21/09/2010 - 03h01

Adversários atacam Cabral, que evita retrucar em debate

Daniel Milazzo
Especial para o UOL Eleições
No Rio de Janeiro
  • Sérgio Cabral participa de debate entre candidatos ao governo do Rio na TV Record

    Sérgio Cabral participa de debate entre candidatos ao governo do Rio na TV Record

Três contra um. Foi esse o tom o debate iniciado pela rede de televisão Record na noite de segunda-feira (20) e que seguiu madrugada adentro com os candidatos a governador do Estado do Rio de Janeiro. Líder nas pesquisas de intenção de voto e com reais chances de vencer o pleito já no primeiro turno, o candidato à reeleição, Sérgio Cabral (PMDB), foi o alvo preferido dos adversários.

Desde o início do debate, Cabral preferiu evitar o confronto direto e evitou responder aos ataques de Fernando Gabeira (PV), Jefferson Moura (PSOL) e Fernando Peregrino (PR). Um dos raros momentos em que o atual governador reagiu mediante um esboço de ataque veio após Fernando Gabeira insistir no pedido de explicações sobre supostos superfaturamentos na área da saúde. “Você vem me falar de saúde, de transparência? Quando o seu partido participou do governo do César Maia [ex-governador], que sofreu intervenção do governo federal, um governo que abandonou o Rio de Janeiro... Francamente, Gabeira”. “Ficou indignado”, secundou o verde.

Ainda no início do debate, Fernando Peregrino questiona como Sérgio Cabral usa R$ 500 milhões em propaganda eleitoral, mas permitiu que o jovem Fábio de Souza Nascimento, 14, morresse pela falta de um balão de gás cuja despesa mensal seria de R$ 520. Cabral, de bate-pronto, devolveu: “Percentualmente, a média do meu gasto com publicidade é menor do que os oito anos que você representa de casal Garotinho”.
Daí por diante, a cada oportunidade Peregrino procurou destacar a participação de Cabral na gestão de Anthony Garotinho e Rosinha, acusando o atual governador de ter “apunhalado” o casal. Cabral não deu esclarecimentos sobre a morte do adolescente, ocorrida em agosto, e chamou de “lamentável” a opção por inserir o caso de Fábio no debate.

Fernando Gabeira também não poupou os gastos de campanha do atual governador. “Ele [Cabral] gosta de UPA [Unidade de Pronto Atendimento], mas gosta mais ainda de propaganda. Com isso [dinheiro de campanha], dava para construir 46 UPAs”, alfinetou o segundo colocado nas pesquisas.

Ano base: 1808

Quando o assunto saneamento básico veio à baila, Sérgio Cabral disse: “Nós dobramos o tratamento de esgoto no Rio de Janeiro desde D. João VI até a nossa chegada”. A declaração não escapou à ironia fina do candidato do PV: “O Lula diz que tudo começou com ele. O Sérgio Cabral é mais modesto: é desde a chegada de D. João VI”, comentou Gabeira, antes de classificar o saneamento como “um problema da nossa geração”.

A figura do monarca também foi utilizada posteriormente por Jefferson Moura, quando alegou que o pagamento de salários em dia já era prática existente nos tempos de D. João VI e criticou o baixo rendimento concedido aos professores da rede pública de ensino.
Impedido pelas regras do debate de mostrar documentos ou objetos às câmeras, o candidato do PSOL descreveu uma espécie de “cartão de crédito eleitoral”, recebido por sua sogra, que imitava um cartão de crédito normal mas trazia conteúdo de propaganda política do candidato do PMDB. Cabral negou qualquer conhecimento sobre o cartão.

UPP e Educação

O candidato do PR foi o mais enfático nas críticas às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), chamando-as desde “latas alugadas que não funcionam” até “falácia” e “mito”. Peregrino criticou o atual modelo argumentando que as UPP apenas criam uma situação de paz momentânea e transferem o problema da insegurança para outras regiões do Estado. “Precisamos torná-la [a UPP] um projeto social, e não um projeto policial”, defendeu Peregrino.

O atual governador defendeu o modelo das UPP e prometeu instalar uma UPP em toda comunidade do Estado do Rio de Janeiro onde haja poder paralelo. Jefferson Moura, criticou o planejamento da expansão das UPP: “Não haverá alternativa de pacificação viável para o conjunto do Estado do Rio de Janeiro sem o investimento em educação. No Morro do Alemão nós temos uma escola estadual. Não é possível pensar a política de segurança apenas no eixo dos interesses dos negócios da Copa”.

Peregrino, Moura e Gabeira tocaram repetidas vezes na mesma tecla: as baixas notas que a educação pública fluminense recebeu nos mais recentes estudos. “Não adianta montar as UPPs sem que o jovem não tenha outro caminho”, disse o candidato do PR, seguido do endosso de Gabeira: “Vimos o governador entregar vários computadores, esperando que eles resolvam o problema. [...] Mas o Rio ainda está na lanterna”.
 

Sites relacionados

Siga UOL Eleições

Hospedagem: UOL Host