22/08/2010 - 12h00

Ex-tucano, Feldmann quer "tolerância zero" na segurança se eleito governador de SP

Do UOL Eleições
Em São Paulo
  • Deputado constituinte pelo PMDB e um dos fundadores do PSDB, Feldmann é filiado ao PV desde 2005

    Deputado constituinte pelo PMDB e um dos fundadores do PSDB, Feldmann é filiado ao PV desde 2005

Tolerância zero com o crime organizado, transporte sustentável nem que isso exija mudança nos impostos e foco no meio-ambiente. É essa a plataforma do candidato do PV ao governo de São Paulo, Fábio Feldmann. Em entrevista ao UOL Eleições, ele disse que fará campanha principalmente pela mídia digital por ter pouco tempo de TV e poucos recursos para dar palanque sólido no Estado à presidenciável Marina Silva.

Deputado constituinte pelo PMDB e um dos fundadores do PSDB, Feldmann é filiado ao PV desde 2005. Em 1992, foi candidato tucano a prefeito de São Paulo, e, por meio do governador Mário Covas, foi secretário estadual do Meio Ambiente. Ali, foi idealizador do sistema de rodízio no trânsito da região metropolitana – o que, segundo ele, impediu suas reeleições para a Câmara dos Deputados em 1998 e em 2002.

Com um por cento nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio dos Bandeirantes, lideradas amplamente por um amigo seu, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), Feldmann quer que o PV tenha um discurso que vá além do meio-ambiente e escolheu segurança pública como um de seus tópicos mais importantes para a campanha. Isso o levou a reciclar o slogan “Tolerância Zero”, implantado pela polícia de Nova York.

“A tolerância zero é basicamente com o crime organizado”, disse o candidato do PV na entrevista. “A abordagem de segurança tem de ser feita de maneira inovadora, inclusive ao se entender a economia do crime. Existe uma economia atrás disso. Achamos que o combate à criminalidade tem de ser feito com mais inteligência.”

Apesar dos vínculos históricos, Feldmann não poupa críticas à política de seu ex-correligionário e atual presidenciável, José Serra (PSDB). “A Polícia Civil de São Paulo investiga muito pouco. Se você verificar o percentual de boletins de ocorrência que chegam até o fim, é ridiculamente pequeno. Tem que repensar todas essas atividades”, afirmou. “Policial mal pago é passaporte para a corrupção.”

Feldmann diz ainda que, se eleito, quer “um sistema carcerário que permita a reabilitação e não voltar ao crime”. “Só que é o contrário o que acontece hoje”, avalia. “O indivíduo é cooptado pelo crime organizado.”

Para ele, “o calcanhar de Aquiles das últimas gestões de governo tucano está exatamente na educação”. Mas ele poupa o sistema de progressão continuada – chamada de aprovação automática por adversários do PSDB.

“Não sou contra a progressão continuada, porque o aluno que repete é marginalizado e estereotipado. Mas ela precisa estar acoplada com mecanismos que permitam que ele progrida, com uma condição mínima de conhecimento”, afirma o candidato. “O indivíduo completa o ensino fundamental muitas vezes analfabeto. A educação é algo crucial para São Paulo e para o Brasil.”

Ambiente
Assim como seus colegas de PV, Feldmann gosta de dizer que seus adversários “estão no século 20, enquanto nós estamos no século 21”. “A agenda do século 21 é uma em que novas economias terão de ser colocadas. E nelas o meio-ambiente tem de estar presente”, justifica. Com essa visão, defende uma “política de transporte sustentável, barato, eficiente e não poluidor”. Mas como ficam os custos disso?

“Você tem um tributo sobre o automóvel, que é o IPVA. Só que o IPVA é basicamente sobre a propriedade do automóvel. Não leva em consideração o uso. A nossa proposta é manter o IPVA sobre a propriedade e criar algum mecanismo em que a tributação fosse sobre o uso, não apenas sobre a propriedade”, diz. “Com isso, conseguiria inclusive uma política de indução de comportamento.”

Apesar disso, Feldmann diz ser contrário ao aumento da carga tributária. “Pedágio eletrônico nas grandes regiões tem de ser compatibilizado com o IPVA. Não pode simplesmente aumentar a tributação”, afirma. O candidato diz que já arcou com o preço de medidas impopulares, como a criação do rodízio de veículos em São Paulo.

“Eu perdi eleição por causa do rodízio. Não me arrependo, precisa de coragem para tomar medidas. O que foi problemático em relação ao rodízio é que ele deve ser uma medida junto de um conjunto de medidas. Algumas outras medidas não ocorreram”, diz, sem descartar a possibilidade de ampliar de um para dois os dias em que determinados veículos têm de ficar nas garagens.

Também por conta da questão ambiental, Feldmann diz que quer discutir mais a exploração dos recursos do petróleo pré-sal. “Neste momento, me dá a impressão de que o Brasil está na contramão da história”, afirmou. “O pré-sal é século 20, século 19. Outras soluções energéticas estão longe do petróleo.”

Ainda assim, o candidato acredita que é “muito difícil dizer ‘esqueçam o pré-sal’”. “O contraponto dessa discussão não ocorreu. O Brasil está vivendo um entusiasmo com o pré-sal. O papel do governador de São Paulo é investir”, ponderou. Mas nas negociações de clima o Brasil ficaria ao lado dos países árabes produtores de petróleo? É difícil. Mas temos de ter uma discussão mais profunda.”

O candidato do PV usou do bom humor para medir o ambiente para sua campanha “Eu tenho um por cento nas pesquisas, mas tenho o menor índice de rejeição”, brincou. “Temos uma condição muito desigual com os outros concorrentes. Pretendo fazer uma campanha muito inovadora e fazer uma estratégia de trabalhar na mídia digital. O eleitor do PV é jovem e, na verdade, ele tem muita familiaridade com a mídia digital. Vamos trabalhar com esse cenário.”
 

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