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17/09/2008 - 10h29

Número de indecisos no Rio, em algumas pesquisas, chega quase aos 50%

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro
A pesquisa Ibope divulgada no último dia 12 de setembro aponta uma redução no número de eleitores indecisos no Rio de Janeiro, de 18% para 11%. Entre as maiores capitais do país, no entanto, o índice é alto, só não foi maior do que o de Belo Horizonte, com 20%. Ainda, assim, na pesquisa espontânea, em que o entrevistado deve dizer o nome de seu candidato sem consultar uma lista, os cariocas indecisos ainda somam 43%.

O número é maior do que o alcançado pelo primeiro colocado, Eduardo Paes (PMDB), que chegou a 27% na pesquisa estimulada e teve resultado menor na espontânea. O candidato, porém, minimiza o resultado: "Em espontânea esse número é absolutamente normal. Não há qualquer fenômeno diferente nisso", declarou por meio de sua assessoria.

Ainda, assim, considerada especialmente a última pesquisa do Datafolha, realizada uma semana antes daquela do Ibope, os números ainda são altos: 24% na estimulada e 47% na espontânea. Eles nutrem as esperanças dos candidatos que aparecem num patamar abaixo dos líderes Paes e Marcelo Crivella (PRB), além de significarem certa "descrença" do eleitor, no entender da socióloga Samara Mancebo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

"Uma das variáveis importantes para tentarmos explicar este alto índice de indecisos é descrença não somente em relação aos candidatos atuais, mas ao próprio sistema político. A crença dos cidadãos brasileiros na eficiência das instituições políticas, que sempre foi titubeante, vem esmorecendo progressivamente com as notícias veiculadas diariamente nas diversas mídias, que vão de mensalões a grampos telefônicos, para citar exemplos nacionais. Isso 'mina', a cada dia, a confiança dos cidadãos na eficiência e capacidade do sistema político em resolver as questões a que se propõe", avalia a socióloga.

Essa análise é compartilhada pelo candidato do PV, Fernando Gabeira, para quem "a disputa eleitoral já estreou em um vácuo deixado pelo descontentamento político pré-existente". Para ele, um período mais participativo de pré-campanha diminuiria o alto número de indeciso que se vê a menos de 20 dias das eleições.

"Em primeiro lugar, foi restringida a pré-campanha, inclusive pela Justiça Eleitoral, que impediu jornais de publicarem entrevistas com pré-candidatos. Eu também fui proibido de reproduzir no meu site entrevistas que tinha dado. Daí se vê que a pré-campanha, aqui, é diferente dos Estados Unidos, onde tem até cobertura da TV", analisa Gabeira, que diz tentar se diferenciar dos demais candidatos: "Eu estou fazendo o possível para esclarecer ao eleitor aquilo que está em jogo. Há quem se ache 'síndico' ou 'dona-de-casa', como se os problemas do Rio fossem meramente administrativos. A crise no Rio de Janeiro é profunda e o que a cidade precisa é de um líder político".

Alessandro Molon (PT), também enxerga apatia no eleitorado, mas preferiu restringir-se a exemplos que seriam frustrantes na própria política do Rio:

"A sucessão de casos de políticos envolvidos com contravenções e crimes vem agredindo a população. Os oito anos da era Garotinho foram fartos na produção de casos de corrupção que afloram até hoje. A população mal consegue acompanhar os sucessivos escândalos que brotaram na Alerj. O envolvimento de deputados, vereadores e candidatos com o tráfico e as milícias atemoriza a todos, enfim, esse contexto policial em que a política tem transitado é, provavelmente, o maior responsável pelo desalento que encontramos nas ruas. Isso, indiscutivelmente, se reflete na indecisão verificada pelas pesquisas", aponta o petista.

Falta de debate marca disputa

Já para Jandira Feghali (PCdoB), a responsabilidade pela não-diferenciação dos candidatos na cabeça do eleitor deve-se à falta de debates.

"A campanha no Rio de Janeiro ainda não teve nenhum debate na TV e isso é muito prejudicial para a formação da opinião do eleitor. Ainda mais quando, de repente, todo mundo é Lula desde pequenininho e alguns candidatos fazem campanhas milionárias para conquistar eleitores. Pesquisas qualitativas indicam que muitos eleitores não conseguem identificar o que distingue um candidato do outro. Daí eles fugirem dos debates!", ataca a comunista.

"Não é por acaso que a diretora do Ibope, Márcia Cavallari, diz que não arrisca palpite para o segundo turno", conclui Jandira, que acredita na conquista dos indecisos para levá-la ao 2º turno, mesma aposta da candidata da situação, Solange Amaral (DEM). "O número dos que ainda não sabem em quem votar é alto. Tenho toda a condição de estar no 2º turno e vencer", aposta a democrata.

Em seu ex-blog, nessa terça-feira (16), o prefeito Cesar Maia chamou de "fluxos tardianos" o hábito carioca de decidir o voto nos últimos dias da eleição. O prefeito citou disputas anteriores para a prefeitura, como a de 1992, na qual o Ibope apontou segundo turno entre o próprio Maia e a então candidata Cidinha Campos, que, na apuração, acabou fora e cedeu a vaga para Benedita da Silva.

Segundo o Ibope são as mulheres e as pessoas com escolaridade até a 4ª série os mais indecisos. Respectivamente 13% e 16% dos componentes desses grupos ainda não escolheram seus candidatos.

"Com a apresentação das propostas e dependendo das reações dos candidatos diante de seus opositores num possível debate, uma parcela substancial dos indecisos deve fazer sua opção. No momento, podemos apenas lançar mão do óbvio, de que os eleitores indecisos decidirão a votação para prefeito no Rio de Janeiro", crê a socióloga Samara Mancebo.

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