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25/09/2008 - 09h45

Paes não é único candidato a trocar de partido no Rio

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro

Chamado de "Eduardinho pula-pula" por Chico Alencar (PSOL) e criticado pelos demais adversários devido às seis mudanças partidárias feitas ao longo de 15 anos de trajetória política, Eduardo Paes (PMDB) não é o único candidato à Prefeitura do Rio a concorrer por uma legenda diferente daquela em que exerceu o primeiro cargo eletivo.


O Partido Verde (PV) é a origem comum de três candidatos: Paes, Solange Amaral, hoje no DEM, e Fernando Gabeira, que se juntou novamente aos verdes após uma passagem pelo PT. Paes e Solange eram filiados ao PV quando foram nomeados subprefeitos, no primeiro mandato de Cesar Maia, entre 1993 e 1996. Os dois mudaram para o antigo PFL, Partido da Frente Liberal, depois rebatizado de Democratas, em 1995. Em 1999, os dois se filiaram ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e, em 2001, voltaram ao PFL. A partir daí, seguiram caminhos distintos: Solange permaneceu no partido do prefeito Cesar Maia e Paes ainda passou quatro anos no Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de 2003 a 2007, antes de ir para o PMDB e declarar oposição a Maia.


A democrata, que é deputada federal e defendeu a fidelidade partidária em votação na Câmara dos Deputados em junho passado, foi procurada, mas não deu declaração ao UOL Eleições. Em seu site, porém, ela reproduz um discurso proferido no Congresso:


"É um absurdo que alguém, depois de se eleger por um partido, decida trocar de legenda para atender seus interesses pessoais. É indispensável que o eleitor tenha a segurança absoluta de que o seu voto será respeitado. Somente com a fidelidade partidária acabará o troca-troca que enfraquece a democracia", afirmou Solange, por ocasião da votação, em 2007.


Já Eduardo Paes, para quem a fidelidade partidária não "é algo adequado no momento" e depende da reestruturação dos partidos, optou por repetir declaração concedida, anteriormente, à imprensa:


"Minhas mudanças de partido são fruto dos meus compromissos com o Rio de Janeiro. Quando aceitei o convite do Cabral, percebi que havia mudança de paradigma. O ideal era que pudesse ter ficado num partido só. Houve mudanças e eu continuei defendendo o Rio de Janeiro", justificou-se o peemedebista.


Depois de participar da fundação do PV, em 1986, Fernando Gabeira retirou-se da legenda em duas ocasiões: entre 2001 e 2003 esteve no Partido dos Trabalhadores (PT), onde se elegeu deputado federal, e, em 2005, passou um breve período sem filiação, até retornar ao PV.


Chico Alencar, que critica a inconstância política de Paes, tem uma situação curiosa: foi filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) entre 1974 e 1976, época em que o bipartidarismo o contrapunha à ARENA, partido governista durante a Ditadura. Com a redemocratização, o MDB de Chico Alencar transformou-se no PMDB de Paes. O candidato esteve no PT entre 1987 e 2005, de onde saiu, em desacordo com os rumos do partido após o escândalo do Mensalão, para fundar o PSOL junto com outros ex-petistas.


Marcelo Crivella (PRB) é outro prefeiturável que mudou de legenda como dissidente de seu grupo original, após o caso do Mensalão. Depois de ser eleito senador, em 2002, pelo antigo Partido Liberal (PL), Crivella ajudou a fundar o Partido Republicano Brasileiro, em 2005, mas não permaneceu tão afastado da antiga legenda. Em 2006, o PL transformou-se em Partido da República (PR), que integra a coligação de Crivella nestas eleições.


Entre os candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura do Rio, somente Jandira Feghali, filiada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) desde 1981, e o petista Alessandro Molon nunca mudaram de partido político.


"A fidelidade partidária, na minha opinião, está ligada à coerência política. Eu sempre fui do mesmo partido, o PCdoB. Nele enfrentei a clandestinidade e, após conquistarmos a democracia e a legalidade, nele participei das disputas eleitorais", comentou Jandira.


"Sou favorável à fidelidade partidária e a tenho defendido com muita convicção. Acho que os fundamentos partidários assumidos por um filiado não podem ser deixados de lado com a facilidade e a conveniência que temos visto aqui no Brasil. Considero a fidelidade fundamental para o fortalecimento dos partidos e do próprio Parlamento", respondeu Molon. Procurado pelo UOL Eleições, ele aproveitou para alfinetar Eduardo Paes:


"É inadmissível vermos um político jovem, por exemplo, já ter mudado de partido seis vezes. Isto desmerece os fundamentos da filiação partidária e retira substância dos partidos, que acabam pequenos ou grandes, perdendo conteúdo ideológico e se transformando, como estamos vendo no Rio, em instrumentos para o ingresso e a ascensão política de bandidos e criminosos", criticou o petista.


"Agora, esta cidade não precisa mais de hipócritas. Imaginem que o candidato do governo que já quis derrubar o Lula hoje se diz amigo dele! Aí o que falta é coerência política. Esse troca-troca de partidos significa incoerência. E para isso todos devemos estar atentos", completou a comunista.


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