13/08/2010 - 02h31

Fogaça e Yeda são os mais atacados no primeiro debate para o governo do RS

Alexandre de Santi
Especial para o UOL Eleições
Em Porto Alegre
  • Debate da TV Bandeirantes reúne candidatos ao governo gaúcho

    Debate da TV Bandeirantes reúne candidatos ao governo gaúcho

Num encontro onde José Fogaça (PMDB) e a governadora Yeda Crusius (PSDB) foram os principais alvos dos adversários, sete candidatos ao governo do Rio Grande do Sul participaram do primeiro debate na TV das eleições 2010, realizado na noite desta quinta-feira (12), na TV Bandeirantes. Dos nove candidatos ao Palácio Piratini, somente dois não compareceram: Humberto Carvalho (PCB) e Julio Flores (PSTU).

Além de Fogaça, ex-prefeito de Porto Alegre e candidato pela coligação Juntos Pelo Rio Grande (PMDB-PDT-PTN-PSDC), e Yeda, que busca a reeleição com a coligação (PSDB-PPS-PP-PRB-PSC-PTdoB-PHS-PSL), o evento contou com a presença do ex-ministro Tarso Genro, da Unidade Popular pelo Rio Grande (PT-PSB-PCdoB-PR), Aroldo Medina, da coligação Despertar Farroupilha (PTC-PRP), Montserrat Martins (PV), Carlos Schneider (PMN) e Pedro Ruas (PSOL).

Foram duas horas e meia de debate, distribuídas em seis blocos. Como a bancada estava recheada de candidatos de pouca expressão nas pesquisas, o debate só engrenou depois do primeiro bloco, quando o grupo respondeu perguntas de jornalistas da emissora gravadas previamente e sorteadas entre os candidatos. Cada questionamento tratava de um tema diferente: saúde, gestão pública, segurança, geração de empregos, meio ambiente, educação e infra-estrutura.

A abertura serviu como aquecimento, mas Fogaça e Tarso aproveitaram os minutos iniciais para apresentar a tônica dos seus discursos. O peemedebista usou uma pergunta sobre a crise no sistema prisional para apresentar pontos do seu governo para a segurança pública - ao longo de todo o debate, Fogaça evitou polêmicas e tentou focar suas intervenções em propostas para o Estado.

Tarso usou o tempo para reforçar a necessidade do Rio Grande do Sul acompanhar o Brasil no crescimento econômico, uma forma de reforçar o discurso de aproximação com as conquistas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo bloco
Embora o tema fosse saúde, o segmento foi marcado pela discussão sobre o envolvimento da gestão Yeda em irregularidades. Por força do regulamento, a tucana dirigiu uma pergunta sobre o Programa Saúde da Família (PSF) para o candidato Pedro Ruas, autor de denúncias contra ela desde o estouro de uma operação da Polícia Federal que originou investigações sobre o Detran (Departamento Estadual de Trânsito).

Na resposta, Ruas disse que a saúde no Estado poderia melhorar com o combate à corrupção e com a renegociação da dívida, duas questões que o governo Yeda teria deixado de atacar segundo o candidato. O Ministério Público Federal citou a governadora como beneficiária direta do esquema ilícito do Detran.

“Com o que tivemos de corrupção e com o que pagamos de dívida, a questão da saúde poderia ser resolvida”, disse Ruas. Yeda usuou a mesma postura que repetiria ao longo do debate: “A Justiça já me tirou do processo, mas vocês repetem e repetem”. Na tréplica, o candidato continuou atacando: “Lamentavelmente devo dizer que isso não é verdade. O que existe no processo é uma discussão de competência jurisdicional. A senhora continua no processo, é só uma questão de discutir onde a senhora será julgada”, concluiu.

Terceiro bloco
Livre para dirigir uma pergunta sobre políticas sociais a qualquer um dos candidatos, Tarso ignorou o regulamento e atacou Fogaça. Ambos disputam o primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto - o petista lidera os levantamentos. O ex-ministro perguntou se Fogaça concordava com a governadora, que havia insinuado que o esquema de corrupção no Detran havia iniciado no governo anterior, do peemedebista Germano Rigotto.

“O governo Germano Rigotto sai intocável desta questão”, disse Fogaça. Tarso insistiu na réplica: “A governadora está se colocando como herdeira deste caso”. E o peemedebista repetiu o argumento de que Rigotto, candidato ao Senado na coligação de Fogaça, saiu ileso das acusações do Ministério Público.

O peemedebista também foi alvo de Pedro Ruas no mesmo bloco. Perguntado sobre como solucionaria as desigualdades regionais, o socialista respondeu questionando por que Fogaça não havia apoiado a instalação de uma CPI para apurar irregularidades na Secretaria Municipal de Saúde na Câmara de Porto Alegre enquanto ainda era prefeito. Fogaça explicou que as denúncias haviam partido da própria secretaria e que, portanto, não haveria necessidade de investigação.

Quarto bloco
A questão das acusações de corrupção voltaram a surgiu no quarto bloco, quando Ruas dirigiu uma pergunta a governadora: “Diante das acusações da Operação Rodin, a senhora não se sente constrangida em buscar um novo mandato?”. Yeda tentou desmerecer o tom acusatório do PSOL e disse que o partido é que deveria estar constrangido de repetir as mesmas acusações. “O povo não aguenta mais isso. Eu não vou perder mais tempo com isso”, afirmou a governadora.

Quinto bloco
Foi a vez de Fogaça fazer uma pergunta a Tarso. O peemedebista, no entanto, preferiu baixar o tom e utilizar o momento para diferenciar as duas plataformas.  Questionou o petista sobre a importância do controle das finanças. Tarso respondeu: “O presidente Lula mostrou, é isso que vamos implantar aqui no Rio Grande do Sul, que o controle fiscal é importante, mas sem descuidar do desenvolvimento. Sim, sobriedade fiscal, mas também com investimentos”.

O peemedebista usou a réplica para dizer que Lula manteve os fundamentos econômicos do governo de Fernando Henrique Cardoso, em uma aposta do candidato para se aproximar tanto de eleitores petistas quanto tucanos, já que Fogaça adotou uma posição de neutralidade nas eleições presidenciais, na disputa entre a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra.

Sexto bloco
No encerramento do debate, os candidatos tiveram um minuto para responder à seguinte pergunta: "Com a sua vitória, como estará o Rio Grande do Sul em 2014?". Tarso e Fogaça foram sucintos para expor suas diferenças. O petista destacou sua proximidade com Lula e Dilma: “Os gaúchos gostam de pessoas com posição. Somos a chapa que representa o presidente Lula e apoia a candidata Dilma”. Já Fogaça, tentou reforçar sua neutralidade: “Não importa se o presidente é A ou B, o que importa é o Rio Grande do Sul”, concluiu.

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