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07/07/2008 - 14h28

Afif deixa governo Serra para coordenar programa de Kassab

Maurício Reimberg
Em São Paulo
O empresário Guilherme Afif Domingos (DEM) começa, a partir desta semana, a coordenar a elaboração do programa de governo do prefeito e candidato à reeleição em São Paulo, Gilberto Kassab, da chapa DEM-PMDB-PR-PV. Ele pediu licença do cargo de secretário do Emprego e Relações do Trabalho do governo do Estado para se dedicar exclusivamente à campanha do democrata. Ele se desliga formalmente da pasta nesta quinta-feira (10).
  • Divulgação

    O empresário Afif (DEM) se integra nesta quinta à campanha de Kassab


    Afif levou Kassab à política em 1989. Ele foi o candidato derrotado ao Senado por São Paulo em 2006. No entanto, surpreendeu pela expressiva votação obtida na disputa. Na ocasião, o então candidato do PFL (atual DEM) alcançou 43,7% dos votos ante 47,8% do petista Eduardo Suplicy. Durante as últimas eleições, o também senador Aloizio Mercadante (PT) chegou a classificar o empresário como um "ícone do neoliberalismo paulista".

    O último levantamento sobre a sucessão municipal, divulgado neste sábado (5) pelo Datafolha, mostra Kassab com 13% das intenções de voto. Ele aparece atrás da petista Marta Suplicy (38%) e do tucano Geraldo Alckmin (31%). Em 2004, o governador de São Paulo José Serra foi eleito prefeito da capital paulista numa aliança entre PSDB, PFL e PPS.

    Segundo Afif, Serra está "está torcendo muito para o sucesso do projeto que ele iniciou". "O Kassab encabeça esse projeto", completa. Dois tucanos integram a coordenação do plano de governo como voluntários: Clóvis Carvalho, secretário municipal de Governo, e Manuelito Pereira Magalhães, de Planejamento. Leia abaixo a íntegra da entrevista com Afif.

    UOL - Qual é a diferença da proposta de governo do Kassab e do Alckmin, já que são dois candidatos com a mesma base de apoio?
    Guilherme Afif Domingos - Não conheço a proposta de governo do Alckmin. Você tem um governo, e não uma proposta de governo, que está no poder, com o desejo de continuar. A base de apoio do governo Serra na prefeitura, que o Kassab deu seqüência, está fazendo o trabalho para continuar.

    UOL - Qual vai ser a prioridade do programa de governo do Kassab?
    Afif - Há uma base muito sólida, que foi o programa do Serra. Esse programa está sendo entregue. Então a campanha é uma oportunidade de você dar satisfação pública entre o que prometeu e o que fez. Isso é o que dá credibilidade a uma linha de ação.

    O segundo ponto é uma proposta de ação seqüencial. Mas é preciso alargar bem o horizonte. Você não pode mais ficar projetando a cidade de São Paulo de quatro em quatro em anos. Os problemas de curto prazo de hoje muitas vezes são os problemas de longo prazo de ontem, que foram jogados para fora. O horizonte de um programa de governo, e esse é o desafio que a sociedade paulistana tem, é pensar a cidade para 2032. É o prazo de seis gestões de quatro anos ou três de oito, no critério da reeleição. Daí você pode desencadear uma ação sucessiva na solução dos graves problemas que existem na cidade exatamente por falta de planejamento.

    UOL - O programa que elegeu Serra prefeito em 2004 vai nortear a elaboração do programa do Kassab?
    Afif - Tem que ter uma ação seqüencial. As ações de integração, quando o governo Serra começou, não tinham o fator governo do Estado junto (na época, o governador era o também tucano Geraldo Alckmin). Esse fator potencializa muito a solução dos problemas, como é o caso do transporte coletivo, que é metrô e trem. Nós somos uma seqüência. Temos a mesma base de apoio que levou Serra ao governo.

    UOL - Quais pontos dessa plataforma o Kassab deve dar ênfase?
    Afif - A educação e a saúde. O que se faz ainda é pouco. O desafio é grande. Não tenho dúvida de que esses são os pontos de continuidade de uma linha de ação.

    UOL - Como o caos no trânsito vai ser abordado no programa de governo?
    Afif - É um problema de longo prazo de ontem que não foi equacionado.

    UOL - Como fazer para equacionar isso?
    Afif - Há medidas paliativas e efetivas. Todas as metrópoles do mundo estão utilizando hoje o aspecto do rodízio e do escalonamento dos horários de carga. Aqui não seria diferente. Uma cidade que não se move não funciona. É uma cidade de alto custo. É uma cidade que põe um trabalhador quatro horas numa condução. Essa é uma discussão de mobilidade, que tem seqüência na urbanização e no investimento no transporte coletivo.

    UOL - Quando o programa fica pronto?
    Afif - Nossa idéia é que ele comece a ser estruturado para ser debatido. Vamos fazer um programa em movimento. Já tenho a escalação do esquema. Sou full-time no programa. Mas vou trabalhar com muita gente voluntária part-time. Ou seja, que fora dos seus horários, vão se dedicar comigo no programa. Os dois principais, que vão ser coordenadores, é o Manuelito (Pereira Magalhães), secretário municipal de Planejamento, e o Clóvis Carvalho, secretário da Casa Civil. A nossa idéia, já que é um governo de continuação, é envolver quem está (na prefeitura) para ajudar a envolver mais gente.

    UOL - O senhor vai aceitar sugestões dos outros tucanos que estão no governo municipal?
    Afif - Nós estamos trabalhando com os tucanos que estão no governo municipal. É diferente. Somos fiéis ao princípio da aliança. E estamos dando seqüência com total fidelidade a essa aliança.

    UOL - Na última semana surgiram polêmicas em torno da paternidade de algumas obras, sobretudo das AMAs (Assistência Médica Ambulatorial). Esse tipo de disputa, a partir de agora, deve ser recorrente, pois teremos um ex-governador e uma ex-prefeita no páreo. Como o Kassab deve tratar esse assunto?
    Afif - Esse é um debate estéril, né? Muitas vezes falam: "Ah, fui eu quem fiz". Não. Você pode ter até pensado em fazer. Faz quem está no cargo. Vamos pegar a ponte Octavio Frias de Oliveira. (O PT) Não fez. Aliás, é muito bom se fez, porque você tem que dar seqüência. O processo não é de disputar autoria. É de você poder executar quando está no poder aquilo que está certo e que foi bolado por outros. E evitar fazer o que está errado. O nosso slogan é "falar pouco e fazer muito". É uma característica do Kassab.

    UOL - O programa de governo vai adotar a estratégia de insistir nas comparações com a gestão Marta?
    Afif - Não. Vai ter comparação entre o que foi prometido, o que foi cumprido e o que vamos fazer.

    UOL - Como encara a possibilidade de vereadores tucanos pró-Kassab divulgarem obras da atual gestão em seus materiais de campanha?
    Afif - Eles são parte do processo. Ajudaram a aprovar a Lei Cidade Limpa. Eles têm créditos. É legítimo estarem juntos com isso.

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