04/10/2010 - 11h01

Imigrantes, orçamento e saneamento são desafios para governador eleito de SP

Marli Moreira
Da Agência Brasil
Em São Paulo

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) terá pela frente desafios vinculados ao fato de o estado ser o mais rico entre as 27 unidades da Federação e o mais populoso, com 42,2 milhões de habitantes em seus 645 municípios.

Nesse universo, estão incluídos cerca de 3 milhões de imigrantes de 70 países, com predomínio de italianos e portugueses e a presença de colônias de árabes, alemães, espanhóis e japoneses, entre outros grupos.

O estado concentra mais de um terço de toda a riqueza produzida no país, de acordo com o último levantamento oficial, feito em 2007 pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O ritmo de crescimento regional superou o registrado em todo o país. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a soma das riquezas geradas, aumentou 6,1%, com R$ 2,66 trilhões, o PIB paulista cresceu 7,4%, alcançando R$ 902 bilhões. Em 2007, o estado representou 34% do PIB nacional. Nesse mesmo ano, o PIB per capita no estado havia atingido o maior valor dos últimos 13 anos, até então com R$ 22.667,30, e acima da média nacional - R$ 14.183,00.

O segmento de serviços tem registrado cada vez maior expressividade, com uma participação no PIB paulista de 68,4% em 2007, seguido da indústria, com 29,6% ante 30,1% em 2006, e da agropecuária, com 2% ante 2,2% no ano anterior. No cenário nacional, o parque industrial paulista ainda ocupava a liderança entre os três setores, com participação de 35,4%.

Na avaliação do assessor econômico da Federação do Comércio (Fecomércio) de São Paulo, Fábio Pina, no entanto, “o orçamento do estado não faz jus ao tamanho de sua economia”. Ele observou que o crescimento econômico do país nos últimos anos melhorou a renda da população, o que levou a um aumento do consumo, estimulando as atividades voltadas para o mercado interno.

“Há mais pessoas com celulares e com acesso à TV a cabo e isso impulsionou as telecomunicações”, afirmou Pina. Além disso, o economista lembrou que a quantidade de eventos comerciais, principalmente na cidade de São Paulo, como feiras e congressos e mesmo competições esportivas, como a Fórmula 1 e a Fórmula Indy, atraiu investimentos na rede hoteleira, de restaurantes e demais serviços associados ao turismo de negócios.

Para essa demanda empresarial e também para as necessidades cotidianas da população no atendimento do setor público, o orçamento estadual aprovado neste ano pela Assembleia Legislativa atingiu R$ 125,7 bilhões, incluindo R$ 79,8 bilhões relativos à arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e R$ 8,9 bilhões obtidos com o Imposto Sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Dados da Secretaria Estadual de Economia e Planejamento mostram que os gastos com pessoal vão consumir R$ 45,4 bilhões. Outros R$ 9,4 bilhões foram separados para a quitação do serviço da dívida. Para os precatórios, o total atingiu R$ 1,7 bilhão. Já os investimentos financiados exclusivamente com recursos fiscais foram estimados em R$ 16,8 bilhões e as despesas de custeio em R$ 27,3 bilhões.

A proposta orçamentária para o exercício de 2011 ainda não foi divulgada, mas deve ser corrigida de acordo com as estimativas de crescimento do PIB, com correção superior a 7%.

No atual exercício, o setor de educação foi o mais contemplado, com recursos de R$ 23,6 bilhões. Em todo o estado, existem 5,3 mil estabelecimentos de ensino médio e fundamental, além da escola de ensino técnico, administrada pelo Centro Paula Souza, e três universidades estaduais (Universidade de São Paulo - USP, Universidade Estadual Paulista - Unesp e Universidade Estadual de Campinas - Unicamp.

Ao saneamento básico, o governo paulista destinou R$ 2,2 bilhões, dos quais R$ 580 milhões para os sistemas de tratamento e coleta de esgotos. Mesmo sendo o mais rico, o estado ainda tem áreas onde o esgoto corre a céu aberto. Segundo o IBGE, 88% das residências são atendidas por rede coletora.

Praticadamente a totalidade dos domicílios - 99% - conta com água encanada e luz elétrica. O índice de mortalidade infantil foi estimado em 12,5%. Na capital paulista, a taxa está abaixo disso (11,9%). Na área de saúde, o orçamento do atual exercício previu gastos de R$ 13,4 bilhões, abaixo do da área de segurança pública, com R$ 13,6 bilhões, e bem acima do setor habitacional, com R$ 1,9 bilhão.

Com área de 248.209,4 quilômetros quadrados, o estado tem uma malha rodoviária com 35 mil quilômetros de vias pavimentadas, sendo 22 mil de estradas estaduais que entram na rota de escoamento para exportação pelo Porto de Santos, o maior da América Latina.

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