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07/10/2008 - 09h50

No segundo turno, PT sinaliza apoio a Paes e DEM ruma em direção a Gabeira

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro
A busca por alianças para o 2º turno das eleições no Rio de Janeiro começou a ser definida nesta segunda-feira (6), com declarações do presidente municipal do PT, Alberes Lima, que defendeu o apoio a Eduardo Paes (PMDB).

Pela manhã, o candidato peemedebista reuniu-se, em sua casa, com líderes do PT, como a ex-governadora Benedita da Silva e os deputados Jorge Bittar e Gilberto Palmares, além do Ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT). Embora o candidato petista Alessandro Molon, que ficou em quarto lugar com pouco mais de 160 mil votos, tenha optado por não se manifestar, à espera da decisão do partido, líderes nacionais do PT, como o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disseram preferir Fernando Gabeira (PV), ao peemedebista.

Há desconforto de alguns setores do PT em apoiar Paes, especialmente naqueles mais próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Molon já havia criticado o peemedebista por utilizar a imagem de Lula na campanha. Durante o escândalo do Mensalão, Eduardo Paes chegou a afirmar que o PT era um partido de "pelegos" e que o Governo Lula representava "dois anos de roubalheira". Alberes, contudo, tentou minimizar a questão:

"Quem garante que Lula não fará uma aliança com o Paes como fez com o Sérgio Cabral? Lula sempre disse que não se faz política com o fígado e olhando no retrovisor", declarou o líder municipal, para quem será de Lula a palavra final acerca do apoio ao PMDB, no Rio.

Enquanto Paes aguarda um possível encontro com o presidente Lula ainda nesta terça (7), o Democratas, de Solange Amaral e do prefeito Cesar Maia, confirmou apoio a Gabeira. Já na tarde desta segunda, o comando nacional do partido divulgou a aprovação, por unanimidade, de uma diretriz que determina o apoio prioritário do DEM ao PSDB e ao PPS, que compõem a coligação de Gabeira. À noite, uma reunião da executiva municipal, no Palácio da Cidade, assegurou a decisão.

Em entrevista exclusiva ao UOL Eleições, o presidente regional do PV, Alfredo Sirkis, afirmou que a interlocução com o DEM será feita diretamente com vereadores e lideranças locais e não passará pelo prefeito Cesar Maia. Gabeira também disse não esperar mobilização partidária, mas de eleitores, uma vez que não vai oferecer cargos públicos em troca de apoio:

"A gente não vai aceitar a ocupação partidária da máquina. Então, dentro dessa ótica, que já é uma mini-reforma política, um princípio de reforma política, é muito difícil você ter o apoio daquelas pessoas que se beneficiam do 'status quo', que realmente dependem do velho tipo de política para sobreviver", comentou o candidato do PV.

Paes, que tentou não se envolver em polêmicas ao longo do primeiro turno, ao contrário, teceu elogios aos adversários e confirmou que vai pedir um apoio que considera natural.

"Nossa candidatura significa a possibilidade de ter os governos federal, estadual e municipal trabalhando juntos pela população do Rio", declarou o peemedebista, em seu comitê.

De acordo com a assessoria de Jandira Feghali (PCdoB), a candidata participa de uma reunião para discutir alianças, no Diretório Estadual do PCdoB, na noite de terça-feira. Por outro lado, o secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, que preside o PSB-RJ, partido que compôs a coligação de Jandira, divulgou nota em defesa do apoio a Paes, que será oficializado às 16 horas desta terça-feira.

Para o professor Cesar Romero, da PUC-Rio, que pesquisa a geografia eleitoral carioca, é justamente a presença dos partidos de esquerda em cargos do Governo Estadual que deve direcioná-lo ao encontro de Paes.

"Eles não têm muita alternativa, porque a questão nacional conduz o PCdoB, o PSB e o PT a apoiar o candidato do governador Sérgio Cabral, de cuja administração eles fazem parte. A decisão será tomada não pelo Paes, mas pelo padrinho dele. Da mesma maneira, não é pelo Gabeira, mas pelas forças que apóiam o Gabeira, que não estarão ao lado do PV", analisou Cesar Romero, para quem, contudo, pode haver surpresas: "O jogo natural deve ser esse, mas, muito freqüentemente, as forças políticas locais não gostam de ver o grupo que detém a máquina estadual assumir também a prefeitura da capital. Desde 1988, há cinco eleições seguidas, temos um prefeito em oposição ao governador, no Rio de Janeiro", concluiu.

Durante as últimas semanas de campanha, o candidato derrotado do PRB, Marcelo Crivella, vinha repetindo essa mesma crítica: "O PMDB domina o Governo do Estado e a Assembléia Legislativa. A maioria dos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado são oriundos do PMDB. Dos 179 desembargadores do Tribunal de Justiça, a maioria é ligada ao PMDB. O PMDB faz campanha milionária, utilizando despudoradamente a máquina pública", acusou Crivella, durante o único debate do primeiro turno.

Apesar de o peerrebista não ter emitido, ainda, sinais sobre quem apoiará, o pesquisador Cesar Romero não acredita que Crivella venha a se manifestar em favor de Gabeira, pelo "posicionamento conservador" do senador e bispo da Igreja Universal.

Candidato por um partido que não integra a máquina estadual, Chico Alencar (PSOL) divulgou nota na qual afirma que seu partido "não tem caciques" e deve reunir a militância, nesta semana ainda, para definir o posicionamento em relação ao segundo turno.

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