17/08/2010 - 13h00

Alckmin e Mercadante polarizam debate; tucano evita Russomanno

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo
  • Aloizio Mercadante (PT). Geraldo Alckmin (PSDB) e Celso Russomanno (PP) durante debate

    Aloizio Mercadante (PT). Geraldo Alckmin (PSDB) e Celso Russomanno (PP) durante debate

Com a presença apenas de candidatos com mais de 10% nas intenções de voto, o primeiro debate Folha/UOL de postulantes ao governo de São Paulo viu nesta terça-feira (14) a polarização entre o líder nas pesquisas de intenção de voto, Geraldo Alckmin (PSDB), e o segundo colocado, Aloizio Mercadante (PT). Celso Russomanno (PP) se esforçou para elevar o tom contra o tucano, mas a maioria das suas críticas não foram respondidas diretamente pelo ex-governador.

As principais críticas do tucano foram direcionadas ao governo federal e ao PT. Alckmin admitiu que o salário dos policiais “não é o ideal” e que quer ampliar cortes de impostos feitos durante as gestões do PSDB no Estado, que iniciaram em 1994 com Mario Covas. Apenas em seus comentários finais, o candidato se esforçou claramente “para dar uma palavra de apoio” ao presidenciável José Serra, que está atrás da petista Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto.

Mercadante criticou Alckmin e Serra por suas gestões nas áreas da educação, transportes e segurança pública. Atrás nas pesquisas, com risco de perder já no primeiro turno, o petista voltou a se associar a Celso Russomanno (PP) para atacar - íntimos, os dois se chamaram quase sempre pelo primeiro nome. O petista prometeu dobrar a capacidade da companhia de trens paulista em dois anos, disse que quer rever os contratos de pedágios no Estado e repetiu que, se eleito, deve ser avaliado pelo sucesso ou não dos alunos da rede pública.

Em seu papel de provocador, Russomanno ironizou Alckmin, que se esforçou para ignorá-lo ao longo de todo o debate. O tucano ameaçou sair do sério apenas quando o pepista acusou o governo paulista de maquiar dados de segurança pública. “Tem que ter responsabilidade”, disse o ex-governador, que, fora das câmaras, demonstrou despreocupação enquanto o candidato do PP o criticava.

FOTOS DO DEBATE

  • Thiago Bernardes/UOL

    Debate reuniu os três principais candidatos ao governo de SP

Nacional e estadual
Alckmin mirou o setor aeroportuário e a legislação tributária para atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal cabo eleitoral de Mercadante. Disse também que seu principal rival não faz nada além de criticar a gestão paulista, até março comandada pelo presidenciável Serra. “Ele [Mercadante] só sabe falar mal, não tem solução, não tem resposta para nada”, alfinetou o tucano.

Mercadante ironizou Alckmin ao se referir à implosão do principal presídio de São Paulo durante sua gestão, entre 2001 e 2006: “Ele diz que o Carandiru agora está só em filme. Mas esse filme está em cartaz em todo o interior de São Paulo”, afirmou. O petista atacou também a “fixação privatista” do PSDB no governo.

Quando Alckmin criticou o Palácio do Planalto por não viabilizar investimentos para o Expresso Aeroporto entre a capital paulista e o aeroporto de Guarulhos, Mercadante subiu o tom: “Ele não assume responsabilidades. Ou vai para as costas do Lula ou é para o setor privado”.

A dupla Mercadante-Russomano atuou com mais liberdade do que no debate da TV Bandeirantes, na semana passada. Na ocasião, havia seis candidatos presentes. Por outro lado, Alckmin não teve o anteparo do candidato do PV, Fabio Feldmann, que o ajudava a esfriar o debate. Desta vez o próprio tucano teve de fazer isso, ao não se estender sobre as críticas do pepista.

“Propaganda enganosa” do programa Nota Fiscal Paulista, dados “maquiados” de segurança pública e “entrega de ar” no lugar de água da Sabesp estão entre os ataques que Russomanno fez ao tucano. Alckmin usou várias respostas ao pepista para rebater argumentos de Mercadante, feitos anteriormente. E se dirigiu aos internautas para evitar o confronto com o candidato do PP.

Com os comentários do petista, Alckmin foi mais atencioso. Ao rebater críticas de Mercadante sobre a atual gestão, disse: “A saúde não é prioridade do PT. E a cidade de São Paulo, onde o PT governou, não construiu um hospital. Nós do PSDB construímos 30 hospitais”, disse. “O PT, que tem dinheiro federal, diminui sua participação nos investimentos em saúde.”

Ainda sobre o governo federal, Alckmin disse: “Nem o terceiro terminal foi feito em Cumbica. Em Viracopos não tem nem pátio de estacionamento. Não tem plano executivo. E vocês ficaram oito anos”, apontou o tucano. Mercadante rebateu com dados oficiais do Palácio do Planalto. Russomanno assistiu.

Questão de apoio
Em seus comentários finais, Alckmin dedicou quase 30 segundos a "uma palavra de apoio ao Serra". Entremeou elogios ao presidenciável e críticas ao PT. "É muito fácil falar mal. Queremos falar do futuro, de esperança", disse, ao listar “decisões equivocadas” dos petistas desde a redemocratização do Brasil. Antes disso, o tucano raramente citou Serra.

Mercadante tentou colar sua imagem na de Lula, mas não na de Dilma Rousseff (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto. Estendeu-se em comentários sobre a presidenciável apenas quando questionado sobre se a chance de Alckmin vencer no primeiro turno não seria um fracasso para ele, já que a petista apresenta desempenho melhor nas pesquisas. “Essa é uma boa pergunta. É um sinal de que vocês estão reconhecendo já o sucesso dela”, ironizou.

Nem Serra nem Dilma prestigiaram o debate desta terça-feira. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com quem Alckmin se atritou na disputa municipal de 2008, também não veio.

Apesar de ter o apoio de Lula, Mercadante disse que falta suporte da imprensa para discutir a disputa pelo governo de São Paulo. Ele afirmou que o PT “é um partido de reta de chegada”, o que deixaria em aberto o enfrentamento com Alckmin em 3 de outubro. “A maioria dos eleitores não sabe em quem vai votar para governador”, disse.

Outro apoio em questão foi o do deputado Paulo Maluf (PP-SP). Ao falar sobre o polêmico ex-prefeito e ex-governador, Russomanno despertou rostos vermelhos entre os convidados. “A administração do PT em São Paulo teve apoio de Paulo Maluf. Quando governador, Alckmin também tinha o apoio de Paulo Maluf. Todos querem o apoio político do Paulo Maluf porque ele tem voto”, afirmou. Na plateia, Paulo Maluf sorriu pela segunda vez – a primeira foi ao ver imagens suas em antigos debates na TV.

Debate Folha/UOL
O debate promovido pelo jornal Folha de S.Paulo e o portal UOL foi realizado no Tuca, teatro da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), com transmissão ao vivo pelo UOL.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira (13), o candidato do PSDB lidera a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, com 54% das intenções de voto, contra 16% do petista e 11% de Russomanno.

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