de uma internauta sobre quais eram seus planos para melhorar a educação no País, Dilma declarou que pretende, entre outros, investir no ensino profissionalizante. “Sou a favor de fazer escola técnica em todo município que tenha mais de 50 mil pessoas”, disse.

Saúde e CPMF

Dilma afirmou, em relação ao fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que "a gente não volta pra trás na história", mas lamentou o fim do tributo. Criado em 1997 com o objetivo de financiar a saúde no país, o tributo teve o seu fim aprovado pelo Congresso em 2007.

"A gente não volta para trás na história, mas que a perda da CPMF foi muito grande, foi", disse a petista. "Ninguém vai me dizer que um sistema de saúde, que em todo lugar do mundo é caríssimo, perde R$ 40 bilhões e fica por isso mesmo, a não ser em uma discussão totalmente ideológica. Nós [do governo] deixamos isso claro [a posição contrária ao fim da CPMF], mas acabou, tá acabado. Vamos ter que abrir uma discussão sobre financiamento da saúde", disse Dilma, que vê um "subfinanciamento" no setor.

A candidata defendeu o fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde) e elogiou projetos como a participação de organizações sociais dirigindo hospitais e a criação de clínicas públicas especializadas.

Reforma Tributária

Sobre tributos, Dilma Rousseff se comprometeu com a redução a zero dos tributos sobre investimentos no Brasil, além da diminuição dos impostos para a fabricação de remédios. No entanto, a petista não se comprometeu com a realização de uma reforma tributária completa no país, alegando que uma iniciativa como esta demanda um esforço político muito grande. "Se a gente não conseguir a reforma total, nada impede de fazer algumas tópicas", disse a candidata.

Dilma se mostrou favorável à uniformização do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no país, mas com compensação dos tributos entre os Estados. "Sem compensação, não se faz reforma no Brasil", afirmou.

A petista defendeu ainda uma mudança nos parâmetros de avaliação do desempenho da economia brasileira. "Eu não acho que podemos analisar esse periodo em que estamos com os mesmos padrões de quando o país crescia 1%, 2%", afirmou Dilma, que defendeu a manutenção de um ritmo estável de crescimento, que possibilite reformas sem comprometer a capacidade de gasto do governo.

 

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