17/08/2010 - 16h44

Formato apimentou debate de candidatos ao governo de SP, dizem especialistas

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo
  • Geraldo Alckmin (centro) e Aloizio Mercadante (fundo) deram o tom do debate, diz especialista. Russomano (direita) foi livre atirador nesta terça-feira

    Geraldo Alckmin (centro) e Aloizio Mercadante (fundo) deram o tom do debate, diz especialista. Russomano (direita) foi "livre atirador" nesta terça-feira

O formato do debate Folha/UOL de candidatos ao governo de São Paulo, realizado nesta terça-feira (17), favoreceu o confronto entre os adversários e permitiu o aprofundamento de temas que geralmente são abordados apenas uma vez em outros tipos de discussão na mídia. Essa é a avaliação de cientistas políticos ouvidos pelo UOL Eleições após o evento.

Devido a uma mudança na legislação eleitoral no ano passado, a internet se desvencilhou das amarras impostas à cobertura política na televisão e no rádio – que, ao contrário da rede internacional de computadores, são concessões públicas. Isso permitiu que os organizadores do debate Folha/UOL estabelecessem seus critérios para convidar os postulantes ao Palácio dos Bandeirantes.

Nesta terça-feira, participaram Geraldo Alckmin (PSDB), Aloizio Mercadante (PT) e Celso Russomanno (PP). Todos eles somam mais de 10% nas pesquisas de intenção de voto. Na semana retrasada, a TV Bandeirantes recebeu um debate que exigiu a presença de seis postulantes ao Palácio dos Bandeirantes: os três mais bem posicionados e Paulo Skaf (PSB), Paulo Bufalo (PSOL) e Fábio Feldmann (PV).

“O debate foi muito bom, sem candidatos menores para atrapalhar”, disse Gaudêncio Torquato, cientista político e especialista em marketing eleitoral. “O formato permitiu que um mesmo assunto fosse tratado mais de uma vez. Educação e segurança foram mais aprofundados, mais do que vi no debate TV Bandeirantes ou nas entrevistas de presidenciáveis ao Jornal Nacional, da TV Globo. Os internautas ajudaram com as perguntas. Estava quente do começo ao fim.”

Para Torquato, o uso de internautas “foi um exemplo de democracia representativa” e “dá legitimidade aos anseios das pessoas comuns, porque elas tratam do dia-a-dia com uma linguagem coloquial, claramente elaborada por elas mesmas”. Dois dos seis blocos do debate foram dedicados a questões de enviadas pela internet. Nas três primeiras partes do programa, os candidatos perguntaram entre si. No último bloco, eles responderam questionamentos de jornalistas e fizeram seus comentários finais.

Luciano Dias, do IBEP (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos), diz que a maior vantagem do debate na internet é a possibilidade de concentrar a discussão nos candidatos que têm mais chances de vencer as eleições. "O que vi hoje funciona muito bem, é um formato mais confortável. Na TV é necessário chamar um monte de nanicos, que acabam ganhando fama porque não têm compromisso com nada. Eles podem falar na obrigatoriedade para que todas as galinhas do Brasil sejam azuis e no dia seguinte isso se torna um tópico de discussão", afirmou.

Para o cientista político, o Brasil tem exagero no número de candidatos e o debate na internet ajuda a dar a eles o peso devido. A redução no número de participantes obriga os candidatos a terem postura menos parcimoniosa. "A política brasileira está se tornando de uma sisudez insuportável. Parece uma reunião de departamento. Quando o formato permite mais confronto, como aconteceu hoje, a política ganha mais cor."

Candidatos
Torquato diz que Alckmin se beneficiou da experiência de ter governado o Estado entre 2001 e 2006 e de ter participado de outros debates. “Ele já tem domínio sobre São Paulo e teve uma postura mais harmônica”, disse ele sobre o líder nas pesquisas de intenção de voto. “Ele dominava os temas e contava muitos números. Não sei se esses números estão certo, mas ele foi didático”.

Mercadante, diz Torquato, “foi o mais contundente”. “Mas ele tem um problema: a maneira de se expressar parece sempre raivosa. Ele é uma pessoa mais carrancuda”m comentou. O especialista notou ainda que o petista se referiu mais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que à presidenciável Dilma Rousseff (PT).

A respeito de Russomanno, Torquato afirmou: “A ideia dele foi sair atirando e tentando vender a noção de que é o fiscal do povo”. “Em geral, do ponto de vista das teses, a disputa ficou entre Geraldo e Mercadante. Russomanno foi, como na outra oportunidade, mais um livre atirador”.
 

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