17/06/2010 - 10h18

Proposta era de R$ 1,6 mi por dossiê contra Serra e investigação de petistas, diz ex-delegado

Camila Campanerut
Do UOL Eleições
Em Brasília
  • O ex-delegado da PF Onézimo Souza depõe no Congresso

    O ex-delegado da PF Onézimo Souza depõe no Congresso

Atualizada às 10h50

Em depoimento à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, nesta quinta-feira (17), o agente aposentado da Polícia Federal Onézimo Souza confirmou que foi chamado para conversar sobre uma “proposta” por um grupo que falava em nome do comitê da candidata petista à Presidência Dilma Rousseff.

Souza confirmou o encontro com o jornalista Luiz Lanzetta, que estaria representando o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), o empresário Benedito Oliveira Neto, o Bené, e o jornalista Amaury Ribeiro Júnior. O sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, colega de trabalho de Souza, teria intermediado o encontro, realizado "entre maio e abril", disse o ex-delegado sem precisar a data.

Pelo serviço de proteção e investigação para descobrir por quem vazavam as informações do comitê foi oferecido R$ 160 mil por mês ao ex-delegado, pelo período de dez meses, o que alcançaria R$ 1,6 milhão. Além disso, foi pedido a ele que também investigasse dois petistas: Rui Falcão e Valdemir Garreta. “Eu recusei o salário, precisando trabalhar e hoje respondo a dois processos”, disse Onézimo.

Falcão é deputado federal e coordenador da campanha de Dilma Rousseff. Garreta foi ex-secretário da gestão Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo entre 2001 e 2004 e hoje é sócio de uma empresa de assessoria de imprensa que presta serviços ao PT.

“Estou tratando da primeira proposta de proteção, de medida de controle, no decorrer da proposta teve outra, que eu considero indecente. Seria fazer um trabalho específico em cima de outro candidato concorrente”, revelou Onézimo se referindo ao candidato tucano à Presidência José Serra.

Ao saber da proposta, Souza questionou: “Vocês querem reeditar o aloprado 2?”, disse parafraseando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na campanha eleitoral de 2006, Lula classificou como "um bando de aloprado" os petistas que tentaram comprar um dossiê com denúncias contra políticos tucanos.

Souza negou o trabalho e a conversa que teve com o grupo petista vazou, sendo publicada pela revista Veja. “Acabei ajudando o PT. Se não afastasse este pessoal, se não deste um basta neste tipo de coisa, as coisas seriam piores no futuro”, avaliou o ex-delegado.

Onézimo Souza trabalhou na Polícia Federal por 30 anos, na área de narcotráfico, e está aposentado há mais de 15 anos. Desde então, atua como advogado e presta serviço como investigador, mas “nunca com escutas", disse em seu depoimento. “Acho normal fazer uma pesquisa, quando você vai contratar uma pessoa, acho justo que se faça isso, é um campo moderno de trabalho”, considerou.

O requerimento para ouvir Onézimo é de autoria dos deputados federais Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Emanuel Fernandes (PSDB-SP). Idalberto Matias de Araújo, mais conhecido como Dadá, também foi convidado para depor na comissão mas disse que, por enquanto, só fala por meio de seu advogado.

Além da ameaça do próprio PT, o deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) também entrou com uma ação contra Onézimo Souza. Itagiba, que foi delegado da PF e estava presente na sessão, disse que entrou com uma representação para investigar a possibilidade de formação de quadrilha com os presentes no encontro onde houve a proposta de criação de um dossiê, e não uma denúncia direta.

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