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19/09/2008 - 11h14

No Rio, novos candidatos tentam manter clãs familiares no poder

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro

Pesquisa Ibope divulgada nessa quarta-feira (17) sobre a disputa para a Prefeitura de Campos dos Goytacazes, município com a maior extensão territorial do Rio de Janeiro e maior produtor de petróleo do país, mostra que a família Garotinho pode emplacar dois candidatos nestas eleições.


Segundo a pesquisa, a ex-governadora Rosinha Garotinho (PMDB) permanece tecnicamente empatada com o pedetista Arnaldo Vianna, ainda que tenha obtido uma variação positiva. Ela, que aparece com 41% das intenções de voto, contra 34% de Vianna, é esposa do também ex-governador e presidente do diretório regional do partido, Anthony Garotinho.


Na capital, os Garotinho concorrem também a uma vaga na Câmara Municipal, com a candidatura da filha do casal, Clarissa Garotinho. Nos programas de TV, Clarissa tem o dobro de tempo dos colegas de partido, 10 segundos, e aparece sempre em duas inserções diferentes, ao lado do pai, que lança as propostas da filha.



  • Ricardo Moraes/Folha Imagem

    Clarissa: filha de Rosinha e Garotinho mantém a tradição familiar e sai candidata à vereadora


    A assessoria de imprensa do PMDB não explica como é definida a divisão dos horários de campanha, mas afirmou que é a direção do partido que define as escalas de tempo no rádio e na TV.


    Mas a família do ex-governador, não seria a única com ações claras a fim de se perpetuar na política fluminense.


    No mesmo partido, o vereador candidato à reeleição Chiquinho Brazão vale-se de dobradinha com o irmão Domingos Brazão, deputado estadual em segundo mandato, para conquistar votos. O deputado, porém, não chega a aparecer na TV, ao contrário do Secretário Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Edson Santos (PT), que apresenta e fala no lugar da irmã, Emilia Santos, postulante petista ao posto de vereadora.


    Leonel Brizola Neto aparece no programa eleitoral do PDT apenas com o nome de Brizola Neto, que já foi utilizado por outro membro da família, o deputado federal Carlos Daudt Brizola, no pleito de 2006. No mesmo partido do avô, os dois tentam herdar os votos do ex-governador do estado, que orientou uma corrente política em decadência, o chamada "brizolismo".


    Outro neto que tenta garantir o lugar da família nesta eleição é Pedro Fernandes Neto (DEM), que cortou o "Neto" do nome para adotar a alcunha do avô, Pedro Fernandes, que exerceu dez mandatos como deputado estadual e foi decano da Assembléia Legislativa (Alerj) até sua morte, em 2005. Pedro Fernandes Neto, que já se elegeu deputado estadual como o avô em 2006, concorre como vice-prefeito na chapa de Solange Amaral (DEM). Sua mãe, Rosa Fernandes, tenta o terceiro mandato na Câmara do Rio.


    Para o historiador Bruno de Cerqueira, gestor do Instituto D. Isabel I e especialista em monarcologia e política, o fenômeno da perpetuação político-familiar é "mais antigo do que a própria Política".


    "Esse fenômeno nasce na Grécia Clássica. Contudo, o que os autores de Ciência Política irão definir como suas incongruências, é a oligarquização do poder, ou seja, a gradual passagem das instituições de comando dos 'melhores' - aqueles que, ainda que se dediquem a interesses próprios, colocam acima de si e dos seus o bem comum - para as mãos de núcleos privilegiados (os clãs), voltados exclusivamente aos próprios interesses, em especial os pecuniários. Cabe ao eleitor ficar atento para identificar se são estes os interesses que movem tais famílias atuantes no Rio de Janeiro", explica o historiador.


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