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08/08/2008 - 12h58

Evangélico, Pinheiro participa de encontro com líderes do candomblé

Manuela Martinez
Especial para o UOL
Em Salvador
Após não aceitar ser fotografado dentro de um terreiro de candomblé, o deputado federal Walter Pinheiro, candidato do PT à Prefeitura de Salvador, participou nesta quinta-feira (7) de um encontro de lideranças religiosas que reuniu mais de 50 pais e mães-de-santo, no Pelourinho, centro histórico da capital baiana.

Evangélico e freqüentador da Igreja Batista, Pinheiro tentou desfazer a repercussão negativa de sua última visita a um terreiro. Seus assessores desmentem que o candidato tenha impedido os fotógrafos de registrar a sua visita ao templo do candomblé. Em um rápido discurso, Walter Pinheiro disse que os terreiros de candomblé têm profundas ligações com a história da ocupação de Salvador e, em seguida, convidou as lideranças religiosas a contribuírem com a elaboração do seu programa de governo.

Em busca dos votos dos freqüentadores dos mais de 1.100 terreiros catalogados em Salvador, Pinheiro lembrou que é autor da lei que altera o Código Civil para garantir a liberdade do culto religioso no Brasil e acrescentou que, há dois anos, trabalhou nos bastidores para incluir no Orçamento da União cerca de R$ 6 milhões para a recuperação do Parque São Bartolomeu -considerado sagrado pelo candomblé- e para as obras de infra-estrutura em alguns terreiros da capital baiana.
Visibilidade

Em seu discurso, o líder religioso Raimundo Komananji disse para Pinheiro que o povo dos terreiros "é especial, invisível e esquecido" e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi quem adotou políticas que estão "nos tornando visíveis". Em seguida, declarou apoio ao petista, mas fez uma ressalva: "nenhum partido ou político pode falar em nome do candomblé", acrescentou.

Em resposta, Pinheiro disse que é "fácil escrever um programa que agrade ao povo de santo", mas que ele abomina "a prática de usar a religião para atrair votos". Disse também que os partidos de esquerda que compõem a sua coligação são portadores de um legado histórico, que será transformado em políticas públicas com a sua eleição.

Ao final do encontro, Komananji disse que, embora Pinheiro tenha recebido apoio de um grupo de representantes do candomblé, outros pais e mães-de-santo têm liberdade para escolher diferentes candidatos à prefeitura.

O antropólogo Ordep Serra, ogan do Terreiro da Casa Branca, aproveitou para criticar alguns agentes comunitários de saúde que se recusam a entrar em terreiros de candomblé para fazer o controle de zoonoses e adotar medidas de controle sanitário. "Isto é racismo e intolerância, o diabo está na cabeça de quem tem medo dele", afirmou.

Walter Pinheiro prometeu, caso seja eleito, combater o racismo e a intolerância religiosa, qualificar os servidores municipais para superar o racismo institucional, fazer a regularização fundiária dos terreiros e respeitar a legislação brasileira, que proíbe a cobrança de impostos de templos religiosos. Disse também que vai atuar na geração de trabalho e renda estimulando atividades artesanais ligadas ao universo cultural do candomblé, como fabricação de instrumentos musicais e de objetos inspirados na identidade visual da religiosidade de matriz africana.

Procurados pelo UOL, os representantes da Igreja Batista não quiseram comentar o apoio do candomblé a Pinheiro.

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