25/08/2010 - 12h52

Gabeira critica política de alianças do PT

Carlos Bencke e Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo

O candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PV, Fernando Gabeira, atacou nesta quarta-feira (25), durante sabatina promovida pela Folha de S. Paulo e pelo UOL, a política de alianças e o que classifica como "loteamento de cargos" e "falta de transparência" dos governos federal e estadual do Rio de Janeiro. Segundo Gabeira, tais táticas são poderosas durante as eleições.

O ex-petista criticou diretamente o PT, dizendo que o Brasil vive uma política de "arca de Noé", onde um partido vai trazendo vários outros para a sua coligação em troca de cargos. "Essa tática é muito poderosa e nós [PV] estamos propondo um outro caminho. Não vamos fazer um loteamento político", afirma.

O candidato verde, no entanto, fez a ressalva de que isso não significa deixar de lado possíveis aliados. "Quando eu digo que nao haverá loteamento político nao significa que os partidos serao deixados de lado", disse.

Gabeira foi especialmente duro com a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, acusando a petista de falta de transparência e incapacidade de assumir responsabilidade. Gabeira citou o episódio em que Dilma disse não ter assinado, apenas rubricado, uma primeira versão de seu programa de governo, criticado em alguns pontos.

“Há transparência nesses políticos aí? O que eu vejo é: eu não vi, eu não li”, afirmou, completando: “Não fazem isso, mas estão ganhando nas pesquisas. Pode ser que a população brasileira não considere esses valores determinantes para sua escolha”.

Gabeira justificou sua saída do PT, ocorrida em 2002, por acreditar que o partido estava muito mais focado em desenvolvimento e deixando de lado questões como o meio ambiente.

Luta armada

O ex-guerrilheiro do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) afirmou que é um erro considerar a militância dele e da presidenciável Dilma Rousseff (PT) em grupos armados durante a ditadura militar (1964-1985) como uma tentativa para redemocratizar o país. A petista usou essa interpretação em seus programas no horário eleitoral obrigatório.

“No caso da Dilma, existem diferenças na apreciação do que foi a nossa atuação”, disse Gabeira. “Todos os ex-guerrilheiros dizem que estavam lutando pela democracia. Mas se você examinar o programa que tínhamos naquele momento, queríamos uma ditadura do proletariado. Esse é um ponto de separação do passado. A luta armada não estava visando a democracia, ao menos não no seu programa", afirmou.

Discurso e apoios ambíguos

O candidato admitiu a ambiguidade em sua campanha, que tem o apoio dos candidatos à Presidência Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB), em uma coligação com PSDB, DEM e PPS.

"Toda vez que estou com a Marina, me perguntam do Serra. Toda vez que estou com Serra, perguntam da Marina. Toda vez que estou sozinho, dizem que estou muito sozinho. Toda vez que estou com alguém da minha campanha, dizem que estou mal acompanhado”, disse.

Questionado sobre bandeiras históricas do PV, agora deixadas um pouco de lado durante a campanha presidencial, Gabeira disse que é preciso mudar o discurso se um partido tem a ambição de disputar o Palácio do Planalto.

“As ideias não precisam mudar, mas o discurso muda”, disse. Segundo ele, em uma eleição desse porte, é preciso tratar de temas maiores como educação, segurança e saúde.

UPPs e PAC

O segundo colocado nas pesquisas disse que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) deveriam estar vinculadas a obras do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC) para serem mais efetivas. Segundo Gabeira, as UPPs tem um alcance pequeno.

"O governador diz que existe paz no Rio. Eu digo que não, porque onde eu ando vejo pessoas armadas. O governador está mentindo? Não. Ele está falando a verdade sobre 1% da população de comunidades pacificadas. Ele quer que todas as comunidades sejam pacificadas. Eu que gostaria disso, digo que não é possível porque não temos nem homens nem mulheres para fazer isso", afirmou.

Drogas

Já ao fim do debate, o histórico defensor da liberação das drogas admitiu que a polícia brasileira não está preparada para uma medida desse tipo e que evoluiu sua posição depois de observar experiências no exterior. Ele também afirmou que é um liberal em praticamente todos os assuntos e que é contra “praticamente tudo que é obrigatório”.

Questionado sobre se mudou sua antiga posição pela liberalização, o candidato negou, mas disse que o Brasil não tem estrutura para isso hoje. “Olhando as experiências na Holanda e em Londres, cheguei à conclusão de que só uma polícia muito avançada pode legalizar [as drogas]”, disse. “Mas a liberação não é o 'liberou geral'. É um policiamento mais avançado. Com a polícia que nós temos hoje, mal paga, mal aparelhada, não”.

Confira a íntegra da sabatina com Fernando Gabeira

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