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24/10/2008 - 12h36

Segundo turno em Salvador é marcado por ataques e campanhas semelhantes

Da Redação*
É o 13, é o 13, é o 13. É o 15, é o 15, é o 15. A melodia é a mesma e a impressão que se tem é que o número da legenda é a única coisa diferente nos jingles das campanhas para a Prefeitura de Salvador. As semelhanças, na opinião do cientista político Jorge Almeida, vão além - a religião dos dois candidatos também é a mesma: ambos são da Igreja Batista.

As duas campanhas - à reeleição do atual prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB) e do candidato do PT, Walter Pinheiro - evocam o "apadrinhamento" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pinheiro utiliza as imagens do presidente e João Henrique, impedido pela Justiça Eleitoral de colocar Lula em seu programa, utiliza uma foto com ele, na qual a imagem do presidente é recortada e extraída. O prefeito também repete que a parceria com o presidente "está nas ruas", referindo-se às obras do governo federal executadas em seu mandato.

Se, do ponto de vista da política nacional, os dois candidatos, no primeiro turno, dividiram a base do governo ao colocar em candidaturas diferentes o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e o PT de Jaques Wagner, no segundo turno, a oposição é que se dividiu entre os dois candidatos. O DEM ficou com João Henrique e o PSDB com Walter Pinheiro.

Do ponto de vista programático, as propostas também não se diferenciaram. "Não houve debate de propostas, até porque as propostas apresentadas foram as mesmas. A população deverá avaliar a relação custo/benefício e optar entre o discurso sobre as obras de Lula, que o candidato do PMDB apresenta como sinal de parceria com o governo federal, ou o discurso do PT, para quem o fato de ser do mesmo partido de Lula e do governador Jaques Wagner poderá render mais recursos e mais obras para Salvador", avaliou o cientista político Jorge Almeida, professor da Universidade Federal da Bahia.

As candidaturas também dividiram políticos que estiveram em algum momento com o "carlismo", grupo liderado pelo senador Antônio Carlos Magalhães, que morreu no ano passado e que apostou na candidatura do deputado federal Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), que acabou derrotado no primeiro turno.

João Henrique recebeu apoio formal de ACM Neto e do presidente do PR na Bahia, o ex-governador César Borges, um dos expoentes desse grupo. Já Pinheiro conseguiu apoio do ex-prefeito Antônio Imbassahy, que governou Salvador por duas vezes e que chegou à prefeitura da capital pelas mãos de ACM.

O vice da chapa carlista derrotada, Bispo Márcio Marinho (PR), também decidiu apoiar Pinheiro, na tentativa de levar os fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus. "O próprio Pinheiro chegou a procurar o apoio de ACM Neto", ressaltou Jorge Almeida.

Com a mistura geral que, em vez de distinguir, tornou as duas candidaturas muito parecidas, o debate de idéias não ocorreu na campanha do segundo turno, na opinião de Jorge Almeida. "O que se viu no horário eleitoral foram ataques, picuinhas. As questões secundárias se sobrepuseram à discussão programática. Em uma campanha acirrada como essa, os dois candidatos entenderam que não bastava apenas se afirmar, era preciso também atacar o adversário, tirar voto dele", analisou o professor.

Jorge Almeida destacou que o governador Jaques Wagner, que no primeiro turno manteve uma postura discreta, entrou de forma efetiva e agressiva na campanha de Pinheiro. "Ele fez ataques diretos a João Henrique", referindo-se às imagens do discurso no governador no último comício do PT, exibidas no programa do candidato petista nesta quinta-feira (23). Antes, João Henrique havia chamado o governador de "lerdo" em um debate. No comício, Wagner devolveu chamando o prefeito de "covarde, mentiroso e traidor".

As últimas pesquisas apontam vantagem do prefeito que, segundo o Instituto Datafolha, abriu nesta última semana 10 pontos de vantagem sobre Pinheiro. O Ibope chegou a constatar na semana passada empate entre os dois candidatos.

Nos últimos momentos de campanha, os dois candidatos investiram no contato mais próximo com o eleitor. Realizaram caminhadas e comícios nos bairros da periferia da capital. Hoje, eles se enfrentarão no último debate antes do pleito.

*Com Agência Brasil

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