Paulista do município de Garça, filho de pai palestino e morador, quando criança, da província de Ancash, no Peru, Omar José Abdel Aziz foi eleito neste domingo o governador do Estado que, a partir dos anos 70, lhe deu raízes: o Amazonas.

Ele venceu nas urnas o candidato Alfredo Nascimento (PR) e, durante a campanha, fez propostas bem específicas para seu eventual governo. Entra elas, destacam-se as promessas de abrir 36 centros educacionais de ensino integral no Estado, construir um centro de reabilitação de dependentes químicos em Manaus e preparar a rede hospitalar para realizar cirurgias de transplante renal.

Na área de saneamento, Aziz disse que pretende apoiar os municípios em questões de abastecimento de água e esgoto e falou que irá dar continuidade ao Prosamin (Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus).

Com a vitória neste 3 de outubro, Aziz, que já foi em duas ocasiões vice-prefeito e em duas vice-governador, chega pela primeira vez ao cargo mais alto do Amazonas.

Trajetória

Aziz chegou a Manaus adolescente, estudou na Etfam (Escola Técnica Federal do Amazonas), ingressou na faculdade de engenharia da Universidade Federal do Amazonas e, já nos anos 80, entrou na vida política via movimentos estudantis. Filiado à União Nacional dos Estudantes e ao Partido Comunista do Brasil, afirma haver lutado pela transição à democracia e participado das Diretas Já.

O primeiro cargo público foi conquistado em 1987: naquele ano, Aziz assumiu a direção do órgão estadual Fundac (Fundação de Desenvolvimento e Apoio Comunitário) sob a indicação do então governador Amazonino Mendes. Bem relacionado e cada vez mais conhecido, conseguiu uma cadeira na Câmara de Manaus um ano depois e, em 1992, foi reeleito como o vereador mais votado da cidade.

Anos 90 e 2000

Nos anos 90, Aziz ainda seria eleito deputado estadual pelo Amazonas e duas vezes vice-prefeito de Manaus, época em que também assumiu a secretaria municipal de obras da capital amazonense. Na pasta, afirma haver sido responsável pela urbanização de 54 bairros da cidade.

Depois de ser alçado, em 2001, a secretário de segurança de mais um governo Amazonino Mendes, Aziz entrou diretamente na disputa pelo cargo mais alto do Estado: nas eleições de 2002 e 2006, foi eleito e reeleito vice-governador na chapa de Eduardo Braga e assumiu o governo em março de 2010, quando Braga renunciou ao cargo para concorrer a uma cadeira no Senado.

Vitorioso nas eleições deste ano, Aziz conseguiu montar, durante a campanha, uma coligação inusitada ao redor de seu partido, o pequeno PMN: sua base de apoio juntou partidos que, em outras partes do país, são ferrenhos oponentes, como PC do B e DEM.

Polêmicas

A carreira do agora governador amazonense, por sua vez, não está livre de controvérsias. Reportagem publicada pela Folha de S.Paulo em agosto de 2006 mostrou que Aziz pressionou deputados do Amazonas para aprovar emenda que garantiria a ele, como vice-governador do Estado, uma aposentadoria de aproximadamente R$ 20 mil. Na época, Aziz se defendeu: "Não recebi nem tenho a intenção de receber qualquer aposentadoria”.

Já em junho de 2003, o jornal “Diário do Amazonas” revelou que um motorista de Aziz foi nomeado conselheiro da Cosama (Companhia de Saneamento do Amazonas), com salário de R$ 11 mil. Para rebater a denúncia, a assessoria de Aziz afirmou que o motorista trabalhava com ele “há mais de 20 anos” e que não era somente um funcionário, mas “um assessor”.

O caso mais grave, porém, ocorreu quando a delegada Graça Silva, da Delegacia do Menor, acusou Aziz de pressioná-la para não apresentar inquérito em que ele era acusado de ter feito programa com uma menina de 15 anos à CPI da Exploração Sexual do Congresso. Aziz, considerado inocente pela CPI meses mais tarde, confirmou que ligou para a delegada, mas diz que seu objetivo era saber "como estava o andamento dos procedimentos".
 

 

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