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12/10/2008 - 22h32

Tensão e ironias marcam confronto entre Gabeira e Paes na TV

Thyago Mathias
Especial para o UOL
No Rio de Janeiro
Fernando Gabeira (PV-PSDB-PPS) e Eduardo Paes (PMDB-PP-PSL-PTB) enfrentaram-se cara-a-cara em debate promovido pela TV Bandeirantes, na noite deste domingo (12). Pela primeira vez em todo o período eleitoral, os candidatos à Prefeitura do Rio compareceram a um debate na televisão. Não foi, no entanto, apenas esse evento que marca a diferença do segundo em relação ao primeiro turno. O clima de cordialidade foi substituído por agressões diretas.

No primeiro e no segundo blocos, os candidatos fizeram perguntas entre si e levaram para a TV episódios que marcaram a semana, como a polêmica entre Gabeira e a vereadora Lucinha (PSDB) e a agressão de um correligionário do PV por cabos eleitorais de Eduardo Paes.

Paes começou o debate criticando o candidato do PV, que teria dito que a vereadora Lucinha, do PSDB, tinha uma visão suburbana e precária sobre a construção de um aterro. "Eu nunca tentei colocá-lo como preconceituoso. Você é que demonstrou um preconceito enorme com toda uma parte dessa cidade, que é a população do subúrbio", respondeu Paes.

Nos dois minutos a que tinha direito, Gabeira declarou ter pedido desculpas a Lucinha abertamente, e criticou o peemedebista por não ter divulgado o conteúdo da carta que enviou à primeira-dama Marisa Letícia, na qual tentaria se desculpar por ofensas dirigidas ao filho dela.

Após Gabeira usar sua réplica para alegar que Paes usaria o fato para dividir a cidade politicamente, o peemedebista citou o caso do presidente do diretório do PV em Madureira, Francisco Miranda Santana, agredido no sábado por militantes de sua campanha. Ele acusou Gabeira de manipular o fato politicamente e tentou desqualificar a vítima ao citar processos criminais com os quais Miranda estaria envolvido.

"Não se justifica violência levantando a ficha penal de alguém, a menos que se defenda o uso da violência", rebateu o candidato do PV, que aproveitou uma pergunta de Paes sobre o combate à dengue para concluir: "Cada vez que o candidato fala de mim, ele fala dos partidos que me apóiam, mas o último secretário de saúde do PMDB está na cadeia. Por isso que eu digo que você não pode atacar quem tem ficha suja porque isso vai afetar seus correligionários", completou, fazendo referência ao ex-secretário Gilson Cantarino, acusado de desviar R$ 62 milhões na pasta da Saúde, durante a gestão de Rosinha Garotinho (PMDB).

Paes negou que tivesse o apoio de presidiários e procurou ressaltar propostas "pitorescas" do programa de governo de seu adversário, como o uso de GPS e de aviões não tripulados para combater a dengue.

Gabeira lembrou que seu programa está centrado no programa de saúde da família, na prevenção de epidemias e na compra de medicamentos por pregão compartilhado entre municípios. "O avião é apenas um detalhe", arrematou.

O candidato do PV estourou o tempo cinco vezes. O do PMDB, duas vezes. Paes não perdeu oportunidades para acusar o adversário de fazer "turismo eleitoral" e de vinculá-lo ao prefeito Cesar Maia, ao que obteve uma resposta dura de Gabeira:

"Toda vez que você fala do Cesar Maia, você coloca entre vírgulas um 'que apóia sua candidatura', mas você sabe quantas vezes eu encontrei o Cesar Maia na vida? Cinco vezes! Enquanto você é cria dele, trabalhou com ele, copia ele. É muito cinismo!", comentou Gabeira.

Propostas surgiram, de fato, apenas no terceiro bloco, quando os dois postulantes à Prefeitura responderam questões feitas por jornalistas. Gabeira defendeu a divulgação de contas da administração pública pelo site Rio Transparente e lembrou que foi o primeiro a abrir as contas de campanha, mesmo quando a Justiça Eleitoral não o exigia. Ele também propôs parcerias com a iniciativa privada para adoção de creches e a utilização de clubes e vilas olímpicas para ocupar estudantes em tempo integral, o que também foi apoiado pelo peemedebista.

Paes prometeu investimento em creches e pré-escolas, além do reforço escolar. Disse, ainda, que a saúde seria a prioridade de seu governo e propôs a implantação do bilhete único na rede de transportes. Gabeira, que também citou o bilhete único, defendeu uma nova licitação para empresas de ônibus e a ampliação do acesso de deficientes.

A última pergunta feita por jornalistas tocou num ponto sensível ao peemedebista, a mudança de partidos. Paes respondeu que sua "prioridade é o Rio de Janeiro" e a "união de forças", para justificar suas cinco migrações partidárias. Gabeira, que passou uma vez pelo PT, acusou Paes de "abandonar um navio" para assumir uma "posição de comando em outro navio", ao integrar a Secretaria Estadual de Esporte no governo Sérgio Cabral. "Vamos inventar uma nova modalidade para os Jogos Pan-americanos: a fuga de respostas", alfinetou o candidato do PV, sobre a insistência de Paes em fugir do tema.

Nos dois minutos de considerações finais, Eduardo Paes afirmou ser o candidato da união entre os governos Federal, do Estado e Municipal pelo bem do Rio. Gabeira lembrou a campanha negativa feita contra ele por membros da coligação de Paes, que o chamaram de "macaco Tião da classe média" e prometeram "jogar ovos", caso ele aparecesse em locais da zona oeste. O peemedebista pediu e obteve 30 segundos de resposta, nos quais negou que apoiasse tais comentários.

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