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24/09/2008 - 10h38

Baseadas no apelo popular, escolas de samba no Rio querem eleger seus representantes

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro

RENOVA OU NÃO?

No Rio, contrato entre Prefeitura e Liga das escolas de samba gera polêmica entre os candidatos

As 12 escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro apresentaram, nessa segunda-feira (22), na Cidade do Samba, os enredos para o carnaval 2009. Embora nenhum candidato a prefeito estivesse presente, a festa reuniu personagens capazes de decidir as eleições na Baixada Fluminense e de representar um problema para o novo prefeito do Rio nos dois primeiros meses de mandato.


Presidente da agremiação bicampeã do carnaval carioca, Beija-Flor, o prefeito de Nilópolis, Farid Abraão David (PP), tenta eleger o sobrinho, Sérgio Sessim (PP), como seu substituto. Embora nunca tenha ocupado um cargo eletivo, Sessim lidera as pesquisas no município, com 30% das intenções de voto, contra 21% do ex-prefeito Neca (PMDB), apoiado pelo governador.


Para o pesquisador e jornalista Cezar Faria, formado pelo Instituto do Carnaval, a quadra da Beija-Flor é "o centro da vida social e cultural de Nilópolis" e o apoio da escola é "fundamental para a eleição de qualquer político majoritário" no município.


"Desde as 'grandes sociedades', nas três primeiras décadas do século passado, pode-se perceber que o carnaval e a política estão efetivamente relacionados no carnaval carioca. Organizadas como agremiações, as escolas de samba representam um microcosmo social que facilita o surgimento de novas lideranças, a partir das comunidades em que estão inseridas e, com o crescimento da visibilidade do carnaval na sociedade fluminense, é natural que essas lideranças utilizem dessa visibilidade para se lançar a projetos políticos maiores", explica o pesquisador.


Em Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense, o prefeito Washington Reis (PMDB) promoveu a construção de uma nova quadra para a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio. Além da inauguração no início do ano, a quadra já foi utilizada para atos de campanha de Reis, que costuma ser acompanhado por integrantes da agremiação em passeatas.


O presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, acusou, em março, o prefeito de Caxias de ter "prometido emprego para toda a família" do intérprete Wantuir, recém-contratado pela Grande Rio. Wantuir também seria lançado candidato a vereador, segundo Horta, mas isso não aconteceu. Procurada pelo UOL Eleições, a assessoria do peemedebista não se pronunciou a respeito.


A representante de Niterói no Grupo Especial das escolas de samba, Viradouro, também tem candidatos oficiais no município. Marco Lira Jr. (PTB), filho do presidente da agremiação, Marcos Lira, concorre a uma vaga na Câmara Municipal. Em junho, o lançamento da candidatura a prefeito de Rodrigo Neves (PT), também contou com a bateria da Viradouro e com o apoio de Lira, o pai, que é presidente regional do PTB.



Crime Organizado


Para o pesquisador Cezar Faria, o ponto preocupante na mistura de política e carnaval é o envolvimento dos líderes de algumas escolas de samba com o crime organizado, que poderia impor nas comunidades "um projeto político similar ao que tem sido divulgado em relação às milícias".


Em 2007, o presidente de honra da Beija-flor, Aniz Abraão David, mais conhecido como Anísio, foi um dos presos pela Polícia Federal na "Operação Furacão", que investigou casos de formação de quadrilha por bicheiros, magistrados e policiais suspeitos de participar da exploração de jogos ilegais no Rio de Janeiro. O então presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, foi preso sob a mesma acusação.



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