02/06/2010 - 07h00

Serra irá à convenção do PTB e terá holofotes em programa partidário, diz Jefferson

Diogo Pinheiro e Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Se o PTB fosse fisiológico, seria mais fácil fechar com o governo, diz Jefferson

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Apesar da oposição de caciques regionais, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirmou que o pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, José Serra, irá à convenção do partido em junho e receberá apoio oficial para as eleições deste ano. Além de cerca de 50 segundos no horário eleitoral gratuito, o ex-governador de São Paulo também garantiu destaque no programa da legenda, a ser exibido uma semana depois.

Em entrevista ao UOL Notícias, Jefferson afirmou que a decisão já está tomada, horas depois de conversar com o coordenador da campanha presidencial do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE). A convenção do PTB será em São Paulo nos dias 18 e 19 de junho. Os dez minutos de propaganda partidária, que serão praticamente monopolizados por Serra, irão ao ar em 24 de junho.

“Tivemos reuniões já com o presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra e vamos fazer isso dentro do balizamento legal. Sem desacatar a lei eleitoral e Tribunal Superior Eleitoral”, disse. Perguntado sobre se Serra irá ao evento do PTB, Jefferson respondeu: “Claro. Ele vai ser escolhido por nós. Tem que ser homenageado por nós”.

Sobre o programa partidário a ser exibido neste mês, Jefferson disse que serão usados recursos do próprio partido para produzir a peça. "Vamos colocar no horário do PTB e dentro da lei, mostrando a decisão da convenção nacional do partido”, afirmou.

De acordo com a assessoria de imprensa de Serra, nem o presidenciável nem membros de sua campanha estavam disponíveis para comentar se um acordo com o presidente do PTB foi fechado na terça-feira (1). Em 2002, o PSDB tentou impedir o partido de Jefferson de exibir um vídeo com as mesmas características. Na época, os petebistas eram aliados do candidato Ciro Gomes, então no PPS.

Se confirmado, esse movimento deve ampliar a pressão sobre o PP, que terá aproximadamente um minuto e 20 segundos de tempo de TV. O partido poderia indicar um vice para Serra, o senador Francisco Dornelles (RJ), mas os governistas – ligados ao ministro das Cidades, Marcio Fortes – avaliam que a melhor posição seria liberar seus membros para apoiarem o tucano ou a petista.

Fisiologia e gosto
Jefferson rejeitou o rótulo de partido fisiológico do PTB, que tem parlamentares no apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que dá apoio formal à gestão de Serra em São Paulo, continuada por Alberto Goldman. “Poderíamos estar na companhia da Dilma. Mas entendemos que a democracia se constrói com divergência, não é apenas com convergência. A base do PTB não é dilmista, não é petista”, disse. O ex-deputado, cassado em 2005, acredita ter o apoio de 75% do partido para Serra.

O líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), o pré-candidato ao governo de Alagoas e ex-presidente, Fernando Collor, e outros membros da sigla estão próximos de Lula e defendem a eleição da ex-ministra da Casa Civil, que está empatada com Serra nas pesquisas de intenção de voto.

“Há um pacto entre nós, um respeito mútuo”, disse Jefferson sobre os colegas aliados de Dilma. “Em momento nenhum durante esse tempo que eles apoiaram o governo Lula eu interferi. Procurei minimizar a posição de cada um. No momento que o partido caminha, você não pode ficar contra a vontade da maioria da convenção.”

O presidente do PTB, que ganhou renome na defesa de Collor e se tornou foco de atenção nacional depois de denunciar o escândalo do mensalão há cinco anos, afirmou que Serra é o candidato mais experiente e que tem mais chances de vencer se aumentarem as comparações entre a biografia dele e a de Dilma.

Se Serra for eleito, Jefferson deseja ver de volta no Palácio do Planalto, quatro anos depois, o único presidente brasileiro que sofreu impeachment. “Ele tem que passar primeiro pelo governo de Alagoas. A Dilma tinha 40% de rejeição, hoje tem 20%. Collor vai passar por isso. E candidatura própria é fundamental para qualquer partido que sonha em ser nacional”, disse o presidente do PTB.

Confira a íntegra da entrevista com Roberto Jefferson

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