Na colcha de retalhos que forma a Câmara de Vereadores do Rio - 21 partidos ocuparão as 51 cadeiras -, o prefeito eleito Eduardo Paes (PMDB) costurou, durante o segundo turno da campanha, maioria para governar em 2009. A coligação "Unidos pelo Rio" (PMDB-PP-PTB-PSL) fez apenas nove vereadores, mas, contando os partidos que se juntaram a Paes depois da peneira do primeiro turno, o novo prefeito terá 32.

O PMDB de Paes e do governador Sérgio Cabral elegeu cinco vereadores, o PP, 3 e o PTB, 1.

Somem-se a esses os nomes do PDT, que concorreu no primeiro turno com Paulo Ramos, o PTdoB, do candidato derrotado Vinícius Cordeiro, e o PT, de Alessandro Molon, cada qual com 3 assentos na Câmara.

O PRB, de Marcelo Crivella, o PSB, o PSC e o PR também prometem engrossar a base aliada, mas à custa de cargos na futura administração.

Durante a comemoração pela vitória de Paes, neste domingo (26), o senador Marcelo Crivella declarou à imprensa que não descarta a participação de seu partido na Prefeitura. Na mesma noite, o próprio Paes anunciou que pedirá a cada um dos partidos que o apoiou a indicação três nomes, dentre os quais ele escolherá um, para assumir o futuro secretariado.

Um nome tido como certo para assumir uma pasta na cota do PCdoB é o da candidata derrotada Jandira Feghali. O prefeito eleito declarou que vai "fazer tudo institucionalmente" para que ela seja indicada, provavelmente para uma nova secretaria, a da Mulher, cuja criação estava entre as condições de apoio impostas pelo PCdoB e assinadas por Paes.

O PCdoB é um dos partidos que devem integrar a base do novo prefeito, com uma cadeira apenas, na Câmara carioca. PTC, PMN, PRTB, PSDC e PHS são outros partidos que se aliaram a Paes e elegeram, cada qual, um vereador.

A bancada governista pode incluir três políticos controversos, que ainda dependem de apreciação das Justiças Eleitoral e Penal para terem garantidas as posses, no primeiro dia de 2009. Acusados pelo Ministério Público Estadual (MPE) por ligação com milícias e pelo crime de coação eleitoral, Carminha Jerominho (PTdoB) e Elton Babú (PT) estão entre os estreantes no legislativo carioca que fizeram campanha por Paes, no segundo turno.

Claudinho da Academia (PSDC) é outro vereador eleito que responde a processo criminal, por ligação com o tráfico de drogas na Rocinha.

Oposição terá 19 vereadores

Dividida entre os quatro partidos que formaram aliança em torno de Gabeira, a oposição ocupará 18 cadeiras, no Palácio Pedro Ernesto. Soma-se a elas a única vaga obtida pelo PSOL, que se manteve independente após a derrota de Chico Alencar e tem histórico de oposição, no legislativo carioca. O DEM, do atual prefeito Cesar Maia, terá a maior bancada da nova Câmara, com oito vereadores. PSDB, PV e PPS, partidos que compunham a "Frente Carioca" de Gabeira, terão, respectivamente, cinco, três e duas vagas.

Ainda assim, é provável que nomes do DEM e mesmo do PSDB votem em conformidade com o prefeito eleito. Mesmo que se confirme a ida do vereador reeleito Luiz Antônio Guaraná (PSDB) para o novo secretariado, sua vaga será ocupada pelo vereador Luiz Carlos Ramos, primeiro-suplente entre os tucanos. Carlos Ramos, como Guaraná, havia sido punido pelo partido, durante a campanha, por apoiar abertamente a candidatura do PMDB.

Entre os dez vereadores mais bem votados da Casa, seis devem fazer oposição a Paes, dentre eles os quatro primeiros colocados: Lucinha (PSDB), Rosa Fernandes (DEM), Stepan Nercessian (PPS) e Alfredo Sirkis (PV). A peemedebista Clarissa Garotinho foi a quinta mais votada da Câmara, mas, apesar de integrar o partido de Paes, não fez campanha para ele, que não tinha o apoio do pai de Clarissa e presidente regional do PMDB, o ex-governador Anthony Garotinho, para lançar sua candidatura.

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