17/08/2010 - 14h48

Com críticas a Alckmin, Mercadante foca em educação e transporte público

Arthur Guimarães
Do UOL Eleições
Em São Paulo
  • Mercadante criticou a política atual do Palácio dos Bandeirantes, mirando em Alckmin

    Mercadante criticou a política atual do Palácio dos Bandeirantes, mirando em Alckmin

Em uma estratégia para tirar votos do ex-governador e líder nas pesquisas Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato Aloizio Mercadante (PT) teve sua participação no debate desta terça-feira (17) marcada pelos ataques ao governo tucano no Estado. Liderando uma já previsível dobradinha com Celso Russomanno (PP), como aconteceu no último debate da Rede Bandeirantes, o petista bateu especialmente na tecla da precariedade do ensino público em São Paulo.

O senador também teve sua performance delineada pela tentativa de colar sua imagem a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo silêncio ao tratar de assuntos espinhosos para o PT, como a suposta falta de investimentos federais nos grandes aeroportos paulistas, que estariam sem estrutura adequada para atender o crescimento da demanda de passageiros.

Mercadante iniciou o debate partindo para cima de Alckmin. O petista resgatou  análises antigas sobre a Educação na rede de São Paulo, feitas por José Serra (PSDB) na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, em 2006. “Inexistência de espaços físicos, falta de funcionários, déficit de docentes com o perfil correto e falta de parâmetros curriculares. Quem está certo?”, disse Mercadante, enumerando problemas apontados por Serra no passado, mas evitados por Alckmin hoje.

O tucano preferiu não responder à provocação e começou sua participação neste debate Folha/UOL falando de Saúde. Alckmin manteve o tom ríspido e disse que a sigla do concorrente, quando teve à frente da Prefeitura de São Paulo, não construiu sequer “um leito” de hospital. “O PT que tem dinheiro federal não prioriza a Saúde”, retrucou.

FOTOS DO DEBATE

  • Thiago Bernardes/UOL

    Debate reuniu os três principais candidatos ao governo de SP

O embate entre o tucano e o petista continuou nas discussões sobre transporte aéreo. Solicitado pelo mediador a fazer uma pergunta a Mercadante, Alckmin questionou o mau estado dos aeroportos no Estado. Segundo ele, o aeroporto de Cumbica precisa de um terceiro terminal e, Viracopos, em Campinas, não tem um pátio adequado de manobras.

O petista seguiu concordando com a importância do tema, mas acabou fugindo do foco e passou, novamente, a atacar o ex-governador, dizendo que o PSDB é rápido apenas “para construir pedágio” e alegando que faltariam investimentos em obras de transporte. Ligeiro, Alckmin apontou ao público a tentativa de Mercadante de fugir da polêmica. “Não respondeu à questão”, disse. “O candidato só fala mal, mas não tem propostas. Não respondeu à situação critica de Viracopos. Vamos ajudar o governo federal”, provocou o tucano.

Dobradinha

Sempre que tinha a oportunidade de fazer perguntas para Russomanno, Mercadante não perdia a chance de criticar a política atual do Palácio dos Bandeirantes, mirando indiretamente em Alckmin. Na primeira vez, afirmou que o Estado estaria com o “futuro comprometido” por conta de uma política equivocada de “16 anos’’ na Educação. Citou ainda o último projeto anunciado pelo governo, que previa o pagamento de R$ 50 para que alunos fossem incentivados a ir às aulas. “O que acha dessa falta de consistência pedagógica?”, indagou ao candidato do PP, que entrou no jogo e engrossou o coro de críticas.

Na segunda oportunidade, Mercadante classificou como “inaceitável” a situação do ensino em São Paulo e perguntou a Russomano quais seriam suas propostas para atacar o quadro. Após a reposta do postulante do PP – igualmente contundente contra Alckmin -, o petista aproveitou para novamente atacar o líder atual nas pesquisas eleitorais. “Eles privatizaram a qualidade do ensino. É de estarrecer a forma que se comporta o Estado. Projetos sensacionais que evaporam no dia seguinte”, disse Mercadante.

Participação do público

A primeira questão de eleitores respondida por Mercadante foi logo em um tema delicado para o petista. Feita pelo aposentado Fernando Campos, 80 anos, a questão tratava da divergência entre o candidato e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio envolvendo denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB). Na ocasião, Mercadante se mostrou frontalmente contra o arquivamento das pendências do presidente da Casa e chegou a anunciar que deixaria a liderança da bancada.  No entanto, logo após, mudou de opinião pressionado por Lula - e Sarney continua presidindo o Senado até hoje.

Nas imagens exibidas no Tuca, o cidadão disse: “Como posso confiar e votar no senhor?”. Mercadante disse que teria “interesse” em tratar do assunto. “Nunca aceitei o que aconteceu”, disse. Segundo ele, Lula teria o orientado a não sair do partido por bons motivos. “Ele me disse: ‘se você sair, não vai resolver a crise. E, se você deixar a liderança do partido, as dificuldades serão imensas”, lembrou o senador, sustentando ter feito a decisão correta.

Na segunda pergunta do público, a temática também foi capciosa. Valeria Barreto, corretora de imóveis, questionou quais seriam as políticas do PT para a cobrança de pedágios nas rodovias paulistas. Ela relativizava a crítica de que haveria um excesso de praças na malha viária, dizendo que tal pagamento financiaria a construção e manutenção de vias mais seguras.

Mercadante tentou desconstruir a imagem de que as estradas paulistas se modernizaram durante a gestão tucana no Estado. “Já eram as melhores do país antes de o PSDB assumir”, alegou. Segundo ele, os contratos com as concessionárias serão revistos e o índice de lucro dessas empresas serão novamente negociados. “Vou reduzir as tarifas”, prometeu.

Nas duas participações seguintes dos eleitores nos vídeos pré-gravados, o tom da discussão foi mais ameno. Dois assuntos supostamente interessantes ao candidato foram levantados. Sobre trânsito, ele prometeu “dobrar a capacidade da CPTM” e priorizar os investimentos no Metrô. Logo após, indagado sobre as obras para a Copa do Mundo, criticou a suposta demora das autoridades paulistas e paulistanas na definição dos estádios que serão usados no evento. “Estamos em agosto e não se sabe onde vai ser a Copa”, cobrou.

“Carandiru caipira” e “fracasso”

A Segurança Pública também esteve no repertório de frases provocativas ditas por Mercadante. O petista criticou a existência do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que controla os presídios paulistas e que, segundo o petista, teria sido criada durante a administração tucana no Estado. O candidato do PT arrancou risos da platéia ao falar do tema. Insinuou que o filme Carandiru – que trata da situação do antigo presídio – “continua em cartaz” no Interior. “O que é Hortolândia se não um Carandiru Caipira”, ironizou o político, fazendo referência ao centro prisional instalado na cidade de mesmo nome.

Por fim, Mercadante teve que responder à pergunta da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Ela questionou o motivo pelo qual a candidatura do PT em São Paulo não estaria sendo impulsionada pela força de Lula – fenômeno que estaria sendo sentido na eleição ao Planalto. A jornalista chamou de fracassada a tentativa de Mercadante de ganhar votos com a boa aprovação do presidente.

O petista negou que esteja indo mal na campanha. Argumentou que o PT é um “partido de chegada”, que “cresce na reta final”. O candidato disse ainda que falta uma cobertura mais presente da imprensa no pleito no Estado, o que o deixaria de fora dos holofotes. “Existe um certo silêncio na cobertura”, alegou. Segundo Mercadante, daqui para frente, a presença de Lula em sua campanha será maior. “Nossa campanha está começando”, disse.

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