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19/10/2008 - 23h04

"Cidade da Música", "maconha", "dengue" e "progressão continuada" são temas de debate na TV Record no Rio

Thyago Mathias
Especial para o UOL
No Rio de Janeiro
Temas recorrentes da campanha pela Prefeitura do Rio marcaram o segundo debate televisivo entre Fernando Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB), na noite deste domingo (19). A construção da Cidade da Música, as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) 24 horas, a aprovação automática e o questionamento sobre fidelidade partidária e descriminalização da maconha estiveram no foco da transmissão da TV Record.

O DEBATE

Gabeira diz que debate serviu para mostrar "diferença de caráter"; Paes critica conhecimento de candidato verde sobre a cidade

No primeiro bloco, uma jornalista da emissora questionou Gabeira sobre a obra da Cidade da Música, na qual foram empenhados quase R$ 600 milhões pelo atual prefeito Cesar Maia (DEM), que apóia o candidato do PV. Gabeira ressaltou que o apoio de Maia é apenas um entre os outros que tem, além de afirmar "sempre" foi contra a construção da casa de ópera da Barra da Tijuca.

"A Cidade da Música é um equívoco profundo do prefeito Cesar Maia, que, é importante notar como frisado, apóia o candidato Fernando Gabeira", aproveitou Paes para, como tem feito ao longo da campanha, voltar a relacionar os dois.

"Mas a Cidade da Música foi uma proposta dele (Paes). Nós mostramos os panfletos em que ele assume isso. A gente tem que ter sinceridade com a população", Gabeira lembrou o panfleto distribuído pelo vereador Guaraná (PSDB) em 2004, no qual Paes, o vereador e o prefeito Cesar Maia aparecem como criadores da Cidade da Música.

Na pergunta seguinte, outro jornalista não poupou o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao peemedebista. Perguntou sobre a atuação deste na CPI dos Correios, quando teria chamado o presidente de "chefe de quadrilhas". "A política para o senhor é assim: primeiro bate e depois afaga?", inquiriu.

Paes defendeu que a parceria entre a Prefeitura e os governos do Estado e Federal é importante para "tirar o Rio do isolamento político". Gabeira acusou o adversário de não responder a pergunta, de praticar a modalidade do "salto de perguntas", e voltou ao tema no segundo bloco, quando se dirigiu diretamente a Paes.

"Eu não tenho problema nenhum com aquilo que fiz no Congresso Nacional. Eu não nego nenhuma das ações do passado", admitiu Paes, em referência à relatoria da CPI dos Correios. "Só espero que o deputado entenda que é fundamental formar parcerias entre a Prefeitura, o Estado e o Governo Federal", concluiu.

No mesmo bloco, o candidato do PMDB tentou polemizar em dois momentos com o do PV, no que foi taxado de "pegadinha juvenil". Primeiro, disse que Gabeira teria apresentado à Câmara um projeto para retirar do Código Penal o crime de tráfico de mulheres.

"O Projeto de Lei é para acabar com o crime de 'sedução'", refutou o deputado, que lembrou da tipificação que obrigaria ao casamento aquele que "seduzir mulher virgem, menor de dezoito anos", prevista no art. 217. Gabeira aproveitou para lembrar que foi escolhido por jornalistas como o melhor deputado do país e que fez pronunciamentos contra o tráfico de mulheres e, ainda, rebateu: "Isso de que você está falando é do panfleto apócrifo que nós apreendemos, hoje, nas portas da igreja Universal."

Em outro momento, Paes acusou Gabeira de não conhecer o Rio de Janeiro, sobretudo a zona oeste. Logo em seguida, perguntou ao adversário sobre a Área de Planejamento AP3, que o candidato do PV mostrou não saber do que se tratava. Gabeira lembrou, então, de um debate da campanha presidencial de 2002, no qual Anthony Garotinho (PMDB) fez uma pergunta sobre o tributo conhecido como CIDE ao então candidato Lula, para alegar que o peemedebista tentava lhe impor uma "pegadinha".

"A cidade está dividida em áreas administrativas. A Área de Planejamento 3 é uma dessas áreas, é a zona norte, o subúrbio da cidade", defendeu-se Paes, para quem Gabeira apenas agora começaria a entender sobre administração.

"A clareza de que sua pergunta foi uma pegadinha juvenil está em não mencionar a zona norte como zona norte, mas área AP3, que é uma denominação que nem o morador dela conhece", rebateu Gabeira, sob gargalhadas de apoio que marcaram a única manifestação da platéia.

"Ninguém aqui está de pegadinha juvenil e nem está de brincadeira. A gente está aqui para discutir a cidade. Então, candidato, me trate com respeito", irritou-se o peemedebista.

No terceiro bloco, novamente com perguntas feitas por jornalistas, Paes foi questionado se a "falta de fidelidade partidária" não arranharia sua credibilidade. O candidato, pela primeira vez, reconheceu isso como um problema: "Foi mais um equívoco da minha trajetória política", respondeu.

Já a Gabeira, perguntaram se não havia uma contradição entre a posição em relação à descriminalização da maconha, antes e depois da candidatura. Ele negou a contradição e disse preferir o termo "evolução". Também aproveitou para lembrar que não cabe à Prefeitura regular o consumo de drogas, além de acusar o adversário de ter proposto a "dissolução da secretaria que trata do assunto na prefeitura".

Entre as propostas defendidas pelos dois, ao longo do debate, estão o fim da aprovação automática e o investimento em professores na área da educação. Lembrados de que podem assumir em meio a uma nova epidemia de dengue, os dois também propuseram programas de prevenção, desde o resultado das eleições, durante o período de transição. Paes voltou a prometer a construção de 40 UPAs 24 horas. "Acho que as UPAs devem ser entregues ao Governo do Estado", contrapôs Gabeira.

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