15/06/2010 - 11h18

O que falam, quem segue quem, o mais citado: conheça o Twitter dos presidenciáveis

Andréia Martins e Cintia Baio
Do UOL Eleições
Em São Paulo

Raio X dos presidenciáveis no Twitter

Quando o assunto é Twitter, não há como negar que o efeito Obama invadiu de vez a política nacional. Candidatos a todos os cargos nas próximas eleições utilizam a ferramenta, seja para reforçar a militância, testar a popularidade com seguidores, ficar mais próximos do eleitorado ou simplesmente para tentar conquistar mais votos.

Na opinião de especialistas consultados pelo UOL Eleições, o maior erro que os candidatos podem cometer no Twitter é usá-lo como outdoor, com a intenção de promover sua imagem. Para eles, a ferramenta é pessoal e por isso, os candidatos devem se distanciar do discurso técnico, baseado em números e dados, e apostar em algo mais informal, amigável e próximo do eleitorado. Essa seria a fórmula para os políticos que querem se dar bem no microblog.

Serra mostra lado descontraído

Quando os tuiteiros em questão são os três principais candidatos à Presidência, por enquanto é o tucano José Serra quem tem acertado ao criar um ambiente de bate-papo com seus seguidores no microblog, enquanto Marina e Dilma ainda precisam sair do tom institucional.

“Acho que o Serra é o candidato mais bem-sucedido [no Twitter] porque sabemos que é ele. Fala de diversos assuntos, do seu time. Dilma e Marina têm um tom institucional que muitas vezes faz parecer que encaram o Twitter como um divulgador de mini-releases, quando é um canal de comunicação pessoal”, comenta o Consultor de Mídias Sociais Tiago Cordeiro.

No microblog o pré-candidato tucano não fala apenas sobre política. Fala de música, futebol e temas curiosos como, por exemplo, “drama de emo”, o novo visual de Aécio Neves (PSDB-MG), (“Ah, sim, ia esquecendo de contar... Quase não reconheço o Aécio com a novidade daquela barba”, post de 20 de abril) e o encontro com Sabrina Sato, que quase o convenceu a dançar o “ah, moleque” (post de 3 de junho).

Para especialistas, isso pode ajudar a afastar a imagem de “sisudo” que muitos associam ao tucano e aproximá-lo dos jovens, maioria na rede. “Ele sabe interagir com o público respondendo a alguns questionamentos e até fazendo brincadeiras. Analisando bem, os links indicados por ele sempre trazem uma opinião sobre o Brasil. Dá para se ter uma idéia de como o Serra pensa”, diz Marcelo Träsel, Coordenador da Especialização em Jornalismo Digital da PUC-RS.

Dilma tenta adotar discurso mais próximo

Aos poucos, a pré-candidata petista, que quando entrou no Twitter admitiu não saber como usar a ferramenta e pediu ajuda aos seguidores, vai abandonando o discurso técnico para se aproximar mais dos seguidores.

Um exemplo desses tweets onde a candidata fala mais do seu dia a dia é o tweet onde ela cita o encontro no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com uma menina chamada Vitória, para quem afirmou que "mulher pode sim” ser presidente, pouco antes de embarcar para Nova York, em 20 de maio.

“Dilma tem se esforçado para interagir mais com o público”, diz Träsel. Mas para ele, a petista ainda precisa se soltar mais. “O problema é que as opiniões não parecem ser pessoais, o que faz com que tudo pareça construído por um marqueteiro”, diz.

No microblog ela tem reforçado o discurso de “mulher pode” e destacado pontos positivos do governo Lula. Nesse sentido, para os especialistas, ela acerta ao falar diretamente àquele que acredita ser um eleitorado em potencial. “O eleitor quer ter um vislumbre dos pensamentos do candidato e a certeza de que ele se importa com seus problemas”, diz Träsel.

Falta “personalidade” a Marina

Para Träsel, o excesso de links de entrevistas e informações sobre a agenda da pré-candidata do PV dá a impressão de que é a assessoria quem atualiza o Twitter da senadora. “Está faltando personalidade ao perfil dela”, diz ele.

No dia 25 de maio, uma seguidora postou o seguinte comentário no Twitter da senadora: “Candidata, twitta um poquinho. Deixa a sua assessoria de imprensa descansar pelo menos um minuto”. A resposta de Marina foi rápida. “A minha assessoria até que tem descansado; quem não tem conseguido muito sou eu”. Na semana passada (10), Marina lançou um novo perfil no Twitter e fez questão de avisar que a página, apenas com informações da campanha, seria alimentada pela sua equipe de comunicação.

Na opinião dos especialistas, a falta de diálogo e de variação de temas pode acabar afastando seguidores que poderiam se transformar em eleitores. “No geral, mais importante que obter eleitores é agregar valor à imagem do candidato. Em vez de falar que vai dar uma entrevista, seria melhor que cada candidato dissesse, por exemplo, o que pensa da previdência. Crie uma semana temática e movimente a cada semana seu assunto favorito”, sugere Tiago.

“O ideal é não ter medo de se posicionar, passar uma imagem de diálogo e tolerância”, comenta. “Fica difícil saber qual a imagem [Dilma e Marina] querem passar quando tuitam como uma agenda ou um disparador de releases“, finaliza.

Eleição tweet a tweet

Marcelo Coutinho, especialista em redes sociais da FGV-SP, acredita que o Twitter não será capaz de reverter a imagem que o eleitorado tem de um determinado candidato, e reforça que a ferramenta será um captador de votos.

“O efeito [do Twitter] em termos de conquista de votos deve ser pequeno, até porque quem tem acesso à rede é o eleitor classe ABC, com maior nível de informação. O grande valor deste tipo de iniciativa é organizar militantes e reforçar a argumentação de eleitores que já apresentam uma pré-disposição para votar no candidato. Serve para ‘energizar’ grupos que dificilmente fariam campanha na rua ou iriam a um evento de campanha, mas que aceitam divulgar mensagens da candidatura através de formatos eletrônicos”, diz ele.

Para Tiago Cordeiro, os pré-candidatos deveriam aproveitar o espaço para gerar mais debate. “O mais importante é entender que rede social não é outdoor. O Twitter pode fazer diferença à imagem, mas a longo prazo. Os políticos parecem achar que vão conquistar `votos, quando poderiam é pensar em formar novos eleitores. Isso é o maior bem que uma rede social e um político poderiam fazer pelo país”, finaliza.

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