25/05/2010 - 13h08

Serra ataca Dilma, fala em desindustrialização e critica "loteamento de cargos"

Do UOL Eleições
De São Paulo

O presidenciável José Serra (PSDB) aproveitou sua participação do Encontro da Indústria com os Presidenciáveis, nesta terça-feira (25), para criticar o governo federal e alfinetar sua concorrente na disputa pelo Palácio do Planalto, a petista Dilma Rousseff. 

Em seu discurso, o ex-governador de São Paulo disse que "a desindustrialização está acontecendo no Brasil" e criticou a queda da participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) nacional. "Sem desenvolvimento industrial poderoso, o Brasil nunca será um país desenvolvido", afirmou. "O Chile, que é uma economia pequena, segue o modelo de economia primário exportadora. Isso não dá certo para o Brasil, e nós estamos caminhando nessa direção", disse.

Antes disso, pediu a realização de um debate entre os candidatos. "Eu teria realmente preferido que os candidatos pudessem ter feito um mínimo de debate", afirmou. "Os debates estão se orientando por isolamento. Há um grande esforço para que não se possa comparar os candidatos, as ideias, o domínio dos assuntos". Ele inclusive citou o UOL como veículo para um possível debate.

Serra fez ainda uma crítica direta a Dilma. "Eu não entendi aqui a explicação que a ex-ministra deu quando ela defendeu a política cambial e os juros", afirmou. "Nós somos o país que tem a maior taxa de juros do mundo". Ele não poupou a administração federal. "Falta recurso? Não é só isso. Falta planejamento no investimento governamental; falta capacidade de gestão e capacidade de fazer um sequenciamento. Se tudo é prioridade, nada é prioridade", disse. "Cada dia sua agonia".

Durante o evento, promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em Brasília (DF), Serra e os outros dois principais presidenciáveis, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), ouviram reivindicações de empresários e falaram sobre suas propostas para a política industrial do país.

O ex-governador de São Paulo atacou o projeto de reforma tributária enviado pelo governo federal ao Congresso e que não foi aprovado. "Aquele projeto ia aumentar o déficit público e acirrar a guerra civil que quase se inicia com os roylaties do pré-sal", afirmou. "Eu fui um elemento importante para que essa ruina não fosse aprovada", vangloriou-se.

Infraestrutura e BC

Álbum de fotos

O presidenciável defendeu o trabalho em conjunto com o Ministério Público e órgãos fiscalizadores ambientais durante a confecção de projetos para evitar que eles sejam paralisados e as obras de infraestrutura atrasem. "Tem que trabalhar politicamente, no sentido da conversa, da persuasão", disse.

Serra voltou a criticar o "loteamento" do aparelho do Estado. "A Infraero está loteada. Tudo está loteado: as empresas, as agências [reguladoras]", atacou. Ele citou a Funasa (Fundação Nacional da Saúde) como exemplo de órgão público que foi prejudicado pela indicação de quadros por critérios políticos, e não técnicos. 

"[Nomeação política] Não é um mal necessário. Basta você ver que o governo precisa recompor sua base toda vez que há uma nova votação", afirmou, ao refutar a necessidade de se nomear aliados para manter uma base de sustentação política no Congresso

Ele também defendeu uma maior "integração" do Banco Central com o restante do governo. "Tem que se integrar com a política do governo, tem que ter uma integração da política monetária com a fiscal, a de planejamento", disse. "No meu governo, isso [a falta de integração] jamais aconteceria, nem acontecerá".

Além disso, mostrou-se favorável a uma reformulação total da Lei de Licitações. Para exemplificar, citou uma licitação, realizada enquanto esteve a frente do Ministério da Saúde, em que a legislação garantiria a vitória a uma marca de preservativos chinesa - a qual, segundo Serra, "cheirava a pena de galinha".

O presidenciável foi indagado por Cledorvino Belini, presidente da Anfavea; por José Mascarenhas, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia; e por Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

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