Reggae de campanha ajuda Hilton Coelho em Salvador

No Estado de João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Daniela Mercury e Ivete Sangalo quem faz sucesso na Bahia desde o início do horário eleitoral gratuito é um compositor que poucas pessoas conhecem: Ednei Santana. Ele é o autor da letra do jingle do servidor público Hilton Coelho, que concorre à Prefeitura de Salvador pelo PSOL.

Nos parques, ônibus, bares e restaurantes é comum observar crianças, estudantes, profissionais liberais e mulheres cantando o reggae "Na Capital da Resistência", mesmo que não haja identificação política com o candidato da coligação "Frente de Esquerda Socialista". "Eu quero Hilton 50, na capital da resistência", diz a primeira parte da letra.

O tema da campanha surgiu duas semanas antes de o servidor público registrar sua candidatura no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) da Bahia. "O Ednei Santana já tinha feito a letra da música na época em que Hilton Coelho disputou o governo (2006)", disse o coordenador da campanha do candidato, Carlos Alberto Patrocínio Júnior. "Então nós o procuramos e encomendamos uma nova música."

O coordenador conta que os dirigentes do partido pediram apenas que o tema da campanha contemplasse a "fé, o povo e a consciência". Depois da letra pronta, Hilton Coelho, o compositor e Patrocínio Júnior foram até um estúdio para colocar a melodia. "No estúdio, algumas sugestões foram dadas, e, no final, o resultado foi surpreendente." Patrocínio Júnior credita o bom desempenho de Hilton Coelho nas pesquisas à música-tema de sua campanha. "Não temos dinheiro, não temos apoio político, não temos nada. No entanto, em pouco tempo, passamos de traço nas pesquisas para 3% das intenções de voto."

Esta é a mesma impressão do candidato Hilton Coelho. "Conversei muitas vezes com candidatos a vereador de outros partidos e todos disseram que música da minha campanha casa muito bem com as propostas do partido."

Segundo ele, parte do seu crescimento nas pesquisas deve ser creditado ao jingle. "Fiquei mais conhecido depois da música, o tema deu mais visibilidade à campanha, já que disponho de pouco tempo no rádio e na televisão."

Hilton disse também que, nas caminhadas e antes das palestras, as pessoas que vão debater as suas idéias cantam o jingle. "A música colou mesmo. Se colocasse à venda um CD com a música, certamente o partido ganharia muito dinheiro", brinca o candidato.

"Eu quero Hilton 50, na capital da resistência. Salvador é muito bela, de um povo sem igual, mulheres de coragem batalhando sol a sol, saúde, educação e moradia, um futuro de esperança para o povo de Salvador. Chega de vender nossa cidade, o desemprego e a violência têm causado muita dor, os outros estão aí há muito tempo, destruindo a nossa história, leiloando o nosso chão. Frente socialista, negra, índia e popular, para mudar a situação, do povo de Salvador. Eu quero Hilton 50, na capital da resistência", diz a letra do reggae.

"O hit realmente faz a gente dançar e cantar", disse a artista plástica Lívia Dias. "A letra e a melodia são realmente belas e revelam com exatidão absoluta tudo o que pensamos", disse Hilton Coelho. O autor da letra estava viajando nesta quinta-feira (18) e não foi localizado pelo UOL Eleições.

Jingle motiva a militância

Com 12 anos de carreira, o marqueteiro Paulo Vaz Toledo disse que o jingle de Hilton Coelho foi fundamental para "suavizar um candidato radical". De acordo com Toledo, que participou de campanhas na África, São Paulo, Alagoas, Bahia e Rondônia, um bom jingue "motiva a militância". "Até mesmo os adversários devem estar cantando a música do Hilton, que fala de valores, de raízes." Paulo Vaz Toledo lembra que jingles mais marcantes permanecem na memória coletiva. "Todo mundo associa o presidente Lula quando qualquer pessoa começa a cantar 'Nasce uma estrela' ou lembra do senador Antonio Carlos Magalhães quando ouve 'Eu nunca vi você tão só, minha Bahia'", acrescentou o marqueteiro.