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23/06/2008 - 19h12

Resultado da convenção do PSDB "não bate", diz Natalini

Maurício Reimberg
Em São Paulo
O vereador e líder do PSDB na Câmara Municipal Gilberto Natalini afirmou ao UOL nesta segunda-feira (23) que os resultados finais da convenção tucana estão "confusos" e "não batem". O encontro partidário oficializou neste domingo (22), na Assembléia Legislativa, a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à prefeitura de São Paulo. A convenção não teve a presença de 10 dos 12 vereadores do partido na capital paulista.

"Acho estranho esses números. Nós tínhamos na nossa reunião (no Círculo Militar, na manhã de domingo) 500 pessoas pela aliança (com o DEM). Só 50 delas foram votar. As outras foram para casa. Não entendo como pode ter um número daqueles", diz Natalini, em referência aos 1.164 convencionais (de um total de 1.344) que registraram voto no evento. Para o pleito ter validade, era necessário o registro de pelo menos 30% dos filiados aptos a votar. Cerca de 86% deles compareceram.

O líder dos vereadores tucanos está desconfiado. "Matematicamente, está muito difícil de ser explicado. Será que não é algum defeito na urna eletrônica?", questiona. "Como se chegou a esse número se quase metade (dos convencionais) estava no café da manhã comigo?", diz o incrédulo Natalini.

Natalini foi, ao lado do secretário municipal de Esportes Walter Feldman, um dos principais articuladores do grupo tucano favorável à reeleição do atual prefeito Gilberto Kassab (DEM). A ala pró-Kassab havia retirado a chapa que defendia a reeleição do prefeito na noite de sábado (21). A lista inicial dos kassabistas continha 424 assinaturas.

Segundo os resultados oficias, 90% dos filiados aptos a votar optaram pela chapa "Candidatura Própria Geraldo Alckmin". Ao todo, 1.037 convencionais defenderam a escolha do ex-governador como nome oficial do partido na corrida eleitoral paulistana. Houve 94 votos contrários a Alckmin, 20 nulos e 13 brancos. Os dados apontam que apenas 180 convencionais não estiveram presentes na Assembléia.

Apesar da desconfiança em relação à confiabilidade dos resultados, Natalini afirma que o grupo de tucanos kassabistas não irá solicitar uma auditoria nas urnas eletrônicas. "Não vamos tomar nenhuma atitude em relação a isso, porque a decisão política já foi feita", diz.

Os votos vieram de delegados zonais, deputados estaduais e federais e membros dos diretórios Municipal e Estadual do PSDB. Todos precisavam ter domicílio eleitoral na capital paulista.

União

A declaração de Natalini interrompe o "cessar-fogo" entre a ala kassabista e serrista do partido. As críticas de Natalini vêm um dia após o governador José Serra afirmar que "todo mundo no PSDB tem a obrigação de apoiar Geraldo Alckmin".

Questionado se estará unido pela candidatura de Alckmin, Natalini foi genérico. "Sou a favor da disciplina e da fidelidade partidária", diz. No entanto, ele afirma, logo em seguida, que considera uma eventual saída dos tucanos lotados na prefeitura municipal como um ato de "traição". "Se houver debandada, é um ato de traição à cidade de São Paulo".

"A teimosia venceu o raciocínio"

Natalini classifica como "esdrúxula" e "quase esquizofrênica" a existência de dois candidatos que, segundo ele, possuem a mesma base de apoio. "A teimosia venceu o raciocínio", diz. "Fomos enfiados numa situação à revelia da nossa vontade, completamente sem pé nem cabeça", lamenta o tucano. Ele afirma, porém, que não se sente derrotado. "Não houve derrota, foi um revés", afirma.

O UOL entrou em contato com o Diretório Municipal do PSDB de São Paulo para repercutir as declarações de Natalini. Não houve retorno até as 19 horas.

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