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13/10/2008 - 16h30

Em sabatina, Marta chama Kassab de "duas caras" e nega insinuação de homossexualidade

Rosanne D'Agostino
Em São Paulo
Atualizada às 17h57

Veja a íntegra da sabatina


    Em sabatina do jornal "Folha de S.Paulo" nesta segunda-feira (13), a candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PT) não poupou o adversário Gilberto Kassab (DEM) dos ataques que inflamaram sua campanha no segundo turno. A petista voltou a criticar a gestão do atual prefeito, a quem tachou de "duas caras", atrelou sua imagem à do ex-prefeito Celso Pitta, de quem Kassab foi secretário, mas negou que tenha havido exagero em sua propaganda eleitoral, que abordou a vida pessoal do candidato à reeleição.


    A polêmica teve início com as inserções da petista em que o locutor pergunta: "Você sabe mesmo quem é o Kassab? Sabe de onde ele veio? Qual a história do seu partido?" Em seguida, aparece a foto do prefeito: "Sabe se ele é casado? Tem filhos?"


    O que você achou de Marta Suplicy na sabatina?

    Marta afirmou que desconhece as inserções. "O que compete a mim aqui, eu falo, debato. Agora, a condução da campanha de televisão, o marqueteiro conduz, ele faz", alegou. Questionada pelo editor da "Folha" Fernando de Barros e Silva sobre se as perguntas feitas na propaganda não traziam "insinuação de homossexualismo", a candidata afirmou: "Não acho. É uma pergunta como qualquer outra".


    Após a insistência dos jornalistas que conduziam a sabatina, no entanto, a candidata defendeu que é preciso conhecer a vida pessoal do candidato em quem se vai votar. "Se a senhora se candidatar, eu tenho direito de saber, se é casada, se é viúva, o dia inteiro me perguntam tudo", afirmou à jornalista Vera Guimarães Martins. "A vida é política", completou, ao responder se o fato de ser casado e ter filhos também faz parte de uma trajetória política. "As pessoas podem entender o que quiserem. Eu entendo que as pessoas têm que saber sobre o candidato. Aliás, elas devem saber sobre o candidato."

    POLÊMICA

    Marta se diz vítima de preconceito e nega invasão da privacidade de Kassab


    A petista disse ainda ter sido vítima de invasão de privacidade em toda a sua carreira na política e negou que a campanha do PT esteja apelando para o preconceito. "Talvez eu seja a pessoa mais perseguida. Aliás, a "Folha", a vida inteira, a pessoa que mais invadiram a privacidade fui eu. Quando eu me separei, eu vivi com um repórter da Folha uma semana, de dia e de noite, para fotografar quem entrava na minha casa. Da minha boca, vocês não vão escutar um preconceito ou baixar nível de campanha. Da minha parte, não existe isso. Eu acho que estão interpretando além da conta. Eu acho importante saber a trajetória, não de uma forma sexista como vocês fazem comigo."


    Kassab x Pitta x Covas x Erundina


    Marta argumentou que a população desconhece a trajetória política de Kassab e é essa trajetória que ela pretende mostrar no segundo turno. "É preciso saber da biografia e trajetória. Eu tenho uma vida absolutamente transparente, as pessoas sabem de onde eu vim. E eu acho importante que as pessoas saibam. E as pessoas não sabiam que ele era tão próximo do Pitta. E nós estamos quase cometendo o mesmo erro que cometemos com o Pitta", afirmou.

    RESPOSTA

    Kassab critica estratégia de Marta de polemizar vida pessoal; PT diz que "não é nada demais"


    "O Kassab diz que não nasceu na ditadura, ele era criança. Ele tinha 20 anos já. Agora, ele escolheu o PFL. O PFL é o partido dos coronéis do nordeste, ele disputou todas as prefeituras e não ganhou em nenhuma capital. É um partido que simboliza o atraso, do atraso, do atraso. Aquela pobreza da Bahia era mantida pelo PFL. Enquanto não tinha Lula, lá não tinha luz. E Lula tem história, ele sempre teve um lado, igual a Kassab. Ele pode, como presidente da República, ter que estender a mão para lá e para cá. Agora, ninguém duvida de que lado Lula está, e Kassab também. O próprio Alckmin falou isso, que ele se passa por tucano, e não é. Agora, vocês ficam perguntando o que gosta de comer, por que não pode saber se é casado?", completou.


    Ainda sobre a trajetória de Kassab, Marta afirmou que a população vota nele porque não o conhece. "É o desconhecido. Isso é o mais sério. Pitta foi eleito exatamente assim. Quem eleger Kassab, vai estar dando um cheque em branco para alguém que não conhece. Porque agora ele administra com o voto de outro. Além desse DNA totalmente escondido, tem essas duas caras, uma que veta e outra da propaganda", alfinetou, ao citar projeto de lei sobre o CEU profissionalizante, vetado por Kassab.


    DESCONHECIDO

    Marta associa DEM a atraso e diz que quem vota em Kassab assina cheque em branco

    Questionada sobre se adotou um tom mais agressivo em sua campanha por ter caído nas pesquisas e estar se sentindo acuada, a petista afirmou: "Não, estou me sentindo extremamente confortável. Quando a disputa era entre Erundina e Maluf, apoiei Erundina e ele [Kassab], Maluf, quando era entre Covas e Maluf, eu apoiei Covas e ele apoiou Maluf. Quando ele foi secretário de Pitta, ele foi o líder do movimento "reage Pitta", quando queriam impeachment por causa dos precatórios. E eu acho que baixaria não arruma voto. Trajetória política de candidato e biografia é necessário que o eleitor conheça. A minha, todos conhecem".


    Primeiro turno e propostas


    Sobre seu desempenho no primeiro turno, Marta creditou a subida de Kassab ao tempo de propaganda e disse estar satisfeita. "O tempo pesou, para o Alckmin também pesou essa questão. Agora, estamos fazendo a nossa propaganda no mesmo tempo. Estamos mostrando a outra candidatura. No primeiro turno, todos batiam. Eu tinha todos contra mim porque eu estava na frente. Agora, as propostas vão ser debatidas e as biografias dos candidatos vão ser comparadas. E aí, que vença quem a população escolher."

    PROMESSA

    "Sou a única candidata que não vai cobrar taxa", diz Marta Suplicy


    Marta também remeteu a temas discutidos no debate da TV Bandeirantes, transmitido neste domingo (12), em que Kassab criticou sua proposta de levar sinal de Internet gratuito para toda a cidade. A questionamento de um espectador, sobre se a prefeitura também irá subsidiar as placas wireless, Marta afirmou que não. "Uma parcela grande das pessoas tem computadores com essa placa, que custa R$ 50, e a pessoa vai ter que pagar do próprio bolso a placa. Agora, computador que custa hoje X, amanhã ele vai custar menos dois X. Sempre vai valer a pena."


    A petista voltou a garantir que não irá mais fazer taxas e que vai anistiar a taxa do lixo remanescente. "Eu já sei o que eu fiz, eu já sei o preço que pagou. E a questão da taxa, eu quero lembrar que eles iam terminar com a taxa do lixo, mas só terminaram de 2006." Segundo ela, a atual administração realizou a cobrança retroativa de taxa do lixo dos moradores em época de eleição. "Eu vou ressarcir e anistiar essa taxa. Isso diz muito também do caráter dessa candidatura."


    Marta também voltou a criticar promessa de Kassab de não aumentar a tarifa de ônibus em 2009. Segundo ela, o congelamento já estava previsto. "Em quem vocês vão acreditar, no Kassab prefeito ou naquele da propaganda?"


    Ao final da sabatina, Marta irritou-se com uma pergunta sobre a declaração que publicou em seu livro, de que, enquanto o senador Eduardo Suplicy sofreu publicamente com a separação, ela sofreu na intimidade. "Tudo o que eu tenho a dizer sobre a minha vida particular, eu escrevi. E não direi mais nenhuma palavra sobre isso", respondeu ao jornalista.

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