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03/10/2008 - 16h06

Subúrbios da Central e Leopoldina: região concentra maior número de eleitores cariocas

Thyago Mathias
Especial para o UOL Eleições
Do Rio de Janeiro

Com 1,9 milhão de votantes, os bairros que integram os subúrbios da Central e da Leopoldina e mais a Ilha do Governador concentram cerca de 40% do eleitorado carioca.


Sem poder desprezar esse contingente eleitoral, Eduardo Paes (PMDB) encerra, nesta sexta-feira (03), na Praça das Nações, em Bonsucesso, a semana de campanha pela região. Desde a segunda (29), passaram por ali carreatas de Alessandro Molon (PT) e de Jandira Feghali (PCdoB). A quinta (02) foi dia de Jandira visitar o hospital de Acari e de caminhada de Solange Amaral (DEM) pelo calçadão de Madureira e de Molon pelo Méier. Fernando Gabeira (PV) circulou de jipe pelos bairros, no dia 25.


Marcados pela fé e pela violência, a região é a primeira e a última a receber as forças armadas que integram a Operação Guanabara. Desde quarta-feira (1º), cinco mil militares ocupam favelas do complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, espremidas entre a Linha Vermelha, os ramais ferroviários e o Santuário de Nossa Senhora da Penha.


  • Macarena Lobos

    Nos arredores da Igreja da Penha, concentra-se cerca de 40% do eleitorado


    Numa repetição do gesto com que o prefeito Cesar Maia (DEM) iniciou a corrida eleitoral de 2004, o candidato do PMDB, Eduardo Paes, escolheu subir a escadaria da Penha no primeiro dia de campanha oficial. Até então, o principal adversário de Paes era o mesmo de Maia, à época, o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) Marcelo Crivella.


    Religião será determinante nas eleições


    Para o professor Cesar Romero Jacob, da PUC-Rio, autor do "Atlas da filiação religiosa e indicadores sociais", em nenhuma outra área da cidade o fator religioso será tão determinante para o resultado das eleições.


    "A estrutura da Igreja Católica foi montada, lá atrás, basicamente a partir do centro para a zona sul, para a zona norte e para os subúrbios, onde a presença da Igreja é maior. O pentecostalismo cresce nas áreas pobres da cidade, como a parte nova da zona oeste, que era área rural, onde as estruturas da Igreja Católica e do Estado são insuficientes", apontou Cesar Romero, com um mapa, baseado em dados do IBGE, onde a região aparece com uma distribuição de cidadãos católicos superior a 60% do total.


    Os subúrbios da Central reúnem, ainda, o maior índice de praticantes de religiões afrodescendentes do Rio. Há, entretanto, uma concentração maior de evangélicos justamente nos complexos do Alemão e da Maré, onde Crivella obteve o melhor resultado proporcional na disputa pela prefeitura em 2004.


    A atenção que Jandira Feghali dispensa ao hospital de Acari e pelos conjuntos habitacionais de Irajá, por outro lado, refletem também os resultados de 2004, nos quais sua votação mais expressiva, depois da zona sul, saiu dos subúrbios cariocas.


    "É sempre emocionante voltar ao local onde deixamos a marca de nossa luta. Mas nosso objetivo é mudar essa realidade. Vou repetir na prefeitura o que sempre fiz como deputada", declarou a comunista, em caminhada pela Vila Jandira, no Jacarezinho, batizada em homenagem à então deputada que impediu a remoção de moradores pela polícia, há 21 anos.


    Jacarezinho, Maré, Alemão e Acari formam bolsões em uma região com predomínio de níveis médios de renda e escolaridade. Há um contraste no índice de desenvolvimento humano municipal (IDH) que opõe o Méier, com 0,87 (8º maior), ao Alemão, com 0,71, o último entre as 31 regiões administrativas da cidade.


    Tais bolsões contam com a atuação de centros sociais patrocinados por políticos como os vereadores Rosa Fernandes (DEM), Jorge Pereira (PTdoB) e Teresa Bergher (PSDB), que têm a reeleição garantida, de acordo com projeções do IBPS para a Câmara Municipal. Placas desses candidatos podem ser vistas ao longo de vias expressas que cortam a região, como as linhas Vermelha e Amarela, o que é proibido. A ação de seus centros comunitários também é criticada pelo professor Cesar Romero.


    "Os vereadores não estão interessados em fazer o serviço público funcionar. Eles estão interessados em fazer com que o serviço público não funcione, para que o centro social dele atue e forme uma situação de clientela", avalia o pesquisador.


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