11/09/2010 - 10h03

Jovens focam em educação e violência em encontro com candidatos no RS

Alexandre de Santi
Especial para o UOL Eleições
Em Porto Alegre

Cercados por centenas de adolescentes, oito candidatos ao governo do Rio Grande do Sul sentiram o pulso da juventude do Estado na tarde desta sexta-feira (10), em encontro realizado na PUC (Pontifícia Universidade Católica), em Porto Alegre.

Por cerca de duas horas, os candidatos responderam dúvidas gravadas em vídeo por estudantes no evento promovido pelo Kzuka, canal de comunicação especializado no público jovem. Na pauta, violência e educação surgiram como prioridades para os estudantes.

Todos os candidatos ao governo gaúcho foram convidados, mas apenas a governadora Yeda Crusius, que disputa a reeleição pelo PSDB, não compareceu.

Os líderes das pesquisas, José Fogaça (PMDB) e Tarso Genro (PT), dividiram o palco com Aroldo Medina (PRP), Carlos Schneider (PMN), Humberto Carvalho (PCB), Julio Flores (PSTU), Montserrat Martins (PV) e Pedro Ruas (PSOL). A cada pergunta apresentada em vídeo, um candidato era sorteado para responder.

O debate foi inaugurado com uma pergunta sobre a dependência química e o crack, que costuma ser associado à origem de episódios de violência. Aroldo Medina destacou que somente a aproximação entre pais e filhos poderá reduzir o vício em drogas, para que filhos compreendam os riscos dos químicos.

A segunda pergunta reforçou uma preocupação típica dos jovens: como enfrentar a violência noturna, uma vez que a balada é parte do cotidiano dos adolescentes? A questão arrancou risadas da plateia. O candidato Montserrat Martins argumentou que o problema deve ser encarado como uma questão social, e não apenas como problema de polícia.

A educação surgiu na quarta pergunta, quando um estudante questionou sobre o futuro das universidades estaduais - tema de polêmica no Estado quando o governo Olívio Dutra, do PT, criou a UERGS (Universidade Estadual do Estado do Rio Grande do Sul) e foi acusado de moldar a instituição com fins ideológicos.

José Fogaça, que vem prometendo a manutenção de programas de todos governos anteriores, mesmo de adversários, garantiu que pretende revitalizar a universidade estadual. “A UERGS ficou muito desalentada nos últimos anos”, disse. O peemedebista disse que vai focar a ação da instituição na formação de profissionais para as diferentes vocações regionais do Estado.

Logo depois, em mais uma pergunta sobre criação de novas vagas no ensino superior, Fogaça destacou a necessidade de aumentar a atenção do governo no ingresso de jovens no Ensino Médio, em vez de privilegiar as universidades. Segundo o ex-prefeito de Porto Alegre, o índice de jovens com diploma secundário ainda é baixo no Brasil.

O ex-ministro Tarso Genro aproveitou nova pergunta sobre violência para prometer a criação da versão gaúcha do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), uma das suas principais realizações à frente do Ministério da Justiça e tema recorrente na campanha. “Vamos criar polícias pacificadoras, como as que estão sendo instaladas no Rio de Janeiro”, disse o petista, que lidera as pesquisas no Estado.

Quando os jovens quiseram saber a opinião dos candidatos sobre o uso da força policial e o cerceamento de liberdades para conter a violência, Fogaça e Tarso garantiram diálogo e proteção aos diretos humanos. O petista descartou o uso da força contra movimentos sociais e pregou o diálogo.

“Em nenhum momento usei a força bruta contra movimentos sociais quando chefiei a Polícia Federal. Se eu for governador, entre a minha cadeira e os professores, não estará a Brigada Militar”, disse Tarso em referência aos conflitos do governo Yeda com professores estaduais, nos quais a polícia militar foi chamada para intervir.

Fogaça se disse contrário ao toque de recolher imposto por algumas prefeituras do interior para reduzir a violência noturna. “Em princípio, sou contra qualquer medida que venha a diminuir a liberdade das pessoas”, disse o candidato. Como remédio, Fogaça pediu reforço da Brigada Militar nas ruas.

Ao final do evento, alguns estudantes aproveitaram a oportunidade para interagir pela primeira vez com os candidatos ao governo do Estado. Paulo Nobre, 17 anos, estudante de direito, levou uma preocupação da sua terra natal, a cidade de São Gabriel. Acostumado ao conviver com o conflito de ruralistas e trabalhadores sem-terra no município, o jovem perguntou a José Fogaça mais uma dúvida ligada à violência.

Queria saber do candidato se a polícia seria acionada para ocupar terras invadidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). “A violência é uma questão que tem preocupado muito os jovens. A violência em todos os sentidos”, disse Nobre, que ouviu do peemedebista a promessa de que a reintegração de posse não será realizada com força bruta por parte da polícia. “Acho que não pode ter violência de maneira nenhuma”, argumentou o estudante.

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