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04/10/2008 - 21h17

Moradores do Centro e da zona norte do Rio exigem soluções para favelização

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro


A redução no número de eleitores registrados na grande Tijuca e no Centro do Rio, em torno de 0,24% e 2,47%, respectivamente, desde 2004, reflete a decadência do núcleo que deu origem à cidade. Os 475 mil eleitores que residem nas zonas central e norte ainda contam com uma infra-estrutura consolidada em transportes e serviços públicos, mas reclamam da favelização e violência que esvaziam os bairros e desvalorizam os imóveis restantes.

Ao menos durante a campanha, os candidatos à Prefeitura não deixaram de dar atenção à região: às vésperas da votação, Eduardo Paes (PMDB) foi à igreja de São Francisco de Assis, no Rio Comprido. Fernando Gabeira (PV), Solange Amaral (DEM) e Chico Alencar (PSOL) escolheram a Tijuca para fazer seu "sacode da reta final", na definição da democrata. Áreas de concentração de trabalhadores, no Centro do Rio, pontuaram a estratégia de quem entrou na corrida eleitoral com uma estrutura política menor, como Paulo Ramos (PDT).

"A recuperação da Zona Portuária e do Centro é a nossa principal proposta de urbanismo. No porto, já existem diferentes projetos a serem licitados, inclusive com a participação do Banco Mundial", garantiu o candidato do PV, entre muitas promessas que transformariam a região num grande experimento urbano.

"Será prioridade a implantação do AquaRio. E avançar na sede carioca do Cirque du Soleil. É preciso buscar convênios e definir novos gabaritos para modernizar", acrescentou, Solange, propostas que dariam continuidade a projetos da atual gestão.

Além do aquário gigante, cujas obras podem começar ainda em 2008 e que vai ocupar uma unidade industrial desativada, outras obras consideradas grandiosas já fizeram parte do histórico de promessas para a zona portuária, como a filial brasileira do Museu Guggenheim, orçada em R$ 313 milhão, que consumiu US$ 3 milhões sem sequer ser executada. Apenas a Cidade do Samba, inaugura em 2006, saiu do papel, por enquanto.

Logo atrás dos barracões, ocupados pela montagem das escolas de samba do grupo especial para os desfiles de carnaval, que entraram para o mapa turístico do Rio, o morro da Providência representa um panorama do principal problema das zonas central e norte: a favelização. A grande Tijuca abriga, ainda, os morros do Borel, da Formiga e da Casa Branca, alvos de tiroteios constantes entre facções rivais do tráfico de drogas.

A Providência, considerada a primeira favela do país, serviu de laboratório experimental para o projeto Cimento Social, do senador Marcelo Crivella, mas acabou frustrado pelo assassinato de três jovens, em junho. Apesar de o peerrebista prometer levar o projeto a outros morros vizinhos, a perspectiva de votos que ele deve obter na região é pequena. De acordo com pesquisa sobre indicadores da geografia eleitoral carioca, realizada pelo professor Cesar Romero Jacob, da PUC-Rio, o perfil eleitoral das zonas central e norte, que têm renda e escolaridade predominantemente médias e altas, além de concentrar relativamente poucos evangélicos, é favorável a candidaturas da esquerda.

"Costumo dizer que a área mais petista ou mais comunista do Rio de Janeiro é a grande Santa Teresa. Catumbi, Rio Comprido, Tijuca, o grande Centro e mesmo a Glória revelam uma tendência de voto mais à esquerda nas últimas eleições municipais e presidenciais, em 2004 e 2006", argumenta o pesquisador, que aposta em bons resultados para o PCdoB e o PSOL, ali, neste domingo (05).

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