"Adversário a gente não escolhe: a gente enfrenta." A frase foi repetida pela candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PT) após votar às 9h20 em uma escola na região nobre dos Jardins.
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Com filho Supla, Marta é cercada por câmeras antes de votação
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No colégio católico, Marta acena após votar com crucifixo ao fundo
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Candidata petista guarda o título de eleitor após passar por cabine
Quinze minutos antes a mesma declaração saiu da boca de seu ex-marido, o senador Eduardo Suplicy, que vota também no colégio Madre Alix.
Marta chegou com três de seus filhos, incluindo os cantores Supla e João Suplicy, e mais uma comitiva de seguidores petistas e políticos ligados à política, como o candidato a vice, Aldo Rebelo (PC do B).
"O perfil do leitorado dessa zona eleitoral é conservadora, mas estou prevendo, pelo menos, dois votos para ela: o meu e o dela", afirmou o senador por volta das 9h, quando chegou para a votação.
Ele votou e esperou a chegada da ex-mulher. Entretanto, Suplicy mal a viu, afinal, a candidata foi cercada por cinegrafistas, fotógrafos e correligionários do PT.
Era uma massa humana compacta, que começou na saída do carro, passou pela sala onde estava a cabine de votação e o hall da escola em que respondeu a poucas perguntas (
veja vídeo abaixo).
"Meu ânimo é bastante grande para o segundo turno. O eleitor vai poder comparar gestões, biografias e trajetórias políticas", disse diante dos microfones.
Ela não quis comentar quem enfrentaria no segundo pleito no dia 26, cenário apontado por todas as pesquisas públicas. "Respeitosamente vamos esperar que as urnas abram", afirmou.
Marta aproveitou para fazer promessas. "Tenho muitas propostas de desoneração de impostos. Eu apresentei, e eles estão copiando minhas idéias de diminuir a carga tributária", afirmou a petista, cuja gestão entre 2001 e 2004 ficou marcada pela criação de impostos, com a taxa do lixo criada em 2003.
Enquanto Marta enfrentava dezenas de câmaras e microfones, Supla, João Suplicy e o pai senador conversavam. "Você vota aqui?", perguntava Eduardo Suplicy para seu filho roqueiro, que informava que votaria em outro lugar.
A movimentação no colégio católico começou cedo, na expectativa da chegada da candidata líder nos levantamentos de opinião. A sala com a cabine parecia mais um confessionário, afinal, atrás da cabine havia um crucifixo e um oratório.
Os eleitores locados na seção 115 da zona 251, a mesma de Marta, enfrentaram a "muvuca" para exercer o direito cívico.
Foi o caso da cozinheira aposentada Maria Otávia Toledo. "Trabalhava numa mansão perto. Mas hoje viajei bastante da minha casa até aqui para votar", afirmou a senhora de 70 anos, que não quis declarar o voto: "Isso não posso falar. É complicado."
Cinco militantes petistas faziam plantão no portão. Com adesivos de Marta no chapéu, uma delas se entusiasmou com a presença da câmera do programa de gozação CQC, da TV Bandeirantes: "Estou aqui para proteger a Marta. Até de vocês."
Já para o senador petista a pergunta do repórter-humorista foi: "O seu voto é para ela. E o seu coração ainda é dela?" Sem jeito, Suplicy respondeu: "A estima é grande, afinal, é a mãe querida de meus filhos."
Entre as questões sérias, o senador disse que o presidente Lula pode ser um bom cabo eleitoral de Marta no segundo turno. "Ele vai estar presente, e sua boa administração vai aumentar a aceitação da Marta", afirmou.
Conhecido como articulador do governo Lula no Congresso, Aldo Rebelo foi reticente em falar se vai conversar com o tucano Geraldo Alckmin para buscar apoio político, já que as pesquisas apontam Gilberto Kassab (DEM) como rival de Marta no segundo turno. "Não sei se vou encontrar o Alckmin como rival ou como amigo", disse o vice comunista na chapa petista.